O Dia dos Namorados, comemorado em 12 de junho no Brasil, é uma data que costuma mexer com as emoções de alguns, especialmente daqueles que não tem alguém para chamar de “amor”. Porém, segundo especialistas, é preciso considerar que, muitas vezes, é melhor estar só do que em um relacionamento tóxico ou abusivo.

É válida aquela frase que diz ‘melhor só do que mal acompanhado’, pois quando o relacionamento não é saudável, ele não contribui para a vida da pessoa, apenas ajuda a prejudicar sua autoestima”, diz Danilo Suassuna, doutor em psicologia e diretor do Instituto Suassuna.

Segundo o doutor em psicologia, um relacionamento tóxico é aquele em que não há apoio mútuo e mina a autoestima do parceiro ou parceira. “É um relacionamento em que, no lugar de te levantar e te deixar feliz, te faz sentir triste e culpado na maior parte do tempo”, explica.

Alguns sinais de um relacionamento tóxico podem incluir comportamento controlador, falta de respeito, são críticas constantes. ciúmes excessivo, violência verbal ou física e manipulação emocional.

Normalmente ele tenta ditar as escolhas, faz chantagem emocional e critica o tempo todo. Outro sinal é que esse tipo de relacionamento geralmente deixa a pessoa cansada emocionalmente, ansiosa ou até deprimida. Isso sem falar em relações em que há violência física. Neste caso é ainda mais grave”, alerta Danilo Suassuna.

De acordo com o especialista, o primeiro amor que deve ser agradado no Dia dos Namorados é a própria pessoa. “Quem não estiver namorando, pode fazer da data algo especial dedicando algum tempo para si mesmo e fazendo algo que goste. Que tal pedir uma comida especial ou marcar uma massagem, por exemplo? É mais válido cuidar e investir em si mesmo do que estar envolvido com alguém tóxico apenas para não ficar sozinho”, orienta.

Entenda como a sua relação pode impactar sua saúde

Enquanto os relacionamentos saudáveis ajudam na autoestima, felicidade e bem-estar, os relacionamentos tóxicos podem causar consequências negativas para o corpo e mente

Estar em um relacionamento pode trazer uma série de benefícios para a vida de uma pessoa. As relações, quando saudáveis, ajudam na construção da autoestima, conexão emocional, empatia e criatividade, além, é claro, de proporcionar alegria e outros sentimentos benéficos para a saúde.

As relações sadias também impactam positivamente na comunicação, uma vez que se entende que o vínculo afetivo proporciona espaços para diálogo, opiniões, expressão de emoções e negociações para resolver possíveis problemas do dia a dia de um casal.

Em um relacionamento saudável, busca-se uma série de potencialidades, como o respeito, confiança, autonomia, carinho, atenção e liberdade. É importante destacar que esses elementos não excluem a ocorrência de conflitos ou discussões. No entanto, quando tais situações surgem, existem conversas com o intuito de solucionar os problemas da melhor forma possível”, afirma Ligia Kaori Matsumoto, psicóloga do Hospital Dia M’Boi Mirim I.

De fato, relacionar-se proporciona vantagens tanto no âmbito mental quanto físico. Isso ocorre porque as conexões amorosas também liberam diferentes hormônios no corpo, como ocitocina, vasopressina e endorfina, que promovem sensações de bem-estar e ajudam a combater o estresse.
As trocas saudáveis entre parceiros contribuem ainda para a imunidade do organismo e para a saúde do coração, podendo ajudar a aumentar a expectativa de vida e reduzir as chances de desenvolver depressão, por exemplo.

Relações tóxicas e seus impactos negativos

Por outro lado, estar envolvido em um relacionamento com níveis de toxicidade pode ter consequências extremamente negativas na vida de uma pessoa, pois nesse tipo de vínculo são comuns comportamentos abusivos, falta de respeito, manipulação e controle excessivo.

De acordo com a psicóloga, qualquer pessoa pode ser vítima de uma relação abusiva e muitas vezes nem perceber. “Um bom termômetro que pode indicar que algo não está bem é que a qualidade de uma relação não pode ser avaliada pelos momentos de exceção, mas sim pela rotina”, enfatiza.

A profissional explica ainda que esses abusos podem ocorrer de forma verbal, física, emocional e sexual. Portanto, alguns sinais não devem ser normalizados, mas sim vistos como indícios de que algo está errado.

É preciso estar atento quando surgem humilhações, mesmo que sejam disfarçadas de ‘brincadeiras’. Outro alerta é quando ocorre o afastamento de amigos e familiares por solicitação de uma das partes do relacionamento. Além disso, também requer atenção quando são impostas mudanças no comportamento, insinuando que trarão benefícios para o bem-estar ou aparência, e quando há atitudes de superproteção que desvalorizam a vítima e retiram sua autonomia e poder de decisão”, relata Ligia.

Nesse tipo de relação a autoestima acaba sendo prejudicada devido às frequentes críticas e desvalorização. A confiança e o respeito são substituídos por desconfiança e ciúmes excessivos. Já a criatividade e a alegria são reprimidas pela negatividade e pelo estresse emocional. A comunicação também é afetada, já que não há espaço para o diálogo, tornando-se comum as manipulações e os jogos de poder.

A exposição prolongada a um relacionamento tóxico também pode aumentar o risco de desenvolver doenças mentais, como ansiedade e depressão, além de causar sintomas físicos como insônia, dores de cabeça, distúrbios alimentares e mal-estar.

Em síntese, enquanto um relacionamento saudável pode ter impactos bastante positivos na vida de uma pessoa, o relacionamento tóxico acaba por ter efeitos destrutivos. Por essa razão, é de extrema importância buscar apoio emocional em pessoas de confiança e, se necessário, contar com a ajuda profissional.

Baixa autoestima e crenças limitadoras impedem pessoas de se libertarem

É preciso se livrar de estigmas que nos limitam para buscar uma relação realmente saudável

Os relacionamentos desempenham um papel crucial em nossas vidas, trazendo alegria, apoio e crescimento pessoal. No entanto, nem sempre é fácil mantê-los saudáveis e harmoniosos. Problemas podem surgir devido a uma série de razões, como falta de comunicação, expectativas não correspondidas e conflitos de interesse. Quando esses problemas persistem, podem levar ao distanciamento emocional e, até mesmo, ao rompimento.

Felizmente, existem abordagens que podem nos ajudar a superar esses desafios e cultivar relacionamentos positivos. Uma delas é a Lei da Atração, princípio que afirma que nossos pensamentos e emoções têm o poder de atrair experiências semelhantes para nossas vidas. Ao entender e aplicar esses princípios, é possível transformar padrões negativos e criar conexões mais saudáveis e gratificantes.

De acordo com William Sanches, terapeuta, escritor, especialista em comportamento humano e programação neurolinguística, a chegada do dia dos namorados é um momento interessante para fazer algumas reflexões em relação a padrões em relacionamentos.

É comum que pessoas terminem seus relacionamentos e, após algum tempo, iniciam uma nova relação que conta exatamente com os mesmos problemas da anterior. Com isso, conseguimos perceber que muitos de nós repetimos padrões mentais daquilo o que acreditamos que merecemos, atraindo sempre as mesmas vibrações”, revela.

O especialista acredita que isso evidencia a falta de autoestima das pessoas. “Quando alguém não tem uma boa autoestima, irá acreditar que merece se relacionar com um par que não é exatamente o que ela gostaria”.

Ele lembra do conceito chamado ‘A Teoria das Janelas Quebradas’, que se originou após indivíduos perceberem que um prédio em Nova Iorque que tinha diversas janelas quebradas, a cada dia, contava com mais vidros despedaçados.  Com isso, psicólogos que deram início à teoria perceberam que as construções arrumadas e bem cuidadas não eram atacadas com pedras ou madeiras.

Enquanto isso, os edifícios que estavam caindo aos pedaços, eram comumente depredados pelas pessoas. Ou seja, quando as coisas estão muito ruins, tendem a ficar ainda piores com o tempo”, declara.

Para Sanches, estereótipos enraizados podem causar crenças limitadoras capazes de fazer com que as pessoas sigam repetindo os mesmos padrões. “Pensar que nenhum homem quer um relacionamento sério, mulheres são interesseiras e outras coisas nesse sentido só trará consequências negativas. Quanto mais acreditamos nessas afirmações, mais isso será replicado no mundo. Essas crenças que costumam nos atrapalhar devem ser trabalhadas com o poder da nossa própria mente”, pontua.

O terapeuta acredita que muitos desses problemas para desenvolver um relacionamento podem vir da infância, vendo uma relação problemática entre os próprios pais. “Na escola, não aprendemos a nos relacionar. Não existe um curso de relacionamento para que as coisas sejam mais fáceis. Aprendemos ao longo da vida, quebrando a cara e batendo a cabeça até entender o que é bom e o que é ruim. Para isso, precisamos aprender, evoluir e entender que todos somos diferentes. Quando nos livrarmos dessas crenças e estigmas que nos limitam, poderemos buscar uma relação saudável sem medo de ficarmos presos em um relacionamento que não traz boas vibrações para nossa vida”, finaliza.

Educar crianças e adolescentes seria a solução? 

Para a professora Marcela Jardim (@falaseriotia), sexóloga, educadora sexual e psicanalista, que atua em escolas com o projeto de educação sexual para crianças e adolescentes, é importante que se tenha um bom entendimento de si mesmo, incluindo seus valores, limites e necessidades. Quanto mais você se conhecer mais fácil será reconhecer sinais de alerta em um relacionamento e tomar decisões mais conscientes.

Aqui acredito que possamos falar sobre consentimentos também. Falar sobre educação sexual com crianças e adolescentes é falar sobre respeito, limites, escuta, afeto e autocuidado. É ensinar sobre relacionamentos saudáveis. Quando meninos e meninas crescem sem entender o que é consentimento, sem aprender a lidar com suas emoções e frustrações, há o risco de se tornarem homens e mulheres que ferem — emocional, verbal ou fisicamente. Quando meninas não são ensinadas a reconhecer sinais de abuso ou a confiar em sua própria intuição, podem normalizar relações que machucam”.

Por isso, educação sexual é também saúde mental. Previne abusos, fortalece a autoestima e ensina a construir vínculos saudáveis — com o outro e consigo mesmo. De acordo com ela, não estamos falando só de namoro. Quando falamos de relacionamentos, falamos de relações com amigos, com a família, com professores, com o mundo. Ensinar a se relacionar é ensinar a viver. “Educar para o afeto é um ato de cuidado coletivo. Começa cedo — em casa, na escola, nas conversas do dia a dia. E pode mudar toda uma geração”.

Estratégias para evitar relacionamentos tóxicos

  • Tenha um bom entendimento de si mesmo, incluindo seus valores, limites e necessidades.
  • Quanto mais você se conhecer mais fácil será reconhecer sinais de alerta em um relacionamento e tomar decisões mais conscientes.
  • Mantenha-se conectado com amigos e família.
  • Defina padrões saudáveis para o tipo de relacionamento que você deseja ter.
  • Não aceite comportamentos abusivos e construa limites claros e expectativas realistas com o parceiro.

Para Suassuna,  um relacionamento deve ser leve, com muito diálogo, confiança e respeito entre os parceiros. “Essa é a relação que vale manter e comemorar no Dia dos Namorados. Caso contrário,  é melhor entender que é mais válido estar sozinho e comemorar o respeito a si mesmo, aproveitando a data para fazer algo que goste ou para se dar um presente”, finaliza.

Com Assessorias

 

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