Amamentar ou não amamentar? Eis a questão. Muitas mulheres, antes mesmo de ter filhos, tomam uma “decisão”. Outras. não conseguem amamentar por questões diversas. Mas o fato é que aumenta cada vez mais o número de mães que se dedicam à alimentação exclusiva do leite materno pelo menos nos seis primeiros meses de vida do bebê. Muitas, porém, se sentem pressionadas
A Semana Mundial de Aleitamento Materno 2017, de 1 a 7 de agosto, que tem como tema central: Amamentar. Ninguém pode fazer por você. Todos podem fazer junto com você, celebra o trabalho em conjunto para o bem comum, que produz resultados sustentáveis, maior que a soma de nossos esforços individuais.
E como ajudar as grávidas e mães de primeira viagem? Não atrapalhar, não julgar e não condenar já ajuda muito. Aimee Grant, pesquisadora do Center for Trials Research da Universidade de Cardiff, afirma que as mulheres grávidas e mães de primeira viagem de hoje se sentem julgadas por familiares, amigos e estranhos.
Se você não pergunta às pessoas o que eles irão almoçar, entenda que também não é apropriado que elas façam sugestões sobre como você deve alimentar seu bebê”, destaca Grant, que emitiu essas recomendações após realizar um estudo e constatar que a “vigilância comunitária” sobre as mulheres grávidas e sobre a alimentação dos bebês aumentou significativamente.
No estudo, publicado no jornal Families Relationships and Society, os pesquisadores entrevistaram pares de mães-avós e descobriram que o julgamento público a respeito das mulheres aumentou entre as gerações. Os seis pares de mães-avós eram de áreas urbanas desfavorecidas do sul do País de Gales.
Essas áreas foram selecionadas devido às baixas taxas de amamentação e às altas taxas de intervenção de saúde pública. Os filhos mais novos das mães tinham entre seis semanas e 25 meses. As próprias mães tinham entre 22 e 43 anos, e as avós entre 42 e 74 anos.
Muitas das novas mães relataram que se sentiram vigiadas, avaliadas e julgadas, e algumas relataram a experiência de serem questionadas por estranhos sobre suas escolhas durante a gravidez e sobre a alimentação de seus bebês. As participantes também relataram uma série de pressões para alimentar seus bebês de maneiras particulares, incluindo um desejo geral de amamentar, em oposição ao uso de fórmulas para lactentes”, afirma o pediatra Moises Chencinski, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
As novas mães também relataram que a forma mais desafiadora de vigilância era a de estranhos, pois elas eram menos capazes de controlá-la. Uma delas contou uma visita a um café onde o garçom agiu “como um policial da alimentação”, recusando-se a servir-lhe o chá da tarde que ela havia encomendado por causa de sua “grande barriga”, mostrando que ela estava grávida. Durante sua entrevista, essa mãe disse que sentia como sua gravidez fosse “propriedade de todos”.
Uma das mães compartilhou comentários de familiares sobre a frequência das mamadas do seu bebê e admitiu que ela própria passou a questionar sua habilidade de amamentá-lo corretamente. Outra relatou que um parente havia lhe dito que ela não poderia beber álcool em uma saída noturna porque ela estava amamentando. Ela sentiu que essa intervenção era “intrusiva e rude”, pois já havia conversado com seu médico sobre como ela poderia amamentar seu bebê com segurança e beber álcool.
Grant, que liderou a pesquisa, observa: “as mães em nosso estudo descreveram como esse policiamento intrusivo nas escolhas de estilo de vida começou na gravidez e depois continuou a impactar suas vidas cotidianas, principalmente no que se refere à alimentação infantil”. “Esta vigilância e estas interferências podem resultar em mulheres grávidas e novas mães que realizam uma maternidade menos consciente, o que torna difícil seguir as recomendações e conselhos dos profissionais de saúde. Para apoiar o aleitamento é preciso também não julgar e não condenar as mães”, diz o pediatra, autor do blog #EuApoioLeiteMaterno.
Sobre a Semana
A Semana Mundial de Aleitamento Materno é comemorada de 1º a 7 de agosto em mais de 150 países, desde 1992, como iniciativa da Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (Waba – World Alliance for Breastfeeding Action), ONG constituída por uma rede mundial de indivíduos e organizações empenhadas na proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno como um direito de mães e crianças, independente de raça, credo ou nacionalidade. Em 2017, o tema será “Trabalhar juntos para o bem comum”.
A semana tem, entre os objetivos, salientar a importância do aleitamento materno, tanto para os bebês quanto para a saúde das mães. Dados mostram que crianças que são amamentadas por mais tempo têm melhor desenvolvimento intelectual – um aumento médio de 3 pontos no QI. Além disso, a cada ano que uma mãe amamenta, o risco de desenvolvimento de câncer de mama invasivo é reduzido em 6%. E o bebê também segue mais protegido de infecções, diarreias e alergias.