Entre muitos eventos anuais que são tradições, existe um que poucas pessoas prestam atenção por acharem que é coincidência: o fim dos relacionamentos  conjugais no mês de agosto. Anualmente, casais famosos e anônimos encerram ciclos da vida a dois durante o oitavo mês do ano. O que parece só uma superstição boba faz sentido quando se analisam alguns dados sobre separação.

Em agosto de 2023, a busca pelo termo “divórcio” apresentou um percentual de 72%, enquanto no mesmo período do ano anterior apresentou 68%, ainda um valor alto em relação aos outros meses do ano. Segundo a amostra mais recente do IBGE, do ano de 2021, o número de divórcios judiciais concedidos em primeira instância ou por escrituras extrajudiciais chegou a 386,8 mil, com aumento de 16,8% em comparação a 2020.

O motivo para o fim dos casamentos no mês de agosto parece contra-intuitivo; as férias, o período mais esperado do ano, é o que pode trazer mais problemas para um relacionamento. Um estudo da Universidade de Washington, com uma amostra significativa de 11 anos, e o resultado apresenta as razões de agosto e maio, serem os meses do fim dos relacionamentos. O período analisado corresponde à época das férias de verão e inverno na América do Norte, neste fato está o problema.

Os casais com problemas enxergam na época de férias a chance de salvar o relacionamento, pois é um período que costuma ser mais leve, longe das obrigações do trabalho e da rotina, fazendo com que fiquem mais abertos a relevar problemas do passado e buscam se reconectar.

O período de férias aumenta a convivência entre os dois; por estarem com mais tempo para dedicar um ao outro, planejam atividades juntos. E é nesse momento que tudo pode mudar para o bem do casal, desde que as energias estejam equilibradas, os dois podem se reconectar e reencontrar a felicidade ao invés de partirem para o divórcio.

Algumas pessoas que usam todo o período de férias para dar uma última chance ao relacionamento, podem acabar desacreditadas e frustradas quando a oportunidade de se reconectar com o parceiro não funciona. Isso coincide com o fim do período de férias, fazendo com que o pico das separações aconteça nos meses de março e agosto.

O motivo é a volta à rotina. Os comportamentos tendem a se alterar, as preocupações voltam e a abertura para reencontrar que havia no mês anterior fica cada vez mais longe do alcance. A sensação de normalidade, sem esquecer que metade do ano já se passou, cria o contexto para algumas pessoas sentirem necessidade de recomeçar a vida em outro momento, aumentando o número de divórcios.

Estar em um relacionamento é uma atividade que requer manutenção constante em diversos campos, emocional, físico e espiritual. Para o espiritualista Maicon Paiva, fundador da Casa de Apoio Espaço Recomeçar, o motivo pelo qual agosto é conhecido como o mês do fim dos relacionamentos tem a ver com o acúmulo de energia dos eventos astrais que aconteceram no primeiro semestre, que podem balançar as duas pessoas, facilitando a separação.

Da mesma forma que devemos cuidar do nosso corpo com frequência, no campo espiritual é a mesma coisa. Todos os casais encaram o começo do ano como um novo capítulo na vida a dois, mas depois de 6 meses, muitas coisas mudam, pois são muitas páginas novas escritas nessa história, e durante os dias, as energias se acumulam, podendo causar desequilíbrio quando o casal está junto”, analisa.

Mas não são todos os casais que esperam oito meses para tomar uma decisão, segundo dados do Colégio Notarial do Brasil, que reúne mais de 9 mil tabeliães, o primeiro semestre de 2022 registrou mais de 17 mil divórcios.

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Poucas pessoas se casam em agosto com medo da separação

Não à toa o mês de agosto é uma das épocas mais baratas para se casar, de acordo com o iCasei, especializado em lista de casamento. Ao lado de junho e julho, o mês de agosto coincide com o inverno. Além das baixas temperaturas, há a superstição de agosto ser o “mês do desgosto”, afastando os casais desse período e resultando em serviços mais baratos por parte dos fornecedores em razão da baixa demanda”, afirma a editora de conteúdo do iCasei, Fernanda Cruz.

Também são pouco procurados para as cerimônias de casamento os meses de janeiro e fevereiro – alta temporada de verão e Carnaval no Brasil. E a especialista explica o porquê. “No início do ano (janeiro e fevereiro) há resquícios do acúmulo de gastos das festas de dezembro e despesas com férias, impostos (IPTU, IPVA), materiais escolares, entre outras, que acabam comprometendo o bolso das pessoas e a procura dos casais pelos casamentos”, explica.

Dias mais quentes são mais procurados por casais que buscam uma cerimônia ao ar livre (Foto: Thiago Alves)

Além disso, o Carnaval também eleva os custos de lua de mel. “Os noivos precisam colocar na balança se compensa economizar na cerimônia para investir mais na viagem nupcial”, reforça. Já os meses mais caros para casar estão março, abril, maio, setembro e outubro, que apresentam dias mais quentes, ideais para celebrações ao ar livre, como praia, e para os casais que planejam a lua de mel em rotas paradisíacas.

Mas esse comportamento pode variar. Na pandemia, por exemplo, houve um acúmulo de eventos, e as datas ficaram mais concorridas, ou seja, os casais tiveram que se adaptar”, conta Fernanda, ao lembrar que planejar um casamento é uma tarefa que demanda muito dos noivos.

Esta programação toda revela como a celebração será montada e qual será o investimento necessário para que o tão sonhado dia seja perfeito. Para o casal que busca economizar, apostar em meses menos concorridos pode ser uma boa opção de redução de custos”, recomenda.

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