Nos últimos dias, o debate sobre exposição e sexualização precoce de crianças nas redes sociais ganhou força após a publicação de um vídeo do youtuber Felca. A denúncia reacendeu o debate sobre a adultização infantil – processo em que crianças passam a adotar comportamentos, linguagens e estéticas típicas do mundo adulto, muitas vezes incentivadas por redes sociais, programas de TV, publicidade ou até mesmo pelo ambiente familiar.
O vídeo, no qual expôs relatos de abuso e situações de “adultização” vividas na infância, traz à tona um debate urgente sobre os impactos emocionais e psicológicos desse tipo de vivência. A repercussão foi imediata: perfis derrubados, investigações reforçadas, mobilização de autoridades e, sobretudo, milhares de pessoas discutindo um problema que muitas vezes é normalizado no dia a dia digital.
O caso mais emblemático citado por Felca envolve o influenciador Hytalo Santos, alvo de denúncias por exploração de menores. A gravidade do conteúdo e a mobilização popular levaram até a Câmara dos Deputados a pautar projetos sobre a presença de crianças nas redes sociais. A recente denúncia envolve conteúdos de conotação sexual associados a crianças e adolescentes.
O alerta não é novo. Pesquisadores e organizações já alertam sobre os danos da exposição precoce nas redes sociais. De acordo com estudo da American Psychological Association (APA), a sexualização precoce está associada a maiores índices de ansiedade, depressão e distorção da autoimagem. Nos EUA, há décadas concursos de “pequenas misses” geram polêmica pela pressão estética e pela antecipação de padrões adultos na infância.
A exposição precoce de crianças a contextos, responsabilidades e conteúdos próprios da vida adulta (seja por pressões familiares, sociais ou pela influência digital), além de configurar crimes em diversas instâncias, pode deixar marcas profundas, gerando traumas que se manifestam ao longo de toda a vida”, diz o psicólogo Gabriel Banzato, do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP).
Os riscos de expor crianças a temas e comportamentos adultos
O psicólogo parental Filipe Colombini alerta que, a longo prazo, essa exposição precoce pode trazer sérios prejuízos. Entre eles:
- Distorção da autoimagem e da autoestima: a criança pode crescer se autoavaliando por padrões estéticos e comportamentais irreais, o que gera insegurança e baixa autoconfiança.
- Prejuízo no desenvolvimento emocional: ao pular etapas naturais da infância, a criança perde experiências fundamentais para maturar habilidades sociais e emocionais.
- Vulnerabilidade a abusos: a normalização de comportamentos adultos pode confundir limites e facilitar situações de risco.
- Dificuldade de estabelecer relações saudáveis: na vida adulta, podem surgir problemas de intimidade, confiança e respeito aos próprios limites.
- Ansiedade e depressão: a pressão para corresponder a expectativas e papéis adultos aumenta a probabilidade de transtornos mentais ao longo da vida.
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5 dicas úteis para que cada um faça a sua parte
Segundo o terapeuta Paulo Dorta, criador do método Sintonia Quântica, o fenômeno da adultização, quando crianças ou adolescentes são expostos a comportamentos, linguagens e estéticas próprias da vida adulta antes do tempo, vai além dos impactos visíveis.
No plano psicológico e emocional, isso afeta autoestima, identidade e pode gerar traumas profundos, principalmente quando a criança perde a atenção da mídia e entra no ostracismo. No plano energético, compromete a estrutura vibracional, especialmente os chakras básico e sexual, que deveriam estar ancorando segurança, criatividade e alegria simples, não precocidade sexualizada”, explica.
Para Dorta, proteger a infância é um dever coletivo. Ele traz cinco dicas úteis para que cada um faça a sua parte.
- Acompanhe o conteúdo consumido pelas crianças e saiba quais redes sociais, jogos e aplicativos elas usam.
- Estabeleça limites de tempo de tela: a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda no máximo 2 horas por dia para crianças acima de 6 anos.
- Converse sobre corpo, respeito e privacidade, independentemente de crenças religiosas ou opiniões políticas.
- Ofereça momentos de conexão afetiva de qualidade com a criança: mesmo 5 minutos de atenção plena por dia fortalecem a segurança emocional.
- Evite músicas, filmes e imagens com estímulo sexualizado, ensinando a criança a identificar quando algo “não faz bem” para sua energia.
Cada vez que você denuncia um perfil, compartilha informação responsável ou orienta outros pais, você contribui para um campo vibracional mais limpo e seguro. A energia que protegemos hoje é o futuro que viveremos amanhã”, conclui Dorta.
Com Assessorias