Esta semana, um alerta veio dos Estados Unidos: o cirurgião-geral do país defendeu a aprovação, pelo Congresso americano, da criação de rótulos pelas big techs para alertar sobre os danos das redes sociais para a saúde mental de crianças e adolescentes. Por aqui, o problema vem tirando o sono de muitos pais. educadores e especialistas.
A última pesquisa do Panorama Mobile Time/ Opinion Box apontou que 79% das crianças brasileiras de 0 a 12 anos passam, em média, três horas e 53 minutos por dia usando o celular, sendo que 44% delas têm seu próprio telefone, enquanto 35% utilizam o aparelho dos pais.
O tempo médio de uso diário começa em duas horas e 56 minutos por crianças de 0 a 3 anos de idade. Passa para três horas e 17 minutos na faixa etária entre 4 a 6 anos, e para três horas e 29 minutos pelos que têm de 7 a 9 anos, até chegar a quatro horas e 46 minutos de utilização pelas crianças de 10 a 12 anos.
O período de uso está muito além do recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Segundo a instituição, crianças com idade entre 2 e 5 anos devem usar celulares e tablets por, no máximo, uma hora diária. Entre 6 e 10 anos, o tempo permitido sobe para duas horas por dia. Após os 10 anos, a recomendação é de até três horas diárias.
Muito já se divulgou sobre os efeitos danosos do excesso de tela na saúde mental não apenas de crianças e adolescentes, como também dos adultos. É importante lembrar que a estimulação gerada pelas telas ativa o sistema límbico no cérebro, região que envolve as emoções e o mecanismo de ganho e recompensa.
Este efeito acaba sendo registrado pelo cérebro da criança, que associa as telas ao estímulo positivo, a um meio de combater o tédio e proporcionar bem-estar. Ao desligar o aparelho, a criança olha ao redor e não encontra nada compatível à torrente sensorial que as telas oferecem.
6 dicas para estimular a criança fora das telas
A correria e impaciência do dia a dia levam muitos pais a esquecerem que há várias outras maneiras de estimular a criança, e de forma mais saudável, tanto para a mente como para o corpo. Para incentivar seu filho a se desligar do universo digital e vivenciar o mundo real, confira algumas dicas importantes:
1. Deixe a criança entediada: Permita que ela mesma busque a estimulação que seu cérebro precisa. Se notar dificuldade, invente uma atividade com ela. Aos poucos, vá deixando que ela brinque sozinha, evitando criar uma dependência da sua presença.
2. Invista mais nos passeios: Saia de casa mais vezes com seu filho. Leve-o ao parquinho do condomínio, onde ele poderá se exercitar e brincar com outras crianças, o que é fundamental para sua sociabilização. Promova também passeios ao zoológico, peças teatrais infantis ou piqueniques em parques.
3. Aposte nos livros: A leitura, que auxilia no desenvolvimento cognitivo, socioemocional e cultural, deve ser introduzida junto com os demais brinquedos como mais um objeto de prazer e de exploração do mundo.
4. Participe da leitura: Caso seu filho não demonstre entusiasmo pelos livros, leia com ele. Além de ser uma oportunidade de estarem juntos, você pode ajudar a criança a desenvolver linguagem, compreensão, imaginação, criatividade, entre outras habilidades que os livros podem proporcionar.
5. Use o bom senso: a prática das dicas deve ser conduzida de acordo com a idade e maturidade do seu filho. Se ele ainda não souber ler, por exemplo, aposte em livros ilustrativos, interativos ou de colorir.
6. Seja firme – É possível que algumas crianças não respondam bem às regras sobre o uso das telas. Daí a importância de ter paciência e firmeza, não deixando se levar por manhas ou chantagens. Na realidade, será a intensidade e frequência de protesto por parte da criança que mostrará o quanto essa intervenção é necessária.
O mais importante é que este processo seja natural e que a criança perceba que as mudanças propostas são positivas. Se for preciso, não hesite em buscar ajuda de um especialista.