Você conhece a Teoria do Elo, que aponta a ligação entre abuso infantil, violência doméstica e crueldade contra animais? Publicada em 2012 pelos professores Frank Ascione e Phil Arkow, a teoria confirma cientificamente essa relação, que já vinha sendo estudada há décadas. Agora, é usada para inspirar a campanha “Quebre o Elo”, com o objetivo de coibir a violência contra os animais.
A iniciativa do instituto Ampara Animal foi lançada nas redes sociais com base em dados de estudos que comprovam a relação que este comportamento tem com a violência humana e vice-versa. A campanha contará com uma exposição em São Paulo, em local ainda a ser definido.
Pesquisas de diversas entidades, divulgadas pela Associação Amigos Defensores dos Animais e do Meio Ambiente (AADAMA) revelam, em números muito expressivos, a relação de violência comprovada pela Teoria do Elo, como:
• 71% das mulheres vítimas de violência doméstica e que tinham animais de estimação alegaram que parceiros ameaçaram, mataram ou feriram os animais da família;
• 88% das famílias nas quais ocorreram crueldade contra animais, registram abusos físicos contra as crianças;
• 52,5% das mulheres vítimas de abuso reportou que o cônjuge havia ameaçado, ferido ou assassinado seu animal de companhia (Ascione – 2007);
• O abuso de animais foi encontrado em 88% dos lares sob investigação por abuso físico infantil (DeViney, E.Dickert,J., & Lockwood. – 1983);
• 50% das mulheres albergadas reportaram que seu parceiro havia ameaçado e/ou ferido seu animal, destas, 26,8% relataram que sua preocupação pelo bem-estar de seus animais havia afetado sua decisão de sair da situação de violência doméstica, colocando em risco sua própria integridade (Faver & Strand-2003);
• 1/3 dos autuados por violência contra animal têm outras passagens pela polícia (Cel. Marcelo Robis-2013);
• 50% dos registros são crimes contra pessoas (Cel. Marcelo Robis-2013).
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Segundo Juliana Camargo, presidente e fundadora da Ampara Animal, entre os objetivos principais da campanha Quebre o Elo, destaca-se a importância de levar o abuso contra animais tão a sério quanto os crimes contra humanos, para a proteção de ambos; comprovar que onde há violência contra animais há risco de violência e abuso contra mulheres e crianças.
Ainda de acordo com ela, é preciso alertar para o fato de que a violência contra animais pode predizer que o agressor seja violento contra pessoas no futuro; apontar que a violência contra animais podes ser usada como coerção a mulheres crianças e idosos, buscando evitar que essas pessoas denunciem ou saiam da relação abusiva; e comprovar que permitir e aceitar o abuso contra animais banaliza a violência e a torna possível em todas as esferas.
“É muito importante que as pessoas entendam e identifiquem o link entre a violência contra animais e pessoas como perfil dos agressores, e que este também seja um alerta para veterinários e cuidadores, que a partir da percepção de atos de violência contra os animais possam denunciar os agressores e, possivelmente, salvar vidas humanas”, ressalta Juliana.
As ações da campanha Quebre o Elo
As peças da campanha “Quebre o Elo” trazem imagens e mensagens fortes, cumprindo o objetivo da Ampara Animal de alertar a sociedade para uma realidade que é ainda mais chocante.
“A violência é uma só. Se o animal está sofrendo maus-tratos é bem provável que outros membros da família também estejam. Denunciando maus tratos contra animais estamos salvando vidas humanas”, finaliza Juliana.
Um vídeo lançado em parceria com a produtora Amithiva terá continuidade com outras ações que serão também amplamente divulgadas nas redes sociais, espaços públicos e na página oficial que conta com informações relevantes, dados oficiais e indicações para denúncia dos casos de maus tratos.
Em uma segunda fase, o Instituto pretende protocolar junto aos órgãos públicos Federais e/ou Estaduais propostas de criação de códigos de ocorrência para maus-tratos aos animais no Sistema de Notificação das Polícias Civis, no intuito de melhorar a recepção, investigação e o cruzamento das informações referentes aos crimes contra animais e pessoas.
Está prevista também a criação de ferramentas de inovação, como APPs, botões de denúncia e páginas com estatísticas, para facilitar as denúncias e os trabalhos de investigação policial.
Projeto cria cadeiras de rodas para pets
De acordo com uma pesquisa do Instituto Pet Brasil (IBP), o país tem cerca de 185 mil animais abandonados ou resgatados após maus–tratos. Quando se trata de cães e gatos que possuem alguma deficiência, esse número pode dobrar. O projeto InformaCão, iniciativa do Centro Universitário Newton Paiva, tem como uma de suas atividades o desenvolvimento de cadeiras de rodas e próteses para animais com tutores de baixa renda. Isso diminui o número de abandono e melhora a qualidade de vida dos bichinhos.
Segundo Leonardo de Rego Nery Alves, idealizador do projeto, tudo começou por meio de uma atividade feita com os alunos da primeira turma da veterinária (2015). “Após passar por transformações, o InformaCão atua hoje também com outras duas formas de trabalho: atendimento veterinário para tutores carentes financeiramente e terapia assistida de pessoas com apoio de animais”, explica.
Em 2021, o projeto iniciou o banco de dados e, mesmo sendo um ano de pandemia, conseguiu realizar 31 atendimentos. Além disso, foram produzidos 10 abrigos a partir de caixas de leite e de suco descartadas e três cadeiras de rodas. Por sua vez, no ano seguinte foram atendidos 50 animais, sendo quatro destes cadeirantes.
O público alvo do InformaCão é a sociedade como um todo, dando preferência para tutores menos favorecidos financeiramente. “Procuramos diminuir o abandono de animais e ajudá-los a ter uma vida mais saudável”, conta. Além disso, os cidadãos acolhidos em instituições podem realizar terapia e receber cuidados multiprofissionais dentro de uma proposta em Saúde Integrada.
Com Assessorias