Neste 23 de janeiro, Dia Mundial da Medicina Integrativa, prática médica que pensa na saúde de forma mais complementar, focada na prevenção de doenças e na promoção do equilíbrio entre saúde do corpo e da mente, especialistas nessa abordagem alertam para a importância de começar um novo ano colocando a saúde em primeiro lugar.
Essa época do ano é vista como uma oportunidade para colocar os planos em prática, testar coisas novas e cumprir as promessas pendentes da virada anterior. Uma das metas mais comuns é cuidar mais de si por inteiro, tanto da saúde física, quanto da mental. Afinal, se antes da pandemia, o ritmo frenético em que a levávamos a vida já era razão para o burnout e as crises de ansiedade, hoje, na era pós-covid, a necessidade de buscar alternativas para estar em equilíbrio tornou-se ainda maior.
De acordo com a nutróloga Esthela Oliveira, a medicina integrativa é um método guiado pelo conceito “mente sã, corpo são” e tem um papel importante na prevenção de doenças, pois foca nas raízes de um problema e não apenas nos sintomas físicos, ou irregularidades em exames diagnósticos. Apesar da sua complexidade, muitas de suas estratégias para auxiliar um paciente a alcançar o verdadeiro bem-estar e autocuidado são simples e podem ser incluídas na rotina.
“Não basta apenas comer bem, fazer um exercício ou outro, dormir oito horas de sono, é preciso investir em bem-estar emocional, um momento no seu dia que será dedicado a você”, ressalta a Dra. Esthela Oliveira.
E para ajudar a começar 2023 com o pé direito na saúde, a especialista sugere algumas práticas simples da medicina integrada, para começar a aderir logo no começo deste ano. Confira:
A primeira delas é uma alimentação saudável, com menos agentes inflamatórios como o leite, glúten e açucares. O que não significa que você deve abrir mão de tudo que gosta de comer, mas que passará ter prazer em comer de forma mais equilibrada e não restritiva;
Em seguida, lembre-se que movimento é vida. Uma rotina de exercícios pode promover a produção de neurotransmissores que trazem a sensação de bem-estar. Portanto, busque atividades físicas que te estimulem a gostar de se exercitar todos os dias;
Exercite corpo e mente ao mesmo tempo com práticas que estimulam a respiração controlada, como a meditação, a yoga, acupuntura e até o pilates. O conjunto delas pode promover a liberação de substâncias no corpo que trarão alívio do estresse e ansiedade;
Outro pilar de importante relevância, é o acompanhamento médico periódico. Não espere estar mal para se consultar com um médico, ao menor sinal de anormalidade procure ajuda. Mantenha seus check-ups em dia para prevenir doenças e realizar os tratamentos clínicos necessários em tempo.
E por fim, mas não menos importante, aprenda a exercitar o sentimento da gratidão. Uma mudança de perspectiva pode ser tudo que você precisa para encontrar equilíbrio.
Hospitais aderem a terapias integrativas para atender pacientes
Oito entre 10 doenças atreladas ao processo de envelhecimento são completamente evitáveis com o apoio da medicina funcional e integrativa. Segundo um estudo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, o estilo de vida e o ambiente são decisivos para uma pessoa viver mais de 65 anos. Por isso, hospitais públicos e privados têm dado novos passos na direção de tratamentos que olhem para além da doença do paciente.
“A saúde precisa começar por dentro e levar em consideração todos os aspectos que formam o ser humano. É nesse ponto que entra a medicina integrativa, como um elo para guiar a promoção de saúde e qualidade de vida”, afirma a clínica-geral dos hospitais Universitário Cajuru e Marcelino Champagnat, Larissa Hermann.
A medicina integrativa reafirma a importância da relação entre médico e paciente. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o foco precisa estar no indivíduo e ultrapassar a dualidade saúde-doença. Ao estar embasado em evidências científicas e fazer uso de múltiplas abordagens, o médico observa diferentes ângulos do paciente: mental, emocional, funcional, espiritual, social e, até mesmo, comunitário.
Isso não quer dizer que não sejam mantidos tratamentos tradicionais ou medicamentosos, mas, sim, que a adição de novas abordagens pode trazer benefícios reais para cada pessoa. “O objetivo é somar esforços com outras áreas, acompanhando o paciente como referência para a avaliação inicial e coordenação do cuidado”, explica a clínica-geral dos hospitais de Curitiba (PR).
A adesão a essa prática tem ajudado a reduzir o uso de analgésicos, anti-inflamatórios e encaminhamentos para exames de alta complexidade, que estão entre os maiores gastos do país com a saúde. É o que verificou uma pesquisa realizada pelo Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde (ObservaPICS), já que o cuidado integral permite um diagnóstico mais preciso para pacientes que chegam às unidades de saúde.
No Brasil, a oferta de tratamentos complementares acontece no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2006 e, atualmente, conta com mais de 28 modalidades na rede pública, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC). O destaque está para tratamentos relacionados à oncologia, cardiologia e pediatria.
Centro do cuidado
A característica principal da medicina integrativa é pensar no indivíduo integralmente e dar valor para a promoção da saúde, mesmo que a pessoa não esteja doente. Segundo a clínica-geral Larissa Hermann, é cada vez mais evidente a necessidade de se discutir novas formas de lidar com o cuidado.
“As pessoas esperam ser olhadas e tratadas como um todo, e não somente em partes, como se estivessem fazendo a revisão das peças do carro num mecânico, por exemplo. Elas querem e devem ser observadas na totalidade: corpo, mente e alma”, enfatiza.
“A medicina integrativa não substitui a medicina tradicional, mas ela é uma grande aliada para tratar não só a doença como o indivíduo”, assegura Larissa Hermann.
É exatamente isso que a abordagem procura resgatar por meio de valores importantes como: integralidade, preservação da saúde e autocuidado.
“É importante que esse tipo de cuidado esteja dentro dos hospitais. Mas antes disso, deve estar presente na vida das pessoas. Porque a promoção da saúde não pode acontecer apenas no consultório médico, precisa estar no dia a dia”, reforça.
O futuro da medicina vai além da tecnologia e do ato de curar. Cada vez mais, o médico assume o importante papel de tratar as raízes dos problemas e evitar o surgimento de outras doenças.
“A medicina integrativa precisa ser preventiva, colocando o paciente como protagonista do cuidado com a saúde. O foco no equilíbrio metabólico e nos pilares do ser humano gera um envelhecimento saudável e com qualidade”, conclui.
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Como a Medicina Integrativa se aplica à Dermatologia
O paciente passa a ser agente da sua própria saúde. Por meio deste preceito, a Medicina Integrativa propõe dar mais enfoque à importância da relação entre o paciente e o profissional de saúde. Nessa modalidade, o paciente deixa de receber passivamente o tratamento para uma doença e passa a participar ativamente da própria saúde, por meio de sua responsabilidade individual. Por ser tão especial, no próximo dia 23 de janeiro é celebrado o Dia Internacional da Medicina Integrativa.
Na dermatologia, por exemplo, a pele reflete muitas desordens que atingem outras áreas do organismo, e esta abordagem holística da medicina visa compreender o que está por trás destas manifestações. De acordo com o dermatologista Erasmo Tokarski, o objetivo é ampliar o olhar sobre os problemas que causam estas reações, sejam cutâneas, nas unhas ou cabelos.
“A literatura aponta que a maioria das doenças estão, claramente, associadas a questões orgânicas sistêmicas. Assim, é necessário considerar toda a qualidade de vida do paciente e como isso interfere na saúde da pele”, explica Tokarski.
Uma grande importância dessa abordagem é a possibilidade de promover a saúde de uma forma humanizada e individualizada. Cada vez mais pacientes procuram por tratamentos preventivos, já pensando na longevidade e em uma forma de manter a saúde em dia com o avanço da idade.
Segundo Erasmo Tokarski, isso se dá porque, além do aspecto estético, houve a compreensão de que é importante sentir-se bem nas mais diferentes fases da vida. Com a Medicina Integrativa, muitos desequilíbrios de saúde podem ser prevenidos de forma menos onerosa e não-invasiva.
A interdisciplinaridade é a palavra-chave desta abordagem, que reúne profissionais de diversas áreas e formações. A prática associa conhecimentos da Medicina tradicional com outras soluções que também promovem saúde, como meditação, técnicas de respiração, relaxamento, atenção plena, uso de fitoterápicos, alimentação saudável, sempre baseados em evidências científicas.
Dessa forma é possível diversificar o tratamento das queixas e dar ao indivíduo a oportunidade de traçar caminhos que podem promover a manutenção da sua saúde de acordo com sua rotina, suas preferências e hábitos.
“O que percebemos ao longo dos anos é uma consciência maior com a saúde de forma geral. É comprovado que cuidar do corpo e da mente traz benefícios para a saúde como um todo. Quando se compreende o que envolve um problema, tratamos a causa dele na forma interna e não apenas no externo, com as manifestações na pele”, afirma.
Com Assessorias