Em todo o país, já são mais de 8,5 milhões de brasileiros que não voltaram para a segunda dose da vacina contra a Covid-19, fundamental para completar o esquema vacinal e, de fato, minimizar os riscos da doença, caso seja contaminado. Os estados de Ceará, Bahia e Sergipe apresentam os maiores índices de faltosos. No Estado de São Paulo – o mais populoso do país e o que concentra o maior número de casos e mortes por Covid-19 – o número também é alto em termos absolutos.
Somente na Grande São Paulo, são 622,3 mil pessoas que não retornaram, 350 mil apenas na capital. No interior do estado, a cidade de Sorocaba tem mais de 146 mil pessoas que não voltaram para a segunda dose. Um mutirão de busca ativa é feito por meio de visitas de agentes de saúde ou por ligações telefônicas. Neste final de semana, foi realizado um mutirão para tentar reduzir o número de faltosos, mas apenas 40 mil compareceram aos postos de vacinação.
Apesar disso, São Paulo comemora a queda de 20,7% em casos e 11% em óbitos neste domingo (29/8), a menor desde o início da pandemia. Para se ter ideia, o número chegou a ser quatro a cinco vezes mais no auge da pandemia. Por conta disso, a prefeitura decidiu ampliar o funcionamento das creches infantis de 60% para 100% de sua capacidade. No dia 6 de setembro, o município iniciará a dose de reforço nos idosos.
No Rio de janeiro, onde a situação é preocupante por conta do avanço da variante Delta, 180.277 cariocas não retornaram aos postos para completar seu esquema vacinal. São 50.634 pessoas com a Coronavac, 122.652 com a Astrazeneca, e 6.991 com a Pfizer em atraso. com crescimento de 28% nas mortes por Covid-19 em relação á semana epidemiológica de 14 dias atrás, Se por um lado a aplicação da primeira dose (D1) segue acelerada no Rio de Janeiro, com mais de 95% dos adultos com a D1 ou dose única.
Fake news sobre vacinas influenciam na decisão
Um levantamento do Ministério da Saúde aponta as principais causas: medo de efeitos colaterais; achar que não protege contra a Delta e – a mais temida de todas – acreditar em fake news sobre vacinas.
Já no Rio, a Secretaria Municipal de Saúde informou que entre as causas mais frequentes relatadas para não retornar para aplicação da D2 estão o esquecimento da data agendada, algum efeito adverso ou doença que impeça de tomar a nova dose naquele período – como o próprio contágio pelo novo coronavírus, o que impede a aplicação, já que é necessário esperar 14 dias após o início dos sintomas.
A SMS reforça que é necessário completar o esquema vacinal com as duas doses para garantir a eficácia da imunização e, com a recente finalização do calendário de vacinação dos adultos, tem intensificado o trabalho de busca ativa pelos faltoso da D2.
“Nossa esperança é que essa série de medidas nos ajude a completar a vacinação da segunda dose das pessoas que não voltaram aos postos. Elas colocam toda a população em risco, além de aumentar a ocupação dos leitos hospitalares. É muito importante que a gente ache essas pessoas e, com esses decretos, vamos reforçar a busca ativa por elas para aplicar a vacina”, disse o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
Rio tem alta de 28% na média móvel de mortes
De acordo com levantamento da Globonews, a situação do Rio é preocupante. Na contramão do restante do país, que apresenta forte tendência de queda em 18 estados, com mais da metade dos leitos disponíveis, a média móvel de mortes no estado subiu 29% em apenas uma semana e a taxa de internações por Covid-19 já é a segunda maior do país, só perde para Sergipe, com 73%.
Já na capital, a taxa de ocupação de leitos de UTI no Sistema único de Saúde (SUS) chega a 96%, o que demonstra a força da variante Delta. Ana Helena Barbosa da Silva, coordenadora da UTI do Hospital Municipal Raul Gazzola, o maior do país em atendimento a pacientes de Covid-19, deu um depoimento emocionado neste domingo à Globonews.
“A gente não conseguiu, a doença venceu”, disse a profissional de saúde, com a aparência visivelmente abatida e desanimada. Segundo ela, a unidade que estava bem menos cheia recentemente, hoje está lotada de pacientes internados com idades que variam de 17 a 103 anos de idade.
Taxa de ocupação de leitos abaixo dos 50%
O Ministério da Saúde informou que, pela primeira vez desde o início da pandemia do novo coronavírus, 20 estados brasileiros estão com taxa de ocupação em leitos de covid-19 abaixo de 50%. O dado envolve tanto leitos clínicos como Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O índice de ocupação, segundo o órgão, é considerado normal e é resultado do avanço da vacinação no país.
“Na prática, isso significa que a rede hospitalar desses estados está menos sobrecarregada e registrando menos casos graves ou gravíssimos de covid-19, ou seja, situações que demandam internação e intervenção médico-hospitalar”, diz o ministério em nota.
Os seguintes estados estão com taxa de ocupação de leitos abaixo de 50%: Acre, Pará, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Santa Catarina.
Os estados de Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul estão em zona de alerta, com taxas entre 51% e 69%. O Rio de Janeiro está na faixa de emergência, com taxa de 70% a 80%. Segue em zona grave o estado de Roraima, com ocupação entre 80% e 94%.
Mais de 20 milhões de registros de coronavírus
O Ministério da Saúde informou que o Brasil tem, desde o início da pandemia, 20,7 milhões de casos confirmados da doença e 579,3 mil mortes registradas. O número de recuperados soma 19,6 milhões. Em 24 horas, o ministério registrou 13,2 mil novos casos e 298 mortes.
O MS informou que São Paulo se mantém como a unidade federativa com maior número tanto de óbitos (145,5 mil) quanto de casos (4,2 milhões). Em seguida estão Minas Gerais (2 milhões de casos e 52,9 mil óbitos); Paraná (1,4 milhão casos e 37,4 mil óbitos) e Rio Grande do Sul (1,4 milhão de casos e 34,1 mil óbitos).
Segundo o consórcio de veículos de imprensa que monitora os dados, o número de mortes em um só dia foi o mais baixo desde 13 de dezembro, totalizando 579.433 mortes e 20.738 casos. A média móvel diária de casos ficou em 679 em comparação com duas semanas atrás. Com 24.390 registros, a queda foi de 15%, a menor desde 12 de novembro de 2020.
Apenas 28,3% da população com a vacinação completa
O Brasil tem 60.364051 pessoas com a imunização completa (28,3% do público-alvo). Foram aplicadas 189 milhões de doses de vacina contra a Covid-19, de acordo com dados da manhã deste domingo divulgados pelo Ministério da Saúde. Com isso, o Brasil atingiu a marca de 80% da população acima de 18 anos vacinada com a primeira dose da vacina. Isso significa que mais de 128 milhões de brasileiros receberam a primeira dose.
Para ter a proteção, é preciso completar o esquema vacinal. A maior parte das vacinas aplicadas no Brasil precisa de uma segunda dose para atingir a potência máxima. Ao todo, até o momento, 60 milhões de brasileiros, o equivalente a 37% da população adulta, estão com o esquema vacinal completo.
Estudos divulgados recentemente mostram que as vacinas reduzem significativamente o risco de morte, de internações e de infecções causadas pelo vírus, mas não evitam completamente que a pessoa se contagie nem que leve o vírus para outras pessoas.
O Ministério da Saúde ressalta que, mesmo com a vacina, os cuidados individuais, como o uso de máscara, álcool em gel e o distanciamento social, são importantes para evitar o contágio. “O cuidado é de cada um, mas o benefício é para todos”, diz em nota.
Remessas de 3 milhões de doses aos estados
A partir deste domingo, o Ministério da Saúde deverá enviar aos estados mais 3 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 voltadas para a segunda aplicação. São 2 milhões de doses da vacina Astrazeneca/Fiocruz e 1 milhão de doses da Pfizer/Biontech.
Na distribuição, a pasta tem como base dois critérios: as vacinas para a primeira dose já enviadas para cada estado, desde o começo da campanha, e a estimativa da população acima de 18 anos de cada unidade da Federação.
Também neste domingo chegaram ao Brasil mais 2,1 milhões de doses de vacinas da Pfizer. A remessa, segundo a pasta, chegou em dois voos. Os imunizantes passam por rigoroso controle de qualidade antes de seguir para os estados. A nova remessa chegará aos estados e municípios nos próximos dias.