Como definir o comprometimento dos pulmões em um paciente com a síndrome respiratória aguda grave (SRAG), presente em boa parte dos quadros graves de Covid-19? Para ajudar profissionais de saúde na identificação e diagnóstico da doença, uma nova plataforma digital começou a ser testada na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e em breve também passará por testes no Hospital Municipal Miguel Couto, no Rio de Janeiro.
A novidade foi desenvolvida pela Petrec, empresa criada no Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). “A proposta do projeto é validar agora e torná-lo utilizável principalmente no sistema público de saúde”, disse o diretor-executivo da Petrec, Josias José da Silva.
A CovidScan reúne tomografias de pulmão e raios X de tórax. Segundo os pesquisadores, a comparação das imagens do pulmão do paciente com imagens previamente classificadas pode colaborar com o médico no diagnóstico da doença e na tomada de decisão, seja pela internação imediata, ou no tratamento mais adequado. A ideia posteriormente é ampliar o uso da plataforma para diagnóstico de outras doenças, entre as quais, aneurisma de aorta e enfisemas.
Como funciona a nova plataforma digital
As imagens são classificadas por tipo de patologia, com o objetivo de facilitar o prognóstico médico. A comparação das imagens do pulmão do paciente com imagens previamente classificadas pode colaborar com o médico no diagnóstico da doença e na tomada de decisão, seja pela internação imediata, ou tratamento mais adequado.
Ele explicou que a partir dessas imagens, a CovidScan utiliza padrões que tanto aumentam como reduzem a densidade pulmonar. “A gente consegue definir qual a parte do pulmão que tem esses acometimentos que tanto reduzem como aumentam essa densidade, e também a quantidade percentual do volume do pulmão total”.
Segundo Silva, isso é feito atualmente “no olho” e a máquina consegue definir com precisão qual é o percentual do pulmão que está acometido com aquela enfermidade. “Esse é o objetivo da plataforma”. As imagens são classificadas por tipo de patologia, com o objetivo de facilitar o prognóstico médico.
Fase de testes é iniciada na Fiocruz
O sistema foi configurado no mês passado na Fiocruz e a fundação depende da liberação de uma porta do tomógrafo pelo fabricante do equipamento para começar os testes práticos no dia a dia médico, o que deve ocorrer na próxima semana.
Os pesquisadores da Petrec estão configurando a máquina no Miguel Couto. A expectativa é que ela esteja operacional na semana que vem. O computador vai fazer a comunicação entre a estação de trabalho do tomógrafo e a nuvem, onde ficarão hospedados os dados do paciente. Lá, a equipe da Petrec terá acesso às informações para fazer o processamento com inteligência artificial.
Como na Fiocruz os exames não podem ir para a nuvem, foi criada uma nuvem interna. “A gente colocou lá um computador com processamento gráfico (GPU)”, disse Silva. Essa máquina faz a integração do sistema CovidScan com o ambiente operacional da unidade médica.
Segundo o pesquisador, os dois sistemas vão atuar de forma paralela, de modo que o da empresa tenha como importar tomografias e radiografias dos pacientes, realizados pela Fiocruz, exportando depois os resultados para os médicos da fundação. A validação da parte operacional é a fase final do projeto.
Inteligência Artificial
Segundo a Petrec, a CovidScan é um módulo da plataforma HealthScan. Os pesquisadores vão manter a parte de inteligência artificial (IA) em nuvem, de forma que ela vai se aprimorando e aprendendo cada vez mais ao longo dos anos, à medida que o uso também vai se ampliando em outras unidades. A computação em nuvem é uma tecnologia que permite a distribuição dos seus serviços de computação e o acesso online sem a necessidade de instalar programas.
O projeto da Petrec tem a colaboração do professor Alexandre Evsukoff, da Coppe, e foi desenvolvido graças a um financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) no valor de R$ 1,2 milhão. A ideia agora é buscar novos patrocínios junto à Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), Governo do Estado e Prefeitura do Rio de Janeiro.