Segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), em 2019 aproximadamente 38 milhões de pessoas em todo o mundo viviam com HIV e 690 mil morreram de doenças relacionadas. São pessoas de todas as identidades de gênero, orientações sexuais, etnias e classes sociais vivam com o vírus.
De acordo com estatísticas globais do Unaids no Brasil, 77% das novas infecções por HIV na América Latina estão em populações-chave, que inclui pessoas LGBTI+. Mas quando os primeiros casos da Aids surgiram, no início dos anos 1980, ninguém sabia exatamente do que se tratava e por muito tempo esse tema foi um estigma sobre a comunidade LGBTI+.
De lá pra cá, essa população se fortaleceu e buscou, nas últimas décadas, não apenas estimular a prevenção entre todos como também combater a discriminação das pessoas vivendo com o vírus ou a doença. Para fortalecer este protagonismo e abordar todas as questões biopsicossociais de um ser humano integral, que se relaciona fora e dentro do ambiente de trabalho, o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ promoverá nesta terça (dia 1º) um evento no Dia Mundial de Luta Contra a Aids.
Com mediação do Reinaldo Bulgarelli, secretário executivo do Fórum, a premissa é desenvolver um bate papo informal e atualizado com perspectiva mais ampla, chamando profissionais especialistas e pessoas que vivenciam na pele essa realidade e assim desmistificar ideias falsas sobre estes últimos, que ainda são presentes em diversos âmbitos, incluindo o empresarial.
Nesse dia, espera-se elucidar o entendimento do contexto social agravado pela pandemia e construir mais consistência para estimular planos de ação e o posicionamento articulado das organizações, de acordo com um dos seus 10 principais compromissos: promover um ambiente respeitoso, seguro e saudável para as pessoas LGBTI+.
Precisamos quebrar o paradigma de falar disso dentro das empresas, assim como fizemos na última década a respeito contratação de pessoas Trans. Olhando a saúde de modo mais amplo. Os dados têm demonstrado que a juventude está muito entregue à doença atualmente. Ainda hoje, as pessoas têm certo medo de falar abertamente e encarar o assunto. Não apenas por questões morais e sim também por uma relativização do conhecimento e até dos sintomas da própria doença, reflexo do afrouxamento das políticas governamentais e saúde pública” , destaca Reinaldo.
Ainda segundo ele, a pandemia combinada com este contexto, prejudicou ainda mais a questão, provocando até mesmo o recuo na busca de continuidade do tratamento. “É também papel da gestão empresarial colaborar com essa rede de segurança, junto da sociedade civil”, declarou.
Dados sobre a situação mundial e brasileira sobre o tema
O Índice de Estigma e Discriminação em relação às pessoas que vivem com HIV ou vivem com AIDS destaca números alarmantes: cerca de 20% das pessoas que vivem com HIV ou AIDS já perderam uma fonte de renda, emprego, ou foram rejeitadas em oferta de trabalho em função de seu diagnóstico positivo. Outro dado que alerta é que 13% das pessoas que vivem com HIV ou vivem com AIDS tiveram seu trabalho alterado ou uma promoção já lhe foi negada em função do seu diagnóstico.
O HIV precisa ser colocado em pauta em todos os espaços e é muito importante que as organizações se unam para combater estigmas, discriminação, além de incentivar a prevenção. Isso reforça o quanto a AIDS ainda precisa estar em pauta e que a busca por uma sociedade Zero Discriminação seja responsabilidade compartilhada por instituições públicas, privadas e governo”, comenta Claudia Velasquez, diretora e representante do Unaids no Brasil.
O tema será apresentado por Ariadne Ribeiro, assessora de apoio comunitário da organização. Ela explicará e contextualizará os avanços do HIV e da AIDS em relação às pessoas mais afetadas e como a as organizações podem agir para promover espaços Zero Discriminação.
Visão técnica médica a respeito da prevenção e cuidados
Abordado por Josué Lima, médico infectologista e médico do trabalho na 3M, o tema explicará sobre a evolução natural no momento atual dos pacientes com HIV/AIDS e que são muito diferentes dos anos 80, dando ênfase na importância de se tomar medicamentos específicos (antirretrovirais) pois dessa forma e com diagnóstico precoce, a qualidade de vida e sobrevida se torna semelhante as pessoas que vivem sem o HIV.
Iniciativas que, de forma clara e transparente, consigam divulgar amplamente conhecimentos sobre HIV/Aids que ajudem na promoção, prevenção e assistência nessa área tem um impacto imenso, principalmente quanto atinge populações consideradas chaves/vulneráveis para a epidemia”, comenta Dr. Josué Lima.
Práticas realizadas pelas empresas e importância da saúde integral
Apresentado por Cynthia Maranhão, diretora médica da Corteva Agriscience para a América Latina, o tema mostrará o que as empresas já fazem no dia a dia para auxiliar a inclusão de profissionais com HIV/AIDS, dando amparo a saúde integral de cada um.
As empresas precisam estar preparadas não só para receber a diversidade mas também tratar a saúde de maneira integrada para atender todas as diferenças. Transparência e respeito são importantes para abordar temas como o HIV, foco principal de nosso encontro do dia 01/12″, comenta Cynthia.
A realidade das pessoas que vivem com HIV nas empresas
Jeferson Martins, diretor de relações institucionais e diversidade da VMLY&R, discutirá um pouco mais sobre como é o dia a dia das pessoas que vivem com HIV e quais foram os desafios perante a sua colocação no mercado. Com a ajuda da MCM Brand Experience, o evento será digital para todas as signatárias e público em geral, podendo ser acompanhado pelo Youtube do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ no dia 1 de dezembro, das 19h às 20h.
Para saber mais, acesse aqui.