No dia 26 de junho, o Brasil celebra o Dia Nacional de Conscientização do Diabetes, uma data que reforça a importância de ações preventivas, diagnóstico precoce e o controle adequado da doença que já afeta 13 milhões de brasileiros adultos, de 20 a 79 anos – cerca de 7% da população adulta, segundo dados recentes do Ministério da Saúde – ou 16,6 milhões, de acordo com a International Diabetes Federation (IDF);
Atualmente, o Brasil está na lista dos dez países com maior número de diabéticos. A previsão é que o número alcance 24 milhões em 2050. Ainda segundo o IDE, em 2024, o Brasil registrou 111 mil mortes pela doença, o que representa 3,26% do total de óbitos no país e uma das 10 maiores causas de óbito. Por isso, a data se tornou um marco de conscientização sobre uma das doenças crônicas mais prevalentes e silenciosas do país.
A Pesquisa Radar Nacional sobre Tratamento de Diabetes no Brasil, feita pelo Vozes do Advocacy no ano passado, mostrou que 30% dos brasileiros com diabetes apresentam descontrole glicêmico, e 42% nem sequer recordam o último resultado ou não sabem do que se trata o exame. O levantamento foi realizado a partir de uma amostragem de 1.843 pessoas.
O diabetes mal controlado traz consequências graves para a saúde: 32% dos pacientes desenvolvem neuropatia; 25% têm doenças cardiovasculares; 12% dos participantes sofrem de retinopatia diabética, que pode levar à cegueira, e 10% relatam nefropatia e lesões nos pés, complicações graves, que poderiam ser prevenidas com acompanhamento regular e tratamento adequado.
Essas complicações também aumentam os custos com a doença no Brasil. O cenário de gastos relacionados com diabetes chegou a 45 bilhões de dólares em 2025, sendo o terceiro país no mundo no ranking dos investimentos com a condição, segundo o Atlas 2025 da Federação Internacional do Diabetes.
Leia mais
‘Correr é mais do que um esporte, é uma missão de vida’, diz atleta com diabetes
Pé diabético: complicação da diabetes leva a amputação
Diabetes: como o Brasil enfrenta a restrição global de insulina?
Alerta para acesso regular e equitativo à insulina
Um dos maiores desafios enfrentados por milhares de brasileiros volta ao centro do debate: o acesso regular e equitativo à insulina. Em janeiro de 2025, os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo registraram falta ou recebimento irregular da insulina solicitada ao Ministério da Saúde. Em novembro de 2024, o Conselho Federal de Medicina (CFM) já havia emitido uma nota direcionada à pasta da Saúde sobre a importância da regularidade de fornecimento da medicação para garantir o tratamento.
Em abril deste ano, com o objetivo de fortalecer a produção nacional de insumos, o Ministério da Saúde formalizou a Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) de insulina glargina. A previsão é de produção e entrega de 20 milhões de frascos para atender pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) com diabetes mellitus tipos 1 e 2 ainda em 2025.
O presidente da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética), Raul Canal, reforça que a Lei n.º 11.347/2006 garante acesso gratuito a medicamentos, a seringas, a agulhas e a tiras reagentes para monitoramento da glicemia. “É dever do Estado garantir não apenas o acesso inicial, mas a continuidade do tratamento, respeitando a individualidade de cada paciente e oferecendo as terapias mais adequadas”, disse.
O especialista em Direito Médico também afirma a necessidade de estruturar a cadeia de produção e de distribuição da insulina. “É preciso garantir uma rede de assistência estruturada, com profissionais capacitados, educação permanente para o paciente e, principalmente, continuidade no acesso à medicação adequada para cada caso clínico”, completou.
Agenda Positiva
Associações de diabéticos atualizam pacientes sobre cuidados para prevenir complicações
Pensando em melhorar a adesão ao tratamento e assim prevenir as complicações do diabetes, o Vozes do Advocacy, junto com a Associação dos Diabéticos e Familiares de Tanguá e a Associação Carioca dos Diabéticos, realizarão o projeto Educar para Salvar, que consiste em uma atualização dos conhecimentos sobre diabetes no dia 30 de junho.
Nós sabemos que o diabetes é uma condição que requer acesso aos insumos e aos medicamentos, tratamento multidisciplinar com profissionais devidamente capacitados e educação em diabetes para as pessoas, que convivem com a condição. Por isso, sabemos que por meio da educação, melhoraremos a adesão ao tratamento e, assim, diminuiremos os gastos do SUS com complicações, hospitalizações e internações”, explica Ana Maria Batista, representante da Associação dos Diabéticos e Familiares de Tanguá.
As duas capacitações ocorrerão na sede da em parceria com a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Na parte da manhã, às 8h, a iniciativa será voltada para os profissionais de saúde, e às 14h para os agentes comunitários. Serão apresentados conteúdos sobre diabetes, retinopatia diabética e vacinação. A iniciativa tem apoio de industrías farmacêuticas que produzem medicamentos e insumos para diabéticos.
Mais informações podem ser acessadas nas redes sociais: Instagram: vozesdoadvocacy e no Facebook: vozesdoadvocacy.
Com Assessorias