A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti que afeta milhões de pessoas no mundo – sobretudo em países tropicais como o Brasil. Somente em 2024, o Ministério da Saúde recebeu mais de 6 milhões e 600 mil notificações de dengue, com mais de 6 mil óbitos registrados.
O vírus pertence à família dos flavivírus e possui quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4Cada um deles, segundo o Ministério da Saúde, pode causar desde infecções assintomáticas até quadros graves da doença. Os quatro sorotipos são suficientemente distintos para que uma infecção por um deles não ofereça imunidade contra os outros.
“Isso significa que uma pessoa pode ser infectada até quatro vezes”, afirma a pasta.  Enquanto a infecção por um sorotipo tem efeito protetor permanente contra ele e efeito protetor temporário contra os outros, infecções consecutivas aumentam o risco de formas mais graves da doença.
O DENV-3 é considerado um dos sorotipos mais virulentos do vírus da dengue, ou seja, tem maior potencial de causar formas graves da doença. Estudos indicam que, após a segunda infecção por qualquer sorotipo, há uma predisposição para quadros mais graves, independentemente da sequência dos sorotipos envolvidos. No entanto, os sorotipos 2 e 3 são frequentemente associados a manifestações mais severas.”

Qualquer um deles pode fazer uma doença grave e a imunidade é sorotipo específica, isto é, a pessoa fica imune para o resto da vida pelo sorotipo que a infectou, mas ainda assim pode ser infectada pelos outros sorotipos”, adverte a infectologista pediátrica Silvia Fonseca,  professora do Idomed (Instituto de Educação Médica).

Na sua opinião, a dengue é a arbovirose (vírus transmitidos por mosquitos e carrapatos) mais importante do planeta e continua a causar muitos transtornos e mortes em todo o mundo, incluindo o Brasil.

Ministério da Saúde prevê ‘epidemias significativas’ 

Ainda de acordo com a pasta, a introdução de um novo sorotipo em uma população previamente exposta a outros sorotipos de dengue pode levar a um cenário de “epidemias significativas”. O aumento da incidência de dengue registrado entre 2000 e 2002, por exemplo, foi associado à introdução do DENV-3. Ao longo de 2024, o sorotipo predominante no Brasil foi o 1, identificado em 73,4% das amostras.

A ampliação do número de casos de dengue tipo 2, segundo o ministério, foi registrada sobretudo nas últimas semanas de dezembro. O cenário preocupa autoridades sanitárias, já que o sorotipo não circula de forma predominante no país desde 2008, e grande parte da população está suscetível a ele.

O DENV-3 vem sendo detectado recentemente em meio a testes positivos para dengue – sobretudo em São Paulo, Minas Gerais, no Amapá e no Paraná.  No Rio de Janeiro, uma mulher de 60 anos foi diagnosticada com a dengue tipo 3 no início deste ano. A notificação foi realizada pelo município do Rio e o Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen-RJ) ratificou o diagnóstico.

Os especialistas estão preocupados, pois, em 2023 e 2024, os sorotipos predominantes de dengue no país e no próprio Estado do Rio foram os sorotipos 1 e o 2. O tipo 3 não circulava por aqui desde 2007, ou seja, há 18 anos. A informação é preocupante porque existe uma grande parcela da população desta região que nunca teve contato com esta doença do tipo 3.
Logo no início de 2025, mais de 800 casos prováveis de dengue foram registrados, com 50 internações e sem nenhum óbito confirmado até o presente momento. Os dados são do Monitora RJ, ferramenta digital da Secretaria de Estado de Saúde.  

Prevenção e cuidados

Diante da circulação dos quatro sorotipos no país, é fundamental intensificar as medidas de prevenção, especialmente no controle ao mosquito transmissor. Eliminar focos de água parada, utilizar repelentes e instalar telas de proteção são algumas das ações recomendadas”, destaca o ministério.

Outro alerta da pasta diz respeito aos sintomas. “É importante estar atento aos sintomas da dengue e procurar assistência médica imediata em caso de suspeita, especialmente se houver sinais de alarme, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e sangramentos. A vigilância constante e a adoção de medidas preventivas são essenciais para controlar a disseminação da dengue e minimizar os riscos associados aos seus diferentes sorotipos, especialmente o DENV-3.”

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Infectologista alerta para sintomas da dengue tipo 3

Silvia Fonseca faz um alerta e pede à população para ficar atenta, pois os sintomas da dengue tipo 3 são os mesmos dos tipos 1, 2 e 4, sendo os principais: dor no corpo e articulações; febre alta (maior que 38°C); dor atrás dos olhos; mal-estar; náuseas e vômitos; falta de apetite; dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.
Todos nós sabemos que podemos combater a doença com algumas prevenções, como usar repelentes, evitar água parada em vasos de plantas, nos pneus em nossos quintais, não deixar garrafas vazias ao ar livre e fazer manutenção em calhas entupidas e caixas d’água sem tampas, além de outras iniciativas”, reforça a especialista do Idomed.
“Agora no começo deste ano, 2025, surgem registros da circulação do vírus dengue sorotipo 3 em algumas regiões do Brasil que não circulava no país há muitos anos; no ano passado, o sorotipo predominante foi o sorotipo 1. É também sabido que infecções sequenciais, ou seja, adquirir dengue pela segunda, terceira ou quarta vez, costumam ser mais graves, e quem pegou dengue no ano passado, provavelmente ainda estará susceptível a dengue sorotipo 3.
Temos que pensar nos grupos mais susceptíveis de terem infecções graves, a saber, quem já teve dengue, crianças e idosos, gestantes e pessoas com outras doenças e comorbidades, como doença cardíaca ou renal. Vale salientar que o tratamento da dengue se baseia na hidratação oral com água, sucos e soro de hidratação; a hidratação endovenosa está reservada aos casos mais graves, como nas pessoas com intensa desidratação, e sinais de alarme da dengue: pressão baixa, tontura, dor abdominal, sangramentos espontâneos”, alerta a Dra. Silvia.
Da Agência Brasil, com informações do Idomed
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