82% das brasileiras nunca doaram leite humano

47% não sabem que 1 litro de leite humano alimenta até 10 recém-nascidos/dia, aponta pesquisa. Saiba a importância dos bancos de leite

Ana Paula Moreira, nutricionista do banco de leite humano da Maternidade Leila Diniz (Foto: Edu Kapps/SMS-Rio)
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Dentre os objetivos do Agosto Dourado – conscientização da importância do aleitamento materno – está a doação de leite humano. Afinal existem bebês prematuros que precisam deste alimento, capaz de fortalecer a sua imunidade contra diversas doenças. E toda mulher que amamenta e produz um volume de leite além da necessidade do seu bebê, é uma possível doadora de leite humano.

Porém, conforme constatou a Famivita em seu mais recente estudo, 82% das brasileiras que estão em período de amamentação ou que já amamentaram, nunca doaram o seu leite para um banco de leite humano, principalmente as mulheres dos 18 aos 24 anos, com 90% das participantes. Já entre as mulheres dos 25 aos 29 anos, 88% nunca doaram seu leite humano.

Os dados por estado demonstram que, no Paraná, 91% das participantes não doam ou nunca doaram leite para um banco de leite humano. No Rio de Janeiro, e no Rio Grande do Sul, 90% não doam ou doaram leite. Já em São Paulo e no Espírito Santo, o percentual é de 89%. E o Espírito Santo está entre os estados com o maior percentual de doações, sendo que 19% das participantes doam ou já doaram seu leite para um banco de leite humano.

64% das brasileiras não conhecem mulheres que doam leite humano

O estudo da Famivita também mostra que 64% das brasileiras conhecem mulheres que nunca doaram ou doam leite materno para um banco de leite humano, principalmente as mulheres dos 18 aos 24 anos, com 67% das participantes.

Os dados por estado demonstram que, no Rio Grande do Sul, 69% das participantes não conhecem mulheres que já doaram ou doam leite materno para algum banco de leite humano. No Rio de Janeiro e em Santa Catarina, 66% desconhecem doadoras de leite humano.

E em São Paulo e Minas Gerais, o percentual cai para 63% das mulheres que não conhecem doadoras de leite materno. Toda mulher que amamenta e produz um volume de leite além da necessidade do seu bebê, é uma possível doadora de leite humano.

47% não sabem que 1 litro de leite humano alimenta até 10 recém-nascidos/dia

Doar leite materno é um gesto que salva vidas, e um litro de leite humano pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia. Ainda, dependendo do peso do prematuro, 1 ml já é o suficiente para nutri-lo cada vez que for alimentado. Porém, conforme constatou a Famivita em seu mais recente estudo, 47% das brasileiras não sabem sobre esta informação, principalmente as mulheres dos 25 aos 29 anos, com metade das participantes.

Ainda, entre as mulheres dos 35 aos 39 anos, pelo menos 49% não sabem que um litro de leite humano pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia. Os dados por estado demonstram que, no Rio Grande do Sul, 54% das mulheres não sabem sobre a importância de um litro de leite humano para recém-nascidos.

Já em São Paulo e no Rio de Janeiro, 53% das participantes também desconhecem a informação. E no Distrito Federal, o percentual cai para 47% das entrevistadas que não sabem que um litro de leite humano pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia.

Bancos de leite humano: como funcionam

Toda mulher que amamenta e produz um volume de leite além da necessidade do seu bebê, é uma possível doadora de leite humano. Doar leite materno é um gesto que salva vidas. Por isso, se desejar doar, pode procurar algum banco de leite humano. Para saber onde encontrar um banco de leite humano mais próximo de sua localidade basta ligar no telefone 136 ou acessar o link.

Para auxiliar nos cuidados de recém-nascidos internados em UTIs, principalmente os prematuros, cujas mães não conseguem amamentá-los com seu próprio leite, a rede de saúde do município do Rio de Janeiro conta com bancos de leite humano em seis maternidades de referência, além de postos de coleta em diversas unidades básicas. Mães que desejem doar leite podem se informar em sua unidade de Atenção Primária sobre o posto de coleta mais próximo.

Ana Paula Moreira, nutricionista-chefe do banco de leite humano da Maternidade Leila Diniz, no Rio de Janeiro, fala sobre a importância desse trabalho:

“O banco de leite tem a função de promoção, apoio e técnica. Para a alimentação dos recém-nascidos internados em UTI neonatal, usamos o leite que a própria mãe irá ordenhar ou, em casos mais específicos, o que foi doado ao banco humano e que passou por todo o processo de controle de qualidade e pasteurização. Todo esse processo e todo esse apoio às mães são conduzidos nos bancos de leite humano da Secretaria Municipal de Saúde. O leite doado ajuda a salvar a vida desses bebês.”

Mães com dificuldades de amamentar também procuram banco de leite

Mães que precisam de ajuda para amamentar também podem procurar sua unidade de saúde de referência. Além das maternidades, os serviços de Atenção Primária funcionam como postos de recebimento de leite humano, e oferecem as devidas instruções sobre o serviço e sobre os cuidados necessários por parte das doadoras.

“A maioria dos bancos de leite possui coleta domiciliar. A doadora entra em contato pelo telefone fixo ou pelo WhatsApp da unidade e receberá todas as informações sobre o cadastro que precisa preencher e as condições necessárias. Outra forma de ajudar é doando potes de vidro com tampa plástica (como os de café solúvel ou palmito), para acondicionar o leite”, conclui a nutricionista.

A bacharel em Direito Lorrany Costa procurou ajuda no banco da Leila Diniz por causa de dificuldades ao amamentar: “Foi uma experiência incrível. Compartilhei nas redes sociais e as minhas amigas queriam entrar em contato. Hoje em dia, sou uma vívida doadora”

Bruna Oliveira, nutricionista e mãe de primeira viagem, tinha muito leite, mas não conseguia fazer o filho mamar no seio como deveria.

“As funcionárias do banco de leite me ajudaram na ordenha e na pega, pois não sabia como fazer. Cheguei com mil problemas e saí daqui com o neném de barriguinha cheia, o seio aliviado e mais tranquila do caminho ideal a seguir”, conta ela, que também virou doadora de leite.

Como funciona a doação de leite humano

Algumas mulheres produzem um volume de leite maior do que a necessidade do bebê quando estão amamentando, o que possibilita que se tornem doadoras de um banco de leite humano.

De acordo com a legislação RDC Nº 171, além de apresentar excesso de leite, a doadora deve ser saudável, não usar medicamentos que impeçam a doação e se dispor a ordenhar e a doar o excedente a um banco de leite humano.

A doação de leite humano passa pelo processo de coleta, processamento e distribuição do leite humano para bebês prematuros internados de baixo peso (menos de 2,5 kg) e com patologias, principalmente do trato gastrointestinal, e que não podem ser alimentados diretamente pelas próprias mães.

A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR) foi estabelecida em 1998 e hoje está em mais de 200 locais do país, com a missão de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, coletar e distribuir leite humano com qualidade certificada e contribuir para a diminuição da mortalidade infantil.

Em 2001, a OMS reconheceu a rBLH-BR como uma das ações que mais contribuíram para redução da mortalidade infantil no mundo, na década de 1990. De 1990 a 2012, a taxa de mortalidade infantil no Brasil caiu 70,5%.

Amamenta Rio

Para realçar a importância da amamentação, em 1992, a Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação criou a Semana Mundial de Aleitamento Materno que é sempre de 1 a 7 de agosto. Porém no Brasil, tendo em vista a relevância do tema, o mês de agosto inteiro é dedicado à, e é chamado de Agosto Dourado.

A Campanha Nacional de Amamentação do Ministério da Saúde em 2022 tem como tema “Apoiar a amamentação é cuidar do futuro”.  No Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS-Rio) promove ações de incentivo e orientação às mamães e famílias nas unidades de Atenção Primária (clínicas da família e centros municipais de saúde) e maternidades.

Neste sábado, dia 27, acontece o Amamenta Rio, uma grande ação de mobilização de mulheres e seus bebês para alertar sobre a importância do aleitamento materno. O evento, das 9h às 13h no Parque Madureira, faz parte das atividades para marcar o Agosto Dourado, mês em que são estimulados o debate e divulgações sobre o tema.

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amamentação é um dos momentos mais aguardados e importantes para uma gestante. No entanto, ainda que seja cientificamente provado a relevância do leite materno para o desenvolvimento saudável da criança, muitas mães deixam de amamentar os seus filhos pelo período recomendado por especialistas. Saiba até quando é essencial aleitar o seu bebê.

 

O leite materno é rico em diversos nutrientes necessários para o crescimento sadio de uma criança, mas apesar de sua importância, tabus e mitos levam às mães a não amamentar seus filhos até a idade aconselhada pelos profissionais da área maternal. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o ‘Agosto Dourado’, campanha de conscientização sobre o aleitamento e designou a cor dourada, relacionando-o ao padrão ouro de qualidade que o leite materno possui para as crianças.

 

E entre um dos objetivos da campanha, está a de informar o tempo recomendado em que uma criança precisa ser alimentada exclusivamente com leite materno, pois de acordo com os especialistas, é essencial que o bebê seja alimentado exclusivamente pelo leite da mãe até os 6 meses e que o leite permaneça em sua dieta até os dois anos de idade.

 

Segundo a Profissional Obstétrica e co-fundadora do clube de assinaturas do mundo materno-infantil Baby Concierge,  a Dra. Helena Cossich, o leite materno tem todos os nutrientes que uma criança dessa idade precisa, inclusive água, além de proteger os bebês de doenças perigosas.

 

“O aleitamento materno é de grande importância nos primeiros meses de vida do bebê, visto que, existem inúmeros anticorpos que a mãe passa ao seu filho, protegendo-o contra diversas doenças, além de proporcionar um melhor desenvolvimento emocional, cognitivo e do sistema nervoso.” contou a médica.

 

A OMS recomenda que os países tenham como meta que 90% das crianças sejam amamentadas até os seis meses de vida. No entanto, no Brasil, esse número está na casa dos 45,7%, segundo estudo do Ministério da Saúde. E é nesse sentido que a ação “Agosto Dourado” ganha força para ser adotada por diversos governos e prefeituras.

 

Para mais, além de ser dispensável a oferta de qualquer outro tipo de alimento, como papinha, mingau e outros nessa faixa etária, a amamentação também é fundamental para a saúde da mãe, pois diminui o risco de desenvolvimento de câncer de mama, ovário e endométrio. Afinal, durante esse período, as taxas de hormônios que favorecem o desenvolvimento desse tipo de enfermidade diminuem.

 

Ainda segundo a profissional maternal, é um consenso que a introdução aos alimentos sólidos poderá ocorrer por volta dos seis meses.

 

“A alimentação complementar deve ser incorporada de maneira lenta e paulatina, no entanto, é recomendado que a amamentação continue até os dois anos de idade. Nos casos em que a mãe não consegue amamentar por qualquer motivo, o mais comum é a opção por fórmulas infantis. Contudo, é recomendado procurar a ajuda de um pediatra para saber qual a melhor atitude em cada caso” , enfatiza.

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