A morte de Henrique Silva Chagas, de 27 anos, após ter sido submetido a um procedimento de peeling de fenol, tem causado muitas polêmicas e discussões por parte de autoridades e da sociedade em geral, especialmente por conta dos debates envolvendo a segurança do procedimento. Henrique não teria realizado exames pré-operatórios e em um ambiente inadequado e morreu logo após ser submetido ao tratamento na clínica da influenciadora e esteticista Natalia Becker.
O caso trouxe à tona a importância crucial de realizar este procedimento em ambiente hospitalar, apenas com profissionais altamente qualificados, como médicos dermatologistas ou cirurgiões plásticos. Para especialistas, a falta de estrutura e de qualificação da profissional responsável, Natalia Fabiana de Freitas Antonio, ou “Natalia Becker”, como é conhecida nas redes sociais, culminou no desfecho trágico que poderia ter sido evitado com os cuidados apropriados.
O peeling de fenol é um procedimento que consiste na aplicação do fenol a fim de causar uma descamação no local aplicado na pele. É considerado um peeling profundo porque atinge camadas mais profundas da pele e causa uma inflamação grande na região tratada”, explica Isis Veronez Minami, dermatologista do Hospital Edmundo Vasconcelos.
Segundo a especialista, o objetivo principal do procedimento é o rejuvenescimento por meio da renovação celular, estímulo do colágeno, melhora das rugas, flacidez, manchas e até cicatrizes da região tratada, como o rosto, local de aplicação mais comum. A médica destaca, porém, que o procedimento envolve diversos riscos porque o fenol é uma substância nefrotóxica, hepatotóxica e cardiotóxica.
Isso quer dizer que ele pode prejudicar os rins, fígado e coração, neste caso causando arritmias potencialmente fatais. Além disso o procedimento pode causar discromias (alterações na pigmentação da pele – tanto com manchas mais escuras como muito claras), cicatrizes inestéticas e atróficas e infecções”, alerta ela.
Falta de qualificação de quem realiza o peeling de fenol
Segundo a especialista, os principais pontos a serem questionados no caso do homem que faleceu após a realização do peeling dizem respeito à realização do procedimento por parte de uma pessoa sem capacidade técnica, sem formação acadêmica e em local inadequado.
Esse procedimento deve ser realizado em centro cirúrgico, com profissional capacitado, com médico dermatologista ou cirurgião plástico, sob anestesia e monitorização cardíaca adequada, durante todo o procedimento. Deve haver uma avaliação médica cuidadosa do paciente para a realização de um procedimento deste porte”, detalha.
Nessa avaliação médica está inclusa a realização de exames laboratoriais e cardiológicos, além da avaliação sobre o uso medicações contínuas e recentes e de outros problemas de pele e de saúde. “Nem todos os pacientes que desejam, podem realmente fazer o procedimento – a indicação deve ser precisa e cuidadosa”, frisa.
No lugar do peeling de fenol outros procedimentos podem ter a mesma função de estimular o colágeno e melhorar as rugas, manchas e cicatrizes, como lasers ablativos que incluem o laser de CO2 e o Erbium. “Geralmente para atingir resultados semelhantes são necessárias mais de 1 sessão desses lasers, mas não há os riscos de toxicidade sistêmica, como problemas nos rins, fígado e coração como há no procedimento com o fenol”, finaliza.
Eduardo Schneider, dermatologista do Eco Medical Center, em Curitiba, o peeling de fenol é um procedimento estético que visa melhorar a aparência da pele, tratando rugas, manchas e cicatrizes. Apesar de seu nome, que pode sugerir um tratamento superficial, o peeling de fenol é altamente invasivo e atinge as camadas mais profundas da pele, que reage a uma espécie de “queimadura de segundo grau”.
Depois da aplicação, o paciente precisa de um processo de recuperação de semanas em casa, sem se expor ao sol, e tomando diversos medicamentos para dor, inflamação e reações alérgicas. Depois disso, a camada “velha” da pele cai, como uma máscara espessa, e dá lugar à pele jovem, com colágeno e sem ocorrência de rugas, melhorando a aparência.
Por ser uma pele que fica extremamente sensível e lesionada, não pode ser submetida ao sol. Só depois da recuperação total – o que pode durar até três meses – é que o paciente pode voltar à vida normal fora de casa. Mas claro, sempre com muito filtro solar e proteção.
A ideia é que o paciente faça o procedimento uma só vez na vida, no máximo duas, devido à agressividade, mas que no entanto traz um resultado sem igual a outros tratamentos. Por isso é indicado a pessoas além da meia idade, que já possuem muitas rugas e manchas. Em pessoas jovens, o procedimento é indicado em casos muito extremos, como por exemplo, em cicatrizes grandes de acne.
Danos à saúde
Devido à sua natureza agressiva, caso não seja administrado corretamente, o fenol pode causar sérios danos, como arritmias cardíacas e insuficiência renal. Por isto, alerta Eduardo, a banalização dos procedimentos estéticos e a invasão de profissionais não qualificados têm levado a graves consequências.
O peeling de fenol deve ser realizado em ambiente hospitalar, com monitorização adequada e exames pré-operatórios completos. Trata-se de um procedimento doloroso e arriscado, que pode levar à parada cardíaca e outros danos se não for feito corretamente”, afirma Schneider.
Além da realização em ambiente hospitalar, capaz de dar um suporte de vida ao paciente que tenha algum problema durante a aplicação, são exigidos exames pré-operatórios como hemograma, exame de função renal e hepática e eletrocardiograma. Caso algum destes exames apontem algum problema, o dermatologista orienta a não realizar o peeling e direciona o paciente a outros tratamentos menos agressivos.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda que apenas dermatologistas ou cirurgiões plásticos com treinamento específico realizem o peeling de fenol. Mesmo entre esses profissionais, muitos optam por não realizar o procedimento devido aos riscos envolvidos. “É fundamental que o médico tenha a capacidade de interpretar exames pré-operatórios e manejar emergências médicas”, explica Schneider.
‘Peeling de fenol é seguro, mas protocolos devem ser respeitados’, diz especialista
Médico faz campanha para esclarecer sobre benefícios e riscos do peeling de fenol
Após a trágica morte do empresário paulista após um peeling de fenol realizado por uma blogueira sem formação médica, o médico e cientista José Kacowicz iniciou uma campanha para aumentar a conscientização sobre a importância de realizar o procedimento com especialistas capacitados.
O fenol é uma substância poderosa que pode transformar vidas e restaurar a autoestima, mas sua aplicação requer habilidade e monitoramento clínico rigoroso”, enfatiza o especialista, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que já realizou mais de 14 mil procedimentos sem intercorrências importantes em 30 anos de carreira.
A campanha do Dr. José Kacowicz visa educar o público sobre a importância de procurar profissionais devidamente habilitados para a realização do peeling de fenol, garantindo assim a eficácia, reprodutividade e, principalmente, a segurança do tratamento.
Reconhecido mundialmente como um defensor e introdutor das modernas técnicas de peeling de fenol, José Kacowicz compartilha com seus milhares de seguidores no Instagram as impressionantes transformações de seus pacientes.
O peeling de fenol é uma bênção, sendo a melhor opção para eliminar rugas profundas, marcas de expressão, manchas ou cicatrizes de acne, mas deve ser realizado por profissionais qualificados e responsáveis”, alerta Kacowicz.
7 dúvidas sobre benefícios e cuidados com o peeling de fenol
Kacowicz desenvolveu o “Método Kacowicz”, um conjunto de protocolos específicos para a aplicação segura do peeling de fenol. “Em meus mais de 30 anos de prática, nunca tive uma complicação séria, graças ao cumprimento rigoroso desses protocolos”, afirma o médico.
Seus protocolos são usados como referência em faculdades de medicina na formação de dermatologistas e cirurgiões plásticos. Em 2002, foi condecorado membro de honra pela Sociedade Francesa de Cirurgia Plástica, em reconhecimento às suas contribuições para a especialidade.
7 perguntas e respostas sobre o peeling de fenol
Dr. Kacowicz responde sete perguntas sobre os benefícios e cuidados do peeling de fenol:
O que é o peeling de fenol?
É um tratamento que descama a pele utilizando fenol, uma substância também conhecida como hidroxi-benzeno. O objetivo é agir nas camadas degeneradas da pele até chegar à derme, removendo a memória da pele velha com rugas, marcas e manchas, e permitindo que novas células jovens surjam, renovando a pele de forma natural.
Para quem o peeling de fenol é indicado?
É indicado para pessoas com melasma, manchas escuras, cicatrizes de acne atróficas (que deixam “buracos” na pele), e para tratar rugas e marcas de expressão profundas.
Para quem ele é contraindicado?
Por ser um procedimento invasivo, é contraindicado para pacientes com insuficiência cardíaca, renal ou hepática. Pacientes com diabetes descompensado ou condições depressivas também necessitam de atenção redobrada. Todas essas questões são abordadas durante a avaliação prévia ao procedimento.
O procedimento é seguro?
Sim, quando realizado por profissionais habilitados e devidamente treinados, com formação adequada para este procedimento. É essencial investigar o histórico do paciente e solicitar todos os exames necessários.
A quantidade de fenol utilizada é muito inferior à dose tóxica, tornando seu índice terapêutico excepcional. Isso é comparável ao uso da toxina botulínica, que é muito mais tóxica que o fenol, mas, quando usada corretamente, é um ativo inestimável na medicina.
Não, quando realizado por curiosos ou profissionais leigos e inabilitados. A segurança do procedimento depende de sua execução em um ambiente ambulatorial ou cirúrgico com monitoramento adequado.
Não há na literatura nenhum registro de morte em peeling de fenol realizado por um médico”, enfatiza Kacowicz, sublinhando a importância de seguir protocolos rigorosos e de realizar o procedimento sob supervisão médica adequada.
Quais cuidados o senhor toma?
Antes de tudo, avalio o estado da pele do paciente (rugas, manchas, cicatrizes, e procedimentos anteriores). Em seguida, peço exames para verificar a condição do coração, pulmões, rins, fígado, tireoide, pressão arterial, e possíveis comorbidades como diabetes, doenças degenerativas, etc.
Apenas após essa avaliação, indico ou não o peeling de fenol, realizado em ambiente controlado e com monitoramento rigoroso do paciente, incluindo batimentos cardíacos, pressão arterial, hemodinâmica e oxigenação. Já realizei mais de 10 mil procedimentos sem nenhuma intercorrência. A segurança é prioridade absoluta.
O senhor acha que pode haver uma queda na procura pelo procedimento?
Acredito que não. O peeling de fenol veio para ficar. O que é necessário é padronizar os procedimentos, aumentar a segurança e selecionar profissionais qualificados. Não se deve escolher o tratamento pelo preço, pois isso expõe muitos pacientes a riscos.
Qual o diferencial da sua técnica e por que a apelidou de Reset Basal?
O “Reset Basal” é chamado assim porque faz um verdadeiro “reset” da camada basal degenerada, responsável pela renovação mensal da pele, que já nasce velha e degenerada. Além de recuperar o aspecto jovial, a pele não envelhece mais na mesma velocidade, pois o “relógio da pele” é resetado.
Modifiquei a técnica clássica e treinei mais de 3 mil médicos para desenvolver um método eficaz e seguro. Minha participação em programas de televisão ajudou a popularizar o peeling de fenol no Brasil.
Com Assessorias