Por Andrea Ladislau*

Algumas pessoas passam a vida viradas como tartarugas de casco para baixo. Balançam pernas e braços. Aflitas, não saem do lugar. Mas um ano novo começa. E só vale se você se desvirar. Desvire a vida, os afetos. Arrume a alma. Faxine seu coração. Ponha a vida para andar.

Vida é renda de bilro. Teçamos o ano novo com capricho. Sem nó, sem embaraços. Nos melhores caminhos e nas mais lindas cores. Teçamos a vida que vamos vestir. No nosso número, sem apertos, sem sobras inúteis. Na plena beleza e consciência do que cada um merece e pode ter de você.

A ficha já deve ter caído para você de que a virada de ano não traz mudança nenhuma se não fizermos a nossa parte. É muito comum alimentarmos crenças e pensamentos distorcidos sobre viver coisas novas. Por isso, o maior cuidado é em flexibilizar os pensamentos rígidos para que possamos promover mudanças em nossas ações.

Vale lembrar que nem sempre é simples fazer esse movimento. Na realidade, demanda muito esforço e auto observação. Além do mais, uma coisa é certa: quanto mais você se aceita, mais feliz você é porque mais você acredita ser merecedora de felicidade e das coisas boas que projetou para sua vida.

A mudança começa dentro de nós

Só quando a gente consegue entender melhor e perdoar a nós mesmas, a gente consegue começar a construir o relacionamento saudável que a gente quer ter conosco e assim prioriza o que vai ser importante para nossa vida.

Talvez, mais do que qualquer outra coisa, cultivar autoaceitação requer que a gente cultive autocompaixão, que aprenda a abrir mão da culpa e a nos perdoar de coração.

Até hoje, em nossas vidas, o que a gente faz é continuar reproduzindo o comportamento de provar para os outros o quanto a gente é merecedor de aprovação. A gente fica o tempo todo tentando provar o nosso valor, da mesmíssima forma que fizemos com os nossos pais e cuidadores.

E para nos tornamos mais amorosos e compassivos com a gente mesmo, precisamos dizer a nós mesmos que, levando em consideração toda a negatividade que a gente experimentou na infância, toda a carga emocional tóxica que nossos pais nos passaram sem ter a consciência do quanto seria nociva, sem intenção claro.

A gente precisa jogar limpo conosco, olhar para dentro de nós e se perguntar: “o que existe em mim que eu ainda não sou capaz de aceitar?” E, então, trazer amor e compreensão para cada uma dessas partes.

Assim, te deixo um desafio hoje para pensar: Tente identificar algum pensamento que gostaria de mudar ao longo desse ano. Um pensamento que você sabe e tem plena consciência, que não te agrega e tem atrapalhado seus objetivos de vida. E trace um plano para eliminar de vez esse pensamento, visando o seu equilíbrio emocional.

Comece já a trabalhar seus projetos e desejos

Tem uma frase do Mário Cortella, filósofo e palestrante, que diz o seguinte: “Faça o teu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores, para fazer melhor ainda!”

Ela me faz muito sentido. Principalmente, nesse início de ano, onde ao vislumbramos metas, projetos, tentar zerar a lista de desapegos (de pessoas tóxicas, de pensamentos ruins, de coisas materiais, etc), acabamos caindo na malícia tendenciosa de nos autosabotar incluindo metas inalcançáveis ou mesmo medindo nossas trajetórias pela régua do outro (comparação).

Mas quais são os seus receios? Por que esperar a próxima segunda para começar? Ou o próximo ano? Ou a virada do calendário? E por que não começar agora a provocar em você as mudanças necessárias? Sim, com os recursos que tem!

Mas claro, preciso reconhecer que é necessária muita coragem para assumir as rédeas da própria vida. No entanto, entregar-se ao comodismo, jamais conseguirá te fazer feliz. Continuará vivendo frustrados, no modo automático.

Ou seja, é aquela velha história: quem renuncia seus desafios, suas fragilidades e estranhezas, acaba por ocultar as suas belezas e fica estagnado, pois é só nas profundezas do subterrâneo que encontramos aquilo que precisamos ser.

Então, lhe digo: comece agora a trabalhar em seus projetos e desejos. Seja você mesmo e saboreie as dores e as delícias de ser quem se é, porque como diria Paulo Leminski: “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é, ainda vai nos levar além”.

É claro que todos nós queremos ser felizes e realizados, mas nossa mente é complexa e nossos sentimentos também. Muitas vezes, fruto de dificuldades emocionais durante uma vida inteira, desenvolve-se uma baixa autoestima capaz de te maltratar como ninguém. Não tenha dúvidas que nós somos os nossos maiores inimigos.

Portanto, não é saudável se diminuir, menosprezar seus sonhos e desejos, muito menos acumular um conjunto de ações negativas que tragam mais sofrimento.

E para que qualquer gesto de autocuidado e confiança tenha espaço, é necessário refletir sobre o que está fazendo e como está lidando com seus desafios atuais.

E que tal um skincare da mente?

Separei 6 sinais que acendem um alerta vermelho sobre a autossabotagem e o desânimo, que precisamos abolir da nossa vida. Confira abaixo e dê o próximo passo rumo ao seu recomeço?

🧠 Dar preferência a opinião dos outros, colocando-as acima do seu bem-estar;

🧠 Escolher companhias que, frequentemente, te levam a alimentar negatividade em seu emocional;

🧠 Se xingar e se diminuir, ainda que mentalmente, toda vez que falhar;

🧠 Ignorar as necessidades da sua mente e do seu coração como se fossem “frescuras”;

🧠 Deixar de se alimentar, de se exercitar, se isolar e se machucar (isso inclui automutilação);

🧠 Não dar uma oportunidade aos seus sonhos e objetivos pessoais, abandonando-os na primeira dificuldade.

Se identificou? Então, mova-se, mude seu próprio cenário e viva melhor consigo.

MOVA-SE NA DIREÇÃO DOS SEUS SONHOS!

Vista sua melhor versão e siga em frente. Coloque coragem na bagagem e vá sem medo!!

Estou na torcida por você. Te desejo vitalidade e muita resiliência para ir em busca do que deseja. Não coloque na porta de ninguém seus objetivos, responsabilizando o outro por seus resultados. Eles são seus, acredite e brigue por eles.

Andrea Ladislau, doutora em Psicanálise Contemporânea (Foto: Pedro Costa)

*Andrea Ladislau é pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É também graduada em Letras e Administração de Empresas, palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.

Contatos: Instagram: @dra.andrealadislau / Telefone: (21) 96804-9353 (Whatsapp)

Andrea Ladislau colabora para a seção Palavra de Especialista toda quarta-feira. Dúvidas e sugestões para palavradeespecialista@vidaeacao.com.br.

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