O setor de resíduos é a terceira maior fonte de metano no mundo e a segunda maior no Brasil, sendo responsável por 16% das emissões deste gás tóxico, tanto por águas residuárias quanto pela disposição final de resíduos sólidos em aterros e lixões (10%), de acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

A destinação inadequada de resíduos para lixões ou aterros compromete a saúde pública, contamina o solo e contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa. Além dos impactos ambientais, o desperdício também é econômico. Estima-se que o Brasil perde, anualmente, entre R$ 1 e R$ 8 bilhões pelo enterramento de resíduos orgânicos, segundo o Plano Nacional de Redução e Reciclagem de Resíduos Orgânicos Urbanos (Planaro).

No Brasil, a reciclagem atinge apenas 4% das mais de 81,8 milhões de toneladas de resíduos produzidos pela população. Os baixos índices são indicativos para a implantação de políticas públicas que garantam a coleta seletiva. Além disso, 25% dos municípios brasileiros estão sem nenhum tipo de incentivo à separação de lixo. O levantamento mais recente foi realizado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrelpe) em 2022.

Em 2020, estima-se que a geração global de Resíduos Sólidos Urbanos tenha sido de 2,1 bilhões de toneladas por ano. Dados da Agência Ambiental da ONU também revelaram que devido a uma combinação de crescimento econômico e populacional, projeta-se um aumento de 56%, chegando a 3,8 bilhões de toneladas até 2050, se as medidas urgentes não forem tomadas.

No dia 17 de maio, celebra-se o Dia Internacional da Reciclagem, uma data instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência, e a Cultura (Unesco) para destacar a importância da gestão adequada dos resíduos sólidos, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de separar e dar destinação correta a resíduos que podem ser reaproveitados.

Só 0,3% dos resíduos coletados no país são compostados

Uma parcela significativa dos resíduos sólidos urbanos é composta por materiais orgânicos – de acordo com dados compilados pela iniciativa Brasil Composta Cultiva, do Instituto Pólis, aproximadamente 45,6% dos resíduos coletados no país são orgânicos compostáveis, como restos de alimentos e resíduos de jardim.

Entretanto, menos de 0,3% desses resíduos são efetivamente compostados. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SINISA), apenas 2% dos resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil foram encaminhados para reciclagem.

A compostagem é uma solução que cresce significativamente no país, mesmo que ainda com limitado apoio e investimento comparado ao aterro sanitário, por exemplo. Apenas entre 2022 e 2023, o número de unidades de compostagem no país cresceu de 76 para 118 (aumento de 55%), indicando um grande interesse das cidades”, afirma Victor Argentino, coordenador de projetos em resíduos sólidos no Instituto Pólis.

Segundo ele, o potencial de geração de empregos também é um fator importante, gerando de 5 a 10 vezes mais empregos que o aterro sanitário por tonelada tratada, sendo também uma potencial fonte de renda para catadores e catadoras que hoje lideram a reciclagem no país”, completa Victor.

3 dicas para reduzir o impacto ambiental dentro de casa

Tudo isso começa com hábitos simples dentro de casa. Estima-se que até 2050, a geração de resíduos sólidos domiciliar no mundo deve crescer 80%, alcançando 3,8 bilhões de toneladas por ano.

Por isso, nesta data tão significativa, o especialista em reciclagem Alex Pereira, presidente da Coopermiti, cooperativa especializada em e-lixo, traz três dicas para reduzir o impacto ambiental dentro de casa a partir de medidas simples no dia a dia. Uma delas é a compostagem. Confira!

1. Coleta Seletiva: A coleta seletiva em casa é um passo fundamental para a redução do impacto ambiental e a destinação correta dos resíduos. Separar materiais recicláveis, como plástico, vidro, papel e metal, facilita o trabalho das cooperativas de reciclagem e evita que esses itens acabem em aterros sanitários ou no meio ambiente.

Tenha cuidado redobrado para o descarte de vidros, evitando com que os coletores e trabalhadores da reciclagem se machuquem. Resíduos como pilhas, baterias, lâmpadas e equipamentos eletroeletrônicos não podem ser descartados junto aos materiais recicláveis, Tudo isso faz parte de uma vida mais sustentável.

2. Descarte ecológico de lixo eletrônico

O Brasil produz 2,4 milhões de toneladas de lixo eletrônico anualmente. É o quinto país no mundo na lista dos que mais geram esse tipo de resíduo, mas não existe coleta seletiva para este tipo de material. O que fazer?

Qualquer aparelho que seja ligado na tomada, use pilhas ou baterias não podem ser descartados no lixo comum e na coleta seletiva de materiais recicláveis, o e-lixo precisa ser encaminhado para locais de tratamento especializados e licenciados para esta atividade, como, por exemplo, a Coopermiti.

O atual ritmo de produção e consumo significa mais lixo eletrônico e recursos naturais extraídos. Com a reciclagem de eletrônicos podemos recuperar parte desses materiais e devolver para a indústria, diminuindo a extração. No entanto, a falta de conhecimento das pessoas sobre a necessidade do descarte ecológico é um dos nossos principais desafios. Hoje, a Coopermiti é habilitada para receber este tipo de material, garantindo a geração de trabalho, renda e capacitação aos cooperados”, destaca.

3. Compostagem: Você sabia que dá para fazer compostagem em casa? Restos de frutas, legumes, cascas de ovos e até borra de café podem ser transformados em adubo rico em nutrientes para hortas e jardins. O processo pode ser feito em pequenos espaços, como apartamentos, utilizando composteiras domésticas que evitam mau cheiro e facilitam a decomposição natural dos resíduos.

Além de reduzir a emissão de gases do efeito estufa gerados pelo descarte inadequado, a prática contribui para fechar o ciclo dos alimentos, devolvendo matéria orgânica ao solo de forma sustentável”, afirma Alex Pereira.

Para mais dicas de sustentabilidade e para conhecer os pontos de coleta para lixo eletrônico, acesse: www.coopermiti.com.br

Educação ambiental é a chave para promover a reciclagem

A falta de conscientização da população sobre a importância da reciclagem e a separação correta dos materiais também contribui para os desafios enfrentados pelo setor. A sociedade precisa compreender os benefícios ambientais da reciclagem e deixar de descartar seus resíduos de maneira indiscriminada.

O Brasil ainda enfrenta deficiências na legislação relacionada à gestão de resíduos sólidos, bem como na implementação de programas de educação ambiental e conscientização pública. Para superar esses desafios, é essencial uma abordagem integrada que envolva o governo, o setor privado, as ONGs e a sociedade civil.

A educação ambiental é a chave para promover a reciclagem. Ao capacitar a sociedade sobre a importância da separação de resíduos e os benefícios ambientais da reciclagem, estamos construindo um futuro em que cada indivíduo se torna um agente ativo na preservação do nosso planeta”, disse a diretora do Instituto de Embalagens, Assunta Napolitano Camilo.

Economia circular pode ajudar a melhorar índices de reciclagem

Além disso, a falta de políticas públicas eficientes e investimentos em infraestrutura de reciclagem é outro fator limitante. Para Assunta  Camilo, o caminho para reduzir a quantidade de lixo está na economia circular. explica o conceito da circularidade, que prioriza processos de produção que atende a demanda de sustentabilidade desde o design dos produtos.

A circularidade redefine a maneira como produzimos, e como concebemos. Coloca em destaque a necessidade de projetar produtos desde o início com a sustentabilidade em mente, garantindo que cada passo do processo seja um ciclo contínuo de responsabilidade ambiental.”

Nesse contexto, a economia circular abrange várias estratégias, incluindo a reutilização de produtos, a reciclagem de materiais e a redução do desperdício. As características preponderantes desse modelo são: baixo carbono e inclusão social. Fazem parte do projeto de Economia Verde o consumo consciente, a reciclagem, a reutilização de bens, o uso de energia limpa e a valoração da biodiversidade.

O ecodesign é uma parte fundamental da economia circular e tem sido aplicado em diversos produtos de diferentes setores da economia. Empresas que abraçam o ecodesign atendem às demandas crescentes por embalagens de menor impacto ambiental e se destacam no mercado.

O ecodesign é essencial para reduzir o impacto ambiental das embalagens, promovendo práticas alinhadas com os princípios da economia circular. Ao adotar abordagens de design conscientes, podemos contribuir significativamente para promover a reciclagem e um mundo melhor”, destacou Assunta Napolitano Camilo.

Fundado em 2005, o Instituto de Embalagens tem o objetivo de levar conhecimento para a indústria de bens de consumo e de embalagens, visando o seu avanço e crescimento. O trabalho consiste na coordenação e realização de cursos, encontros, treinamentos e publicações técnicas.

Desde a criação do Kit de Referências de Embalagens, primeiro material didático do Instituto de Embalagens, a entidade já publicou 24 livros e realizou 108 cursos e 142 eventos, com a participação de mais de 19 mil profissionais.

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Brasil reciclou quase 6 mil toneladas de latas de alumínio para bebidas em 30 anos

Dados da Recicla Latas mostram que há 20 anos a média do índice de reciclagem se mantém em 97,1%

A reciclagem de resíduos sólidos transforma materiais descartados em novos produtos, reduzindo a necessidade de matérias-primas virgens. Essa prática diminui a exploração de recursos naturais, frequentemente não renováveis, como minérios e petróleo. Reciclar uma tonelada de alumínio, por exemplo, economiza 95% de energia elétrica e evita a extração de 5 toneladas de bauxita, matéria-prima essencial para a produção de alumínio.

Além disso, a reciclagem ajuda a reduzir a emissão de gases de efeito estufa. De acordo com a Recicla Latas – entidade que coordena o programa de aprimoramento da reciclagem de latinhas -, em uma década, a reciclagem de latas de alumínio para bebidas no Brasil evitou a emissão de 15 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.

Ano a ano o Brasil vem avançando e já é um líder global em reciclagem de latas de alumínio para bebidas: foram quase 6 mil toneladas desde 1990. A reciclagem de latas de alumínio para bebidas gera trabalho e renda para mais de 800 mil catadores. Existem 36 centros de coleta em 19 estados, além de centros de laminação e reciclagem, e 25 fábricas distribuídas por todas as regiões do país.

Em celebração ao Dia Internacional da Reciclagem, é essencial que possamos refletir em conjunto sobre nossos hábitos de consumo e descarte para garantir um futuro melhor. Cada ação individual faz a diferença na contribuição para um futuro mais sustentável. “A reciclagem é uma ferramenta essencial para construir um mundo onde os recursos são valorizados, o meio ambiente é protegido e que vivamos em um planeta saudável”,  afirma explica Renato Paquet, secretário executivo da Recicla Latas.

Segundo ele, o trabalho desenvolvido no Brasil para o aperfeiçoamento da reciclagem de resíduos sólidos é resultado de anos de pesquisa e adaptação. A busca por evolução constante é o que faz com que o país se destaque no cenário global.

Sabemos que a reciclagem faz diferença, não só para a gestão de resíduos e a diminuição dos aterros sanitários, mas também para a manutenção da camada de ozônio e o aquecimento global. A reciclagem é a nossa contribuição para a conservação do meio ambiente”, destaca.

Brasil reciclou 33,8% das embalagens pós-consumo de isopor

A reciclagem de embalagens de isopor também vem aumentando. No mais recente levantamento PICPlast, realizado anualmente pela MaxiQuim, em 2022 foram reciclados 33,8% do EPS (mais conhecido como isopor*) utilizados no país. Entre os diversos tipos de plásticos, o índice de reciclagem de EPS pós-consumo só perde para o de PET, que é de 53,6%.

Só a Termotécnica já recuperou e reciclou aproximadamente 48 milhões de quilos de EPS – o que equivale a uma área de mais de 10 estádios do Maracanã – contribuindo para dar nova vida às embalagens pós-consumo de EPS. Antecipando-se à PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos –, desde 2007 a empresa atua na reciclagem desses materiais e vem aumentando a rede de parceiros para logística reversa deste material em shoppings, condomínios, cooperativas de reciclagem, gestores de resíduos, presídios, prefeituras, indústrias, grandes varejistas, entre outros.

Todos nós, como sociedade, temos que ser conscientes de que uma vez que um material, produto ou embalagem seja utilizado, temos a responsabilidade individual por sua correta destinação. Mas para isso é preciso também que os agentes públicos e privados ofereçam condições de fácil acesso ao descarte destes materiais recicláveis à população, condomínios e empreendimentos, com um amplo e conectado sistema de gestão de resíduos nas cidades”, diz Albano Schmidt, presidente da companhia;

 

Atualmente o Programa Reciclar EPS gera cerca de 100 empregos diretos, conta com diversos Pontos de Coleta distribuídos pelo país, 65 indústrias clientes e importadoras parceiras, 60 gestores de resíduos, 100 cooperativas de recicladores, o que impacta diretamente mais de cinco mil famílias.

Com Assessorias

 

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