volta às aulas é sempre um momento de preocupação para os pais, com diferentes desafios ao retomar a rotina. Muitas vezes, os filhos ficam doentes logo nos primeiros dias de aula porque, nas escolas, é comum que crianças e adolescentes entrem em contato com doenças contagiosas. Portanto, no retorno dos estudantes às salas de aula é importante que os responsáveis confiram se a carteira de vacinação está em dia. 

As vacinas são fundamentais para o controle de doenças, principalmente porque o adoecimento nos primeiros anos em que as crianças estão em ambiente escolar é mais comum. Isso ocorre devido ao contato intenso entre elas nas fases iniciais, quando começam a frequentar espaços mais aglomerados”, afirma Raul Queiroz Mota de Sousa, médico de família e comunidade da UBS Jardim Valquíria, em São Paulo.

De acordo com Fábio Argenta, diretor médico da Saúde Livre Vacinas, a vacinação infantil é essencial para combater a propagação de doenças. “Essa técnica cria barreiras de proteção para impedir que males como vírus, bactérias e germes se disseminem, além de evitar quadros graves. Essa forma de proteção é segura e eficaz. Contudo, ajudam a diminuir custos com tratamentos médicos e internações também”, comenta.

Alerta para vacinas contra a meningite

Antes mesmo do primeiro dia de aula, as crianças devem estar vacinadas contra doenças como gripe, varicela, rubéola e a meningite meningocócica, uma das doenças preocupantes na infância. De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, no período acumulado entre 2023 e 2024, foram registrados 41.712 casos de meningite no Brasil, com 24.802 confirmações, representando 59,5% do total de casos.

Algumas doenças infeciosas podem ter desfechos graves em crianças, mas são preveníveis por vacinas, como alerta a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Balallai. Essas doenças são causadas por bactérias do tipo pneumococo e meningococo, mas o SUS oferece as vacinas Pneumo-10, Meningo C e Meningo ACWY que protegem contra os sorotipos mais prevalentes.

Um terço dos infectados por meningite pneumocócica morre e 20% dos que tem meningite meningocócica morrem. “E dos que sobrevivem, um em cada cinco vai ter sequela grave como amputação dos membros, entre outras, para o resto da vida”, adverte.

Covid-19 mata crianças abaixo de 1 ano não vacinadas

Isabela também lembra que o segundo grupo que mais morre de covid-19 no Brasil é de crianças menores de 1 ano que não estão vacinadas. “A pandemia está numa situação muitíssimo melhor, mas a gente ainda tem muitos casos e muitas mortes”,

Desde o ano passado, a vacina contra a covid-19 faz parte do calendário básico do SUS e todas as crianças de 6 meses a menos de 5 anos devem receber duas ou três doses, dependendo do imunizante. Mas, de acordo com o painel de cobertura vacinal do Ministério da Saúde, só 32,4% do público-alvo de até 4 anos tomaram pelo menos duas doses.

Ela também cita a coqueluche, infecção respiratória causada por bactéria, que atinge principalmente os bebês e têm causado surtos em diversos locais. Em 2024, o Brasil registrou mais de 6.700 casos da doença, 31 vezes mais do que em 2023, e 28 mortes.

A vacina Penta, aplicada nas crianças, protege contra a coqueluche e também contra difteria, tétano, hepatite B e infecções por Haemophilus influenzae B, mas é essencial que as mulheres grávidas recebam o imunizante dTpa em todas as gestações, para que o bebê já nasça com anticorpos.

Crianças transmitem covid-19 e influenza aos adultos

Manter as vacinas em dia ajuda a proteger as crianças de diferentes doenças e evita a contaminação coletiva. A diretora da SBIm também ressalta que a vacinação de crianças e adolescentes ajuda a prevenir o adoecimento da população em geral, porque eles são grandes vetores de agentes infecciosos.

Toda vez que você tiver um grupo grande de crianças ou de adolescentes convivendo, tem um aumento de risco de transmissão de doenças. Então, é por isso que vacinar significa se proteger daquela doença e também proteger a coletividade”, explica Isabela Ballalai.

Segundo ela, crianças e adolescentes também são os maiores transmissores de pneumococos e meningococos. Por essa razão que as crianças de seis meses até menores de 6 anos devem ser imunizadas nas campanhas anuais.

A literatura mostra que a primeira onda de casos de influenza na sazonalidade ocorre entre as crianças. Então, no ambiente coletivo como a escola, os surtos são mais do que comuns: essas crianças se infectam, adoecem e transmitem a influenza”, ressalta.

Para que essa cadeia de transmissão seja interrompida, ela recomenda que estudantes com sintomas como febre, tosse e coriza fiquem em casa enquanto estiverem doentes e pelo menos mais 24 horas, depois que os sintomas cessarem.

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A importância da vacinação nas escolas

Outra medida essencial, de acordo com a Sbim, é a vacinação dos profissionais das escolas, para que eles não se contaminem e não transmitam doenças aos alunos. Esta semana, o Ministério da Saúde retomou o programa Vacina nas Escolas, que visa ampliar a cobertura vacinal entre crianças e adolescentes e também entre o público adulto que frequenta o ambiente escolar.

Para Fábio Argenta, as escolas são imprescindíveis na defesa da ciência, no combate à desinformação e no fortalecimento das campanhas estratégicas de vacinação. Dessa forma, o ambiente escolar passa a ser um aliado confiável na prevenção de doenças, promovendo a saúde individual e coletiva.
Por serem espaços onde as crianças passam grande parte do seu dia, podem fortalecer seu papel de atuação com a realização de palestras com profissionais de saúde, atualizar os quadros e murais de comunicação com cartazes e distribuir materiais informativos sobre doenças comuns e perigosas, além de esclarecer a importância da imunização e o funcionamento das vacinas no organismo”, destaca.

SUS oferece 16 vacinas gratuitas para crianças e adolescentes

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece 16 vacinas para crianças e adolescentes que protegem contra mais de 20 doenças, além das vacinas contra dengue, que é aplicada em regiões do país com maior risco de contágio, contra a influenza, que tem campanha anual, e de alguns imunizantes especiais para públicos específicos.
Algumas delas têm esquema de duas ou três doses, outras exigem dose de reforço algum tempo depois do esquema inicial para que a proteção permaneça alta. Ou seja: a proteção efetiva depende de muitas idas ao posto de saúde e não apenas para os bebês.

É essencial lembrar que o calendário vacinal varia conforme a idade e condições de saúde. Confira as principais imunizações recomendadas, de acordo com o Ministério da Saúde:

Aos 4 anos:

  • Vacina DTP (2º reforço): Previne difteria, tétano e coqueluche;
  • Vacina Febre Amarela (reforço): Protege contra a febre amarela;
  • Vacina Varicela (1ª dose): Previne a catapora.

Aos 5 anos:

  • Vacina Febre Amarela (1ª dose): Para crianças que não receberam as duas doses antes de completar 5 anos;
  • Vacina Pneumocócica 23-valente (2ª dose): Indicada para populações indígenas, protege contra infecção invasiva pelo pneumococo.

Aos 7 anos:

  • Vacina Difteria e Tétano (dT): Reforço a cada dez anos, ou a cada cinco em caso de ferimentos graves, a fim de evitar difteria e tétano.

Aos 9 e 10 anos:

  • Vacina HPV (dose única): Protege contra os tipos de Papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18.

Com informações da Agência Brasil e Assessorias de imprensa

 

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