Este verão tem sido um dos mais quentes dos últimos anos, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e, com a volta às aulas, o ar-condicionado entra em cena. Afinal, para manter o ambiente confortável e estimular o foco no aprendizado, o clima precisa estar agradável. Mas é bom ter cuidado para não exagerar.

Andressa Peixoto, pneumologista pediátrica do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), orienta sobre os cuidados para se ter um ambiente agradável para o aprendizado e evitar doenças e alergias. Segundo ela, a temperatura ideal para se manter o ar-condicionado é entre 23 e 24 graus, ou seja, nem tão gelado, para evitar o choque térmico, e nem tão quente quanto o ambiente externo.

A médica ressalta os benefícios que uma sensação térmica agradável pode propiciar. “Diante deste cenário de altas temperaturas, o uso adequado da ferramenta permite que a criança regule melhor a temperatura corporal e, com isso, alcance melhores resultados cognitivos e melhora da atenção”, diz.

“O bem-estar dos alunos e professores precisa ser levado em consideração, pois estamos enfrentando um calor excessivo, que aumenta a chance de desidratação, e estabilizar a temperatura ambiente e controlar a exposição ambiental traz conforto”, completa.

Temperatura e manutenção

Para estarem adequadas, as escolas devem passar por uma avaliação do espaço da sala de aula e da quantidade de alunos na classe, além de manter a higienização e manutenção periódica trimestral do equipamento. O controle da temperatura deve ser verificado de periodicamente, a fim de não se tornar um problema para a saúde dos alunos e professores.

“Não é recomendado que as crianças permaneçam em temperaturas muito baixas. A exposição constante a ambientes frios pode causar queimaduras na pele – e este é um dos riscos mais leves dessa exposição. As áreas afetadas geralmente ficam avermelhadas e dormentes e o tratamento é feito por reaquecimento”, explica a especialista.

O risco de causar uma pneumonia

Outro ponto de atenção é o choque térmico. “A oscilação abrupta de temperatura pode ser um fator desencadeante para hiper-responsividade da via aérea para crianças com problemas respiratórios que não estejam controlados”, diz.

Ter o cuidado em manter o aparelho de ar-condicionado com a manutenção em dia é primordial. Caso contrário, isso pode desencadear sérios problemas de saúde.

“Pode ser uma fonte de contaminação, aumentando o risco de pneumonia por germes atípicos, como a Legionella, por exemplo. A infecção é adquirida ao inalar gotículas de água contaminada, geradas pelo ar-condicionado não-higienizado”, destaca.

Segundo ela, aqueles que já possuem alguma alergia são os que mais sofrem, uma vez que a falta de manutenção pode proliferar no ar os aeroalérgenos – como ácaros, poeira, fungos, bolores entre outros – que aumentam as chances de crise de asma, exacerbação de rinite alérgica e crises de tosse.”

Aos pais, a médica recomenda algumas ações que garantirão o conforto do aluno durante as aulas. “Manter a hidratação da criança; caso ela se queixe de ressecamento ocular, é indicado o uso de lubrificantes; higienização nasal; ter sempre um agasalho leve na mochila, uma vez que existe também a percepção e sensibilidade individual de cada criança.”

Com os cuidados citados e a temperatura adequada, não há problemas de um aluno, por exemplo, com problemas alérgicos, permanecer no ambiente. No entanto, se o tempo for prolongado, pode ser aconselhável aumentar a umidade relativa do ar com o uso de umidificadores, devido ao ressecamento das vias aéreas provocado pela exposição prolongada.

Ambiente fechado

Quem tem filhos na idade escolar sabe que, devido ao convívio, sempre há a possibilidade de gripes, viroses e outras doenças do gênero acometer diversas crianças ao mesmo tempo. A médica explica que em ambientes fechados, como aqueles com ar-condicionado ligado, o contágio por vírus de transmissão respiratória é bem maior.

“Permanência em espaços fechados e com pouca ventilação pode facilitar a circulação de microrganismos, principalmente vírus respiratórios”, afirma.

Em resumo, o ar-condicionado tem seus prós e contras, e deve ser usado com os devidos cuidados em dias realmente quentes. Quando for possível, não abrir mão da ventilação natural, com janelas e portas abertas. Esses cuidados tornarão o equipamento um bom aliado do conforto para o aprendizado.

 

Uso do ar-condicionado em ambientes para bebês

Retorno das atividades escolares favorece a circulação de vírus e bactérias em creches e escolas

O retorno às aulas é um momento de expectativa tanto para os pais, quanto para os pequenos. Mas, as interações entre as crianças e a aglomeração em locais fechados acendem o alerta para a adoção de medidas para conter a disseminação de vírus, bactérias e infecções.

Em períodos de calor extremo, o ar condicionado pode ser um ótimo aliado para amenizar as temperaturas, mas com alguns cuidados. Coordenadora médica da linha pediátrica do Hospital São Luiz Osasco, Fabíola La Torre recomenda o uso moderado do equipamento principalmente em ambiente com bebês, o que alerta as mamães que deixam seus filhos nos berçários e maternais das creches para poderem trabalhar.

“O aparelho não pode ser instalado próximo ao berço ou cama dos bebês e a temperatura deve ser amena, em torno de 25 graus. Além disso, limpe os filtros semanalmente e busque umidificar o ambiente. Mesmo no verão, é preciso se preocupar com gripes, resfriados e pneumonia, que podem ocorrer em qualquer época do ano”, ressalta.

Segundo ela, a reunião de crianças em uma sala, dependendo da idade, pode facilitar a transmissão de agentes patogênicos. Por isso, é muito comum que crianças que começam a frequentar creches e escolas fiquem doentes com mais frequência, já que passam a ter contato com mais pessoas e novos vírus e bactérias, enquanto o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento.

Essa sazonalidade é percebida no pronto-socorro infantil do São Luiz Osasco. Em março de 2023 houve um aumento superior a 115% nos atendimentos, em relação ao mês de janeiro. “E a alta continua entre os meses de março e maio, quando as crianças estão frequentando a escola. Em contraponto, as quedas acontecem exatamente em julho e dezembro, períodos de férias”, analisa a coordenadora.

Infecções mais comuns que se pega na escola

Durante o período escolar, são comuns infecções como conjuntivite, otite, gripes, resfriados, infecções na garganta, gastroenterites, pneumonia, catapora, coqueluche, sarampo, caxumba, rubéola, rotavírus, meningites, entre outras, em sua maioria, virais.

“São doenças que exigem atenção dos pais e podem afastar a criança do convívio social por até três semanas quando mais graves”, complementa Dra. Fabíola.

Alguns sintomas clínicos servem de alerta, como febre, dores, bolhas ou feridas na pele, tosse, cansaço, cólicas, náuseas, falta de apetite, diarreia, vômito, fraqueza, dores abdominais e coriza.

“Ao identificar sintomas a recomendação é evitar mandar a criança à escola e adotar medidas que evitem que os vírus e bactérias se espalhem como, por exemplo, usar máscara, higienizar bem as superfícies e as mãos, e evitar o compartilhamento de utensílios”, destaca a pediatra do São Luiz Osasco.

Em casos com piora do quadro clínico, como dificuldade para respirar, febre persistente, desidratação, reações alérgicas e em casos de doenças preexistentes, como asma ou diabete, o ideal é buscar atendimento médico o mais precocemente possível.

“A criança com sintomas leves se mantém ativa, brincando, e pode ser mantida em casa, com observação dos sintomas. Porém casos persistentes ou com piora clínica, o recomendado é ir ao pronto-socorro”, orienta La Torre.

Uma importante aliada para prevenção de doenças na infância é a vacinação infantil. Desde o nascimento as crianças devem receber todas as vacinas previstas no calendário vacinal infantil, de acordo com a faixa etária.

“Além disso, a promoção de hábitos saudáveis, como higiene, sono e atividades físicas, é fundamental na prevenção de doenças. Nas escolas, é essencial manter ambientes bem ventilados e incentivar o uso de álcool em gel e a lavagem das mãos”, orienta Dra. Fabíola.

7 dicas para prevenir doenças em crianças na volta às aulas

– Higiene é essencial: Incentive a lavagem frequente das mãos, uso de máscara e higiene das superfícies. Além disso, evite o compartilhamento de itens pessoais, como toalhas, talheres e copos.

– Ambientes ventilados: Certifique-se de que as salas de aula estejam arejadas e bem ventiladas.

– Cuidados ao tossir ou espirrar: Sempre oriente e estimule a criança a cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, para evitar a propagação dos vírus e bactérias.

– Vacinação em dia: Mantenha a caderneta de vacinação em dia. Na dúvida, vá até uma Unidade Básica de Saúde (UBS), para atualização. As vacinas estão disponíveis gratuitamente na rede pública de saúde e são essenciais para proteger o seu filho e as demais crianças.

– Observação de sintomasEsteja atento aos sinais de infecção respiratória e outras doenças. Em caso de sintomas, evite mandar a criança à escola.

– Pronto-socorro em casos especiais: Procure ajuda médica em casos de sintomas graves ou condições médicas preexistentes.

– Promova hábitos saudáveis: Estimule uma alimentação equilibrada, exercícios físicos e atividades ao ar livre para fortalecer a saúde das crianças.

Com assessorias

 

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