Mais do que um gesto de amor, adotar é um ato de coragem. Que o digam o empresário e apresentador Benjamin Cano e o marido Louis Planès, franceses que vivem no Brasil há mais de 10 anos. Em 2017, após uma espera de dois anos, eles conseguiram adotar Vinícius, que nasceu na rua e estava com cinco meses de idade. Agora a luta é pela adoção de um irmão ou irmãzinha para o pequeno. E essa espera já dura quatro anos.
O casal entrou em 2015 com a habilitação na Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro. Durante um ano, participou de encontros com psicólogos e assistentes sociais para obter um estudo da condição familiar. Depois de aprovados, esperaram dois anos com imensa expectativa, um contato da Justiça para saber se havia uma criança disponível para o casal.
Até que um dia receberam a aguardada ligação de uma juíza carioca, informando que uma colega, também juíza, de Ilhéus, Bahia, estava com um caso de um recém-nascido prematuro de cinco meses, sem pretendentes.
O pequeno Vinícius havia nascido na rua, com apenas 900 gramas. Foi reanimado na ambulância do SAMU e abandonado no hospital. A mãe biológica não chegou a ficar nem três horas com o bebê. Imediatamente eles se interessaram e foram até a Bahia. Ali começou a conexão do casal com Vinicius.
O bebê, já com dois meses e meio de vida, teve alta da UTI um dia após a ligação da juíza, quando os novos pais foram buscá-lo na maternidade. Era dia 11 de maio de 2017. Naquela época, a nova família teve de permanecer na Bahia por três semanas, pois Vinicius estava tão magro que a pediatra não autorizou a viagem de avião para o Rio.
Benjamin diz que, apesar da pouca idade de Vinícius, ele já conversou com a criança sobre adoção. “Desde que ele chegou bebê na casa da gente, estamos falando da sua adoção. Óbvio, em função das idade, com palavras e histórias adequadas. No dia 11 de maio, foi o dia da chegada dele em casa. Nessa data, temos uma comemoração em casa para lembrar a chegada dele e ele recebe um presentinho”, finaliza.
LEIA MAIS
Adoção no Brasil, uma conta que não fecha: conheça 6 mitos e verdades
Diversidade na paternidade: com quantos pais se faz uma família?
‘Às vezes, durmo e sonho que adotei 4 crianças. Quando acordo, era verdade’
Vinicius pede um irmão
Atualmente, Vinícius tem quatro anos e pede um irmão. O casal está na fila para um novo filho há quatro anos. Apesar da demora no processo, eles não pensam em outros métodos para ter um filho, como barriga solidária ou até de aluguel. “Jamais. Tem tantas crianças para serem adotadas! O nosso projeto é realmente apenas a adoção. Já conversamos bastante sobre todas as possibilidades de sermos pais e a única que faz sentido para Louis e eu e de adotar”, enfatiza.
O Dia Nacional da Adoção, celebrado no dia 25 de maio, foi oficializado a partir do decreto de lei nº 10.447, de 9 de maio de 2002 e tem o intuito de desmistificar o tema e fomentar um dos princípios mais importantes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): o direito da convivência familiar e comunitária com dignidade.
Para Benjamin, a adoção deveria ser mais incentivada para que não houvesse mais nenhuma criança em abrigo. Para ele, quem adota uma criança ou adolescente, não só cumpre o propósito de garantir o direito à família, mas ressignifica o amor.
Adotar é um ato de amor. As crianças nos abrigos merecem amor e uma família que vai dar um lar para eles. Então, por favor, vá se habilitar e entrar na fila. Em 2021, não deveria ter sequer uma única criança em abrigo. Deveria ser uma causa nacional”, pontua.
Tudo mudou depois do Vinícius
Benjamin conta o que mudou na vida dele e de Louis depois que passaram a ser pais de Vinícius: “Tudo mudou: a rotina, a alegria, a vida do casal em si, os projetos pelo futuro, o jeito de se projetar, a forma de pensar a vida, porque você inclui o ser humano a mais, que é seu filho”.
Muitos casais adotantes têm medo de que um dia a criança procure os pais biológicos. Benjamin não teme isto e inclusive irá apoiar o menino caso ele queira conhecer a sua família biológica.
Se um dia Vinícius quiser encontrar a mãe dele, porque o pai está desconhecido, ajudaremos ele. Estaremos junto com ele em todas as etapas. Guardamos todas as informações da mãe biológica dele para que, caso ele quisesse ter acesso, ele teria. Não temos problemas com isso. Somos a família dele, não tenho dúvida”, afirma.