As novas formações familiares refletem diversidade, mudanças sociais e culturais, além de, apesar da discriminação e do preconceito ainda muito frequentes, reforçar a necessidade do despertar de um novo olhar para a ampliação do entendimento tradicional de família.  Sem dúvida alguma, a base desse novo modelo é o afeto, o cuidado, a responsabilidade e a convivência digna e saudável. 

Considerando os aspectos básicos da saúde mental, é importante deixar claro que a garantia de um desenvolvimento emocional saudável de uma criança, criada em ambiente familiar homoafetivo, não é a orientação sexual dos pais, mas a qualidade desse cuidado, do afeto dispensado, do suporte ofertado e da estabilidade emocional que se constrói através do convívio.

O relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, que envolve a criação de uma criança, exige além de uma presença ativa e amorosa, muita segurança emocional e limites definidos. Afinal, a parentalidade não é, e não pode ser guiada ou determinada pelo gênero ou orientação sexual dos responsáveis. É muito mais que isso. Uma relação familiar saudável é fomentada por vínculos fortes, muito amor, tolerância e empatia.

Não podemos nos enganar quanto aos avanços do tema. Muita coisa já mudou ao longo dos anos, mas o preconceito e a discriminação ainda reinam nesse cenário e contribuem de maneira negativa, afetando a autoestima, o bem estar emocional e a saúde mental dos componentes dessa nova família.

Nesse sentido, quanto mais segurança, cuidado, limite, diálogo aberto e orientação para a criança, menor o risco de bullying e abusos tóxicos no universo social em que ela se encontra.  

O principal papel dos pais, certamente, é auxiliar a criança a encarar as adversidade que possam surgir, através do apoio e da escuta ativa. Não importa o modelo familiar, o pilar do amor, afeto, cuidado e responsabilidade, precisa ser fortalecido para que a harmonia e o equilibro, façam parte da construção de um ambiente mais inclusivo e empático, tanto para os responsáveis, quanto para os seus filhos.

Ou seja, entre preconceitos e afetos, pais de mesmo sexo vivem em meio a um turbilhão de emoções, no que diz respeito a essa parentalidade segura. Cuidar, amar e educar é um desafio constante em famílias tradicionais, e não é diferente nas novas concepções familiares. Não importa a formatação, o amor é igual. 

Ao falar em laços de afeto, não podemos esquecer do fato de que, família não se escolhe. Independente do modelo, o olhar psicólogo deve estar voltado para o vínculo, o direito de amar, educar, dar e receber amor. Pois, a dinâmica emocional envolvida vai tratar dessa construção relacional entre pais-filhos, que exige atenção quanto ao apego seguro e saudável.

Relações desequilibradas influenciam, diretamente, na saúde mental, tanto dos filhos, quanto dos pais, além de afetar as escolhas e a identidade de cada personagem envolvida nessa história. 

Portanto, a evolução das configurações familiares contemporâneas exige, pela ótica psicológica, atenção quanto a relação emocional de pais e filhos, no que diz respeito ao fortalecimento dos vínculos afetivos, assim como da dinâmica de proteção e equilíbrio mental.

O cuidado e a responsabilidade devem seguir de mãos dadas no enfrentamento das situações adversas que possam vir a surgir. Pois, a autoestima e a consciência de seu papel e de sua importância dentro da relação, também fazem muita diferença no desenvolvimento emocional das crianças. Isso gera o que chamamos de: validação emocional. 

Enfim, a base de uma comunicação afetiva saudável e de qualidade, é a clareza e a honestidade, componentes psíquicos que tendem a criar um ambiente de apego seguro dentro das relações homoafetivas, seja para os filhos ou para os pais. Além disso, o sucesso no combate aos estigmas e preconceitos só é possível através do reconhecimento da diversidade familiar, seja no campo social, psicológico ou emocional. 

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *