O Brasil enfrenta uma onda crescente de casos de dengue, o que eleva as preocupações de saúde pública em todo o território nacional. Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e Acre decretaram estado de emergência contra a dengue nas últimas semanas. O aumento de casos forçou as autoridades a tomarem medidas para conscientizar e proteger a população.

Com as altas temperaturas e o aumento no volume de chuvas, típicos do verão, a incidência de mosquitos e insetos aumenta nas cidades. Diante do incômodo das picadas, a população recorre a repelentes para evitar o problema. No feriado de Carnaval, quando muitas pessoas viajam ou aproveitam para descansar em casa, existe a preocupação de alertar a população contra o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chicungunya.

Como nenhum desses espaços está livre da incidência do mosquito, é preciso tomar cuidado na hora de escolher os produtos e na sua aplicação em adultos e, principalmente, nas crianças. Mas ainda são muitas as dúvidas em relação ao uso de repelentes. Uma delas é sobre o uso de repelentes caseiros, já que nem todo mundo tem condições de comprar produtos de marca nas farmácias. Mas a recomendação é evitar os repelentes caseiros.

O Conselho Federal de Química (CFQ) emitiu um alerta sobre isso nesta quinta-feira (8) – “receitas caseiras podem não apresentar a eficiência que se espera e ainda representar riscos à saúde”- e reforçando a recomendação de que a população opte pelo consumo de repelentes comerciais registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já que estes são submetidos à comprovação científica. Confira esta e outras dúvidas a respeito.

Por que não se deve usar repelentes caseiros?

Para maior proteção contra mosquitos como o Aedes Aegypti, o Conselho Federal de Química (CFQ) defende que a população deve consumir produtos repelentes que sejam registrados na Anvisa. Todos os produtos registrados na agência são submetidos a testes de controle de qualidade, segurança e eficiência em laboratórios por profissionais devidamente capacitados, tal como Profissionais da Química legalmente habilitados junto ao Sistema CFQ/CRQs que, “utilizando a Ciência como bússola, estudam, apontam, produzem e controlam quais são os ingredientes eficazes e seguros para consumo”, esclarece.

“Os repelentes caseiros, por sua vez, ainda que sejam fabricados com produtos naturais, não passam por essa fiscalização e, portanto, não possuem as garantias necessárias para o consumo seguro. A efetividade dessas misturas são questionáveis, uma vez que os próprios ingredientes utilizados na confecção possuem variações que não são medidas adequadamente”, afirma o Conselho.

Ainda segundo o CFQ, “a falta de um padrão ou a incompatibilidade de materiais usados na formulação desses produtos também faz com que a estabilidade química e a eficácia variem de um repelente para o outro, podendo provocar reações adversas consideráveis na pele e nas mucosas”.

Alguns dos ingredientes usados nessas fórmulas possuem compostos sensíveis, como as furocumarinas, que, quando presentes em excesso na pele e expostos ao sol, podem gerar fitodermatoses como irritações, queimaduras e formação de bolhas. Com isso, a proteção que deveria ser conferida pelo produto ao longo do tempo pode ficar comprometida ou mesmo se apresentar insuficiente desde o início, além de poder gerar problemas na saúde das pessoas expostas.

Quais são os repelentes mais eficazes no mercado?

Segundo Mayla Carbone, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), os repelentes à base de DEET e Icaridina são comprovadamente eficazes contra a dengue. No entanto, de acordo com a médica, os mais eficazes são os repelentes que possuem 25% de concentração de Icaridina.

“Diversas marcas oferecem produtos com essa especificação no rótulo. Seja qual for a escolha, é importante destacar que quanto maior a concentração do princípio ativo, maior será a proteção oferecida”, diz.

Mayla ressalta que uma das principais vantagens da Icaridina é sua baixa toxicidade, o que significa que ela não causa danos aos tecidos corporais humanos nem danifica as roupas.

“Outro benefício significativo é que ela possui uma ação prolongada, protegendo a pele por até 10 horas, o que elimina a necessidade de reaplicação frequente e reduz o risco de toxicidade. Além disso, é hipoalergênica, ou seja, tem uma menor probabilidade de causar irritação na pele e pode ser indicada para uso em crianças, idosos e gestantes”, acrescenta.

Como as crianças devem usar repelente?

A médica alergista e imunologista da Espaço Zune, Millena Andrade, alerta que é necessário proteger bebês e crianças, inclusive os recém-nascidos. Segundo ela, xistem muitas opções de repelentes no mercado, mas precisamos estar atentos às recomendações médicas e também do fabricante para usá-los de maneira segura e de acordo com a idade da criança.

“Para os recém-nascidos, a opção mais segura ainda é a proteção mecânica, ou seja, usar mosquiteiros, telas nas janelas, roupas de mangas compridas e calças. Mas, para essa época de maior incidência da doença, podemos usar o adesivo ‘Sai Mosquito’, que deve ser colado nas pernas, por cima da roupa do bebê”, explica a médica.

O repelente de tomada para  usar em casa pode ser usado?

Segundo Milena, o repelente de tomada também pode ser um aliado, desde que usado de forma correta. Ele é liberado para uso em ambientes com crianças maiores de seis meses. A forma mais segura de ser utilizado é colocar o aparelho na tomada apenas 30 minutos antes de dormir devido risco de intoxicação.

“Não deve utilizar mais de um aparelho no mesmo quarto menor ou com até 10 metros quadrados; ligar o mais longe possível do berço ou da cama (pelo menos dois metros); deixar a porta ou janela aberta para repelir os mosquitos e retirar o aparelho após esse tempo mantendo sempre fora do alcance das crianças e dos animais domésticos”, orienta a especialista.

Como usar o repelente tópico de forma correta nas crianças?

O produto deve ser passado em regiões de pele exposta e nunca por baixo da roupa, porque precisa de evaporação para repelir o inseto. Para crianças de 6 a 24 meses é orientado aplicar apenas uma vez ao dia; entre 2 e 12 anos podem ser utilizadas duas aplicações ao dia e, a partir de 12 anos de idade, podem ser realizadas duas a três aplicações ao dia.

Alguns cuidados essenciais segundo a alergista:

Nunca aplique o produto na mão da criança para que ela mesma espalhe no corpo, pois ela pode esfregar os olhos ou levar a mão na boca;

Aplique na quantidade e no intervalo recomendados pelo fabricante;

Não aplique próximo à boca, nariz, olhos ou sobre feridas;

Quando não for mais necessário, o repelente deve ser retirado com banho, com água e sabão;

Não permita que a criança durma com o repelente aplicado e dê preferência para opções em loção ou gel.

Produtos disponíveis no mercado e suas indicações adequadas

  • Antes dos três meses: proteção mecânica, ou seja, usar mosquiteiros, telas nas janelas, roupas de mangas compridas e calças e o adesivo “Sai Mosquito”, que deve ser colado nas pernas, por cima da roupa do bebê;
  • A partir de 3 meses: repelentes com o princípio ativo de icardina (Exposis bebê e Off Baby);
  • A partir de 6 meses: repelentes com o princípio ativo de icardina na concentração de 20%. (Exposis, Baruel, SPB, Sunlau e Granado) ou IR 3535 na concentração de até 20% (Johnson Loção Antimosquito e Repelente infantil Huggies Turma da Mônica);
  • A partir de 2 anos: repelentes à base de DEET (Repelex, OFF).

O que vem antes, o repelente ou o protetor solar?

Durante a ida à praia, qual deve ser aplicado primeiro, o protetor ou o repelente? A dermatologista Mayla Carbone explica que para garantir uma defesa eficaz contra os mosquitos e os raios solares, é recomendado aplicar primeiro o protetor solar e depois o repelente. A sugestão da médica é sempre aplicar o repelente por último na pele, sempre protegendo a pele com uma camada generosa de hidratante e filtro solar antes de passar o repelente.

“Sugiro aplicar o filtro solar em casa, aguardar a absorção por alguns minutos, em seguida o repelente e só depois vestir a roupa”, recomenda. “A razão por trás dessa ordem é que o repelente contém substâncias que afastam os insetos e aplicar o filtro solar ou outros produtos de beleza posteriormente, como creme hidratante, pode acabar diminuindo a eficácia dessas substâncias”, alerta.

Assim como os protetores solares convencionais, os que possuem repelente e baixa concentração de Icaridina precisam ser reaplicados a cada duas horas para garantir uma proteção eficaz.

“Além do verão, os protetores solares e os repelentes podem ser utilizados em outras épocas do ano, como no fim do inverno e durante o outono, quando há presença de insetos em cidades mais úmidas”, finaliza.

Com Assessorias

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