Dimas Francisco, de 59 anos, chegou ao Hospital Municipal Ronaldo Gazolla no dia 8 de abril e passou 12 dias entubado, respirando com ajuda de aparelhos. Na noite de sexta-feira (24), ele deixou a UTI, sob aplausos dos profissionais que cuidaram dele. Agora, está na enfermaria, terminando de se recuperar, para poder voltar para casa.

Desde que a unidade de referência para a Covid-19 na rede municipal foi criada, no dia 23 de março, 609 pacientes foram internados na unidade e 185 já tiveram alta.  Atualmente, o Ronaldo Gazolla está com 219 leitos disponíveis, 81 deles de terapia intensiva. Esse número será ampliado progressivamente até a capacidade de 381 leitos. Do total, 201 serão de UTI (182 para adultos e 19 para crianças e adolescentes).

O hospital recebe pacientes em dois níveis de complexidade. Os mais graves, com insuficiência respiratória, que muitas vezes precisam do auxílio de ventiladores mecânicos para respirar, são levados diretamente para a UTI. Outros, não tão graves e sem comprometimento respiratório, ficam nas enfermarias, com suporte de oxigênio e observação próxima das equipes médica e de enfermagem, para rápida atuação em caso de agravamento do quadro.

Rotina de atendimento começa na emergência

Na entrada do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, a chegada das ambulâncias trazendo pacientes infectados pelo coronavírus dá início à nova rotina estabelecida no atendimento prestado pela unidade, desde que se tornou a primeira de referência para o tratamento de Covid-19 na rede municipal do Rio.

O paciente que chega já passou por outra unidade de saúde e é transferido para a unidade por meio da Central unificada de regulação. O protocolo é colocado em prática assim que o paciente é transportado para dentro do hospital. Ele é avaliado por uma equipe multidisciplinar ainda no andar térreo. Após os exames, é encaminhado para um leito de enfermaria – ou, conforme a gravidade, para a UTI.

Somos um hospital de internação. Recebemos aqui os pacientes que tiveram o primeiro atendimento em uma unidade de urgência e emergência e vieram para cá em ambulâncias, transferidos pela Central de Regulação – explica o superintendente-médico do Ronaldo Gazolla, César Fontes.

As equipes do hospital também tiveram que se adaptar à nova realidade, que começa também com a proteção dos próprios profissionais que trabalham na linha de frente. Todos recebem os equipamentos de proteção individual e as orientações sobre o uso correto durante o atendimento. Foi uma transformação não só na estrutura, mas na vida dos profissionais do hospital, que antes abrigava também uma maternidade.

Nossa rotina de atendimento se divide em dois tempos. No primeiro, assim que o paciente chega, é avaliado por uma equipe multiprofissional, que estabelece os critérios de risco do caso. Se o paciente chegar lúcido, tem também apoio psicológico neste momento. Num segundo tempo, são definidas pela equipe as condutas necessárias ao tratamento específico do paciente, com base em suas necessidades”, explica o coordenador-médico de terapia intensiva, Sandro Oliveira.

além dos epis: profissionais de saúde têm apoio psicológico 

O Hospital Ronaldo Gazolla garante que está abastecido com todos os equipamentos de proteção individual (EPI). O almoxarifado conta com capotes, máscaras N-95, óculos, face shieds, luvas, entre outros. Os tipos de EPI e as indicações de uso de cada um, conforme perfil de atendimento das unidades e procedimentos realizados, estão definidos nos protocolos da Anvisa e do Ministério da Saúde.

Mas o apoio aos profissionais de saúde vai além dos EPIs. O aumento da demanda por leitos na unidade de referência diante do avanço dos casos da doença também levou a direção do hospital a criar um grupo de apoio para os profissionais de saúde. O Núcleo de Psicologia está colocando em prática ações de acolhimento, proteção e promoção à saúde mental dos colaboradores do Hospital Ronaldo Gazolla. O serviço prevê um espaço de escuta, individual ou em grupo, para promover a troca de experiências, reflexão e entendimento sobre tudo o que acontece no ambiente de trabalho.

Estamos finalizando o plano de ação com estratégias psicossociais para darmos conta também da saúde mental dos colaboradores, oferecendo um espaço de acolhimento e escuta, para reduzir riscos do esgotamento laboral”, diz a psicóloga Paola Dantas.

 

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