As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) – que são formadas pela Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa – são patologias que podem afetar da boca ao ânus causando úlceras internas nos tecidos e órgãos, entre eles mais comumente no final do intestino delgado, intestino grosso e reto, sendo a colonoscopia o principal exame para o diagnóstico.

Essas alterações fazem parte da vida de aproximadamente 5 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, estima-se que uma a cada mil pessoas tenha alguma Doença Inflamatória Intestinal. Segundo o Ministério da Saúde, em 2022, foi constatado um aumento de 233% na quantidade de pessoas diagnosticadas com DII em comparação a 2012.

Mesmo sendo crônicas, as Doenças Inflamatórias Intestinais não são fatais, mas precisam de tratamento e acompanhamento pois geram muito impacto na vida dos acometidos. Apesar de não haver cura, os tratamentos podem devolver a qualidade de vida aos pacientes. E há tratamentos disponíveis tanto via plano de saúde quanto via Sistema Único de Saúde (SUS), mas ainda falta ampliar o acesso tanto ao diagnóstico quanto a esses tratamentos.

Esta realidade está perto de mudar. Nesta quinta-feira (22), foi publicada no Diário Oficial da União a Lei nº 15.138, que institui a Política Nacional de Assistência às Doenças Inflamatórias Intestinais e estabelece diretrizes claras e ações integradas de todos entes federativos através do Sistema Único de Saúde (SUS).

As Doenças Inflamatórias Intestinais não são contagiosas, mas as consequências podem ser desastrosas, como formação de fístulas ou estreitamentos intestinais que podem levar a hospitalizações, cirurgias e até ostomias”,  alerta a Associação de Gastroenterologia do Rio de Janeiro.

Pessoas jovens são as mais afetadas pelas doenças intestinais

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Os jovens (entre 15 e 40 anos) são os mais afetados, mas todas as faixas etárias devem ficar alertas aos sintomas como diarreia (evacuar por mais de cinco vezes ao dia), dor abdominal crônica, sangramento, emagrecimento e fadiga que dificultam que as pessoas consigam trabalhar numa fase de atividade da doença.

Em 2024, o cantor Adrián Olivares, de 48 anos, que fez parte da banda Menudo, sucesso nos anos 80, morreu por causa de complicações da Doença de Crohn, um distúrbio inflamatório do trato gastrointestinal que causa inúmeros sintomas. O problema merece atenção especial e o diagnóstico precoce é importantíssimo para evitar complicações e o desfecho triste.

Diarreia intensa, presença de sangue nas fezes, dor abdominal, febre, perda de peso, desnutrição, lesões ao redor do ânus e outros, que podem afetar desde a boca até o ânus”, explica Luiz Bertoncello, coloproctologista do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP).

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Diferenças entre Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa

A professora da Faseh, médica cirurgiã geral e oncológica, Fernanda Parreiras, explica que a Doença de Crohn pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, da boca ao ânus, provocando inflamações profundas e com áreas intercaladas de tecido saudável. Já a Retocolite Ulcerativa atinge o intestino grosso (cólon e reto) e causa inflamação contínua da mucosa, com formação de úlceras.

De acordo com um estudo da USP (Universidade de São Paulo) sobre tendências de doenças inflamatórias intestinais no Brasil, publicado pela revista The Lancet Regional Health Américas, a Doença de Crohn cresce 12% ao ano no Brasil, com maior incidência nas regiões Sul e Sudeste.

É uma das mais frequentes alusivas à inflamação intestinal, ao lado da retocolite ulcerativa. Apesar de distintas, elas têm algumas semelhanças: são crônicas, de longa duração, têm recorrência (recaída) e períodos de bem-estar (remissões), geralmente afetam pessoas entre 10 e 40 anos de idade, mas também podem surgir em idosos. Ambas são relacionadas com a autoimunidade do paciente”, destaca o especialista.

Segundo Bertoncello, a doença tem causas complexas, que podem ter relação com imunidade, fatores ambientais, infecciosos e genéticos. “O diagnóstico envolve uma avaliação clínica e uma série de exames, como análises de sangue, fezes, colonoscopia e/ou endoscopia com biópsia, além de exames de imagem”.

Tratamento e prevenção das doenças

Pessoas que tiveram familiares com essas doenças têm uma predisposição maior para desenvolvê-las.  As duas doenças têm origem autoimune e os sintomas mais comuns são diarreia frequente (que pode ter sangue ou muco), dor abdominal, perda de peso inexplicada, fadiga constante, febre e anemia. “Caso esses sinais estejam presentes por várias semanas, é importante procurar um médico para investigação”, ressalta Fernanda Parreiras.

O tratamento varia conforme o estágio. “O reconhecimento precoce dos sintomas é fundamental para um tratamento eficaz. Por isso, consultar um especialista é crucial para prevenir complicações, como intervenções cirúrgicas, por exemplo. Com o acompanhamento adequado, é possível obter uma melhora significativa da qualidade de vida, uma vez que a doença não tem cura, mas pode ser controlada”, conclui.

De acordo com a professora, adotar um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, controle do estresse, prática regular de atividades físicas e evitar o tabagismo pode ajudar a reduzir os riscos e controlar os sintomas em quem já tem o diagnóstico.

Atualmente, não existe cura definitiva, mas os tratamentos disponíveis – que incluem medicamentos, mudanças de estilo de vida e, em alguns casos, cirurgia – conseguem controlar os sintomas, evitar crises e permitir que o paciente tenha uma vida ativa e produtiva”, finaliza.

Agenda Positiva

Cristo Redentor iluminado: Maio Roxo alerta para a conscientização e cuidado

Este mês é dedicado à campanha de conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), iniciativa conhecida como Maio Roxo. A professora da Faseh, médica cirurgiã geral e oncológica, Fernanda Parreiras, explica que a iniciativa tem como objetivo informar a população, combater o preconceito e incentivar o diagnóstico precoce dessas doenças que, embora muitas vezes silenciosas, podem impactar profundamente a vida dos pacientes.

A campanha Maio Roxo é fundamental para que as pessoas conheçam os sinais das DII e busquem ajuda médica o quanto antes. O diagnóstico precoce evita complicações, melhora a qualidade de vida e reduz o tempo entre os primeiros sintomas e o tratamento adequado. Além disso, é uma forma de acolher e dar visibilidade aos pacientes que convivem diariamente com essas doenças”, aponta.

Nesse sábado, 24 de maio, das 19h30 às 20h30, o monumento ao Cristo Redentor será iluminado em roxo em prol do Maio Roxo, em uma parceria entre o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor e a Associação de Gastroenterologia do Rio de Janeiro (AGRJ). Com a iluminação deste sábado, a AGRJ almeja dar mais visibilidade para as Doenças Inflamatórias Intestinais e, consequentemente, à jornada dos pacientes.

Ao longo de todo mês foram e serão realizadas ações tendo pela conscientização sobre essas doenças. Na parceria com o Santuário Cristo Redentor, a AGRJ vai ministrar palestras informativas que visam à prevenção de doenças do aparelho digestivo, para mulheres em situação de vulnerabilidade social atendidas pelo Centro de Acolhimento à Mulher Nossa Senhora do Parto, localizado na Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro, no Centro do Rio, e mantido pelo Consórcio Cristo Sustentável.

Com Assessorias

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