Atletas renomados já revelaram que enfrentaram complicações relacionadas à trombose, o que destaca a necessidade de conscientização e medidas preventivas quanto à doença. Esta condição envolve a obstrução de veias ou artérias no organismo humano, é um problema de saúde sério que pode afetar pessoas de todas as idades e estilos de vida. Apesar de a prática de exercícios regulares ser uma das principais recomendações para prevenir a doença, atletas não estão imunes à ocorrência e complicações da trombose.

Dentre os grandes nomes do esporte mundial, a tenista Serena Williams enfrentou dois quadros de embolia pulmonar, tendo que se ausentar das quadras durante 10 meses em uma das ocasiões. Em 2010, Williams passou por uma operação no pé direito e enfrentou uma embolia pulmonar (EP) na sequência. Oito anos depois, a atleta revelou ter tido complicações durante o parto de sua filha, com a formação de pequenos coágulos no pulmão.

Brandon Ingram, jogador de basquete do Los Angeles Lakers, precisou ficar afastado por oito semanas na temporada de 2019 da NBA devido a uma trombose venosa profunda no braço. No Brasil, o jogador de futebol Raniel desenvolveu uma trombose em 2020, enquanto atuava no Santos, ao retornar para o Brasil após uma partida no Paraguai pela Libertadores. Já a jogadora do Flamengo, a lateral Jucinara, em 2015, foi acometida por uma trombose que evoluiu para uma embolia pulmonar e que acabou impossibilitando que entrasse em campo por cerca de um ano

Marcelo Melzer Teruchkin, cirurgião vascular e coordenador do Núcleo de Medicina Vascular do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), fala sobre os perigos da trombose, os fatores de risco envolvidos e porque é comum atletas serem acometidos pela doença. Ele explica que, para atletas, há circunstâncias adicionais que podem favorecer o desenvolvimento da trombose. “Traumatismos que envolvam imobilização, carga excessiva nos treinos e uso de anabolizantes são fatores de risco adicionais para atletas”, alerta o Dr. Teruchkin.

De acordo com o médico, quando se trata de modalidades esportivas, não há esportes específicos que causem trombose, mas a probabilidade de acidentes pode aumentar em esportes com contato físico mais intenso. “O uso de esteroides anabolizantes, que é prática ocasional entre alguns atletas, também pode aumentar o risco de trombose, pois essas substâncias podem causar aumento da viscosidade sanguínea, tornando o sangue menos fluido e predispondo à obstrução das veias”, afirma.

Trombose não faz distinção e pode afetar qualquer pessoa

Segundo o Dr. Teruchkin, a trombose não faz distinção e pode afetar qualquer pessoa, mas existem fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolvimento da doença. “Tabagismo, obesidade, sedentarismo, gravidez, puerpério e viagens longas de avião são alguns dos principais fatores de risco para a trombose. O uso de hormônios, incluindo anticoncepcional, reposição hormonal e anabolizantes, pacientes com câncer e com doenças sanguíneas (trombofilias) também aumentam o risco de doença”, afirma.

trombose ocorre quando há a formação de um coágulo sanguíneo em uma veia ou artéria no organismo humano, resultando na obstrução do fluxo de sangue. Ela pode ser venosa ou arterial, dependendo de onde o coágulo, também chamado de trombo, se forma. A trombose venosa profunda (TVP) normalmente acomete os membros inferiores, causando dor, inchaço e mudança de coloração no membro afetado.

Uma das complicações mais graves da TVP ocorre quando o trombo se desprende da veia dos membros inferiores e se desloca para os pulmões por meio do fluxo sanguíneo, podendo causar falta de ar e queda da pressão arterial e até levar a uma parada cardiorrespiratória. Já a trombose arterial representa uma das principais causas de morte no mundo e provoca condições graves de saúde, como AVC e infarto agudo do miocárdio.

Segundo o Dr. Teruchkin, a prevenção da trombose é fundamental e envolve a manutenção de um estilo de vida saudável, incluindo uma alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, manutenção de peso adequado, controle do tabagismo, uso de hormônios apenas sob recomendação médica e manter o checkup clínico em dia.

“Qualquer prática esportiva feita de forma adequada e supervisionada é benéfica a nossa circulação”, afirma. Para atletas, o cirurgião vascular recomenda cuidados adicionais, como evitar o uso de hormônios e tomar precauções para evitar acidentes durante a prática esportiva.

O tratamento da trombose envolve o uso de medicamentos anticoagulantes, repouso e, em alguns casos, o uso de meias de compressão. O diagnóstico precoce reduz o risco de complicações e costuma ser realizado através de exames como o ecodoppler das veias das pernas. “O período de tratamento pode variar de três a seis meses ou, em casos especiais, pode ser necessário o uso de medicação por toda a vida”, alerta o médico.

“A prevenção da trombose é um aspecto essencial da saúde vascular, não importando a idade e o estilo de vida do paciente. Por isso, são muito importantes iniciativas  para aumentar a conscientização sobre a doença na sociedade. Com conhecimento, precaução e cuidados adequados, é possível reduzir significativamente o risco dessa condição”, finaliza o Dr. Teruchkin.

Cigarro também aumenta o risco de trombose

Mais de 4.000 compostos químicos (muitos deles tóxicos), incluindo a nicotina, o monóxido de carbono, a acroleína e outros oxidantes: essa é a composição da fumaça de cigarro, cuja exposição constante induz a múltiplos efeitos patológicos no organismo, causados pelo estresse oxidativo das células.

“Os efeitos adversos do cigarro são muitos e, no caso da saúde das veias, o fumo também afeta principalmente a circulação e isso favorece o aparecimento de processos de trombose (com entupimento dos vasos e que pode levar à morte), principalmente quando associado a fatores de risco”, afirma a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Por conta de todas as doenças associadas, o tabagismo é, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a principal causa de morte evitável no mundo.

Normalmente relacionado ao aumento da probabilidade de desenvolver infarto, o cigarro também pode causar problemas circulatórios como arteriosclerose (envolvendo as artérias da perna) e tromboangeite obliterante – distúrbio que afeta as extremidades do corpo. “Em ambos os casos, há riscos de ter de amputar o membro (como pernas, pés e mãos)”, explica.

A médica enfatiza que a nicotina está ligada à diminuição da espessura dos vasos sanguíneos. “Além disso, o monóxido de carbono oferece um fator adicional de risco ao diminuir a concentração de oxigênio no sangue. Todo esse processo pode causar complicações para o normal funcionamento dos vasos, que ficam mais susceptíveis ao entupimento, podendo levar a processos de trombose principalmente quando há fatores de risco envolvidos”, afirma a médica.

trombose é um termo que se refere à condição na qual há o desenvolvimento de um ‘trombo’, um coágulo sanguíneo, nas veias das pernas e coxas. Esse trombo entope a passagem do sangue. Os principais fatores de risco são: dor na perna, obesidade, uso de hormônios (pílula anticoncepcional), portadores de qualquer tipo de câncer, portadores de Trombofilias (doença do sangue que deixa maior predisposição a coagulação sanguínea) e qualquer condição que aumente a imobilização (gesso, deficientes físicos, fraturas), gestantes e idosos.

Alguns estudos também sugerem que a exposição à fumaça do cigarro resulta na ativação das plaquetas e estimulação da cascata de coagulação, por isso há um aumento na incidência de trombose arterial em fumantes. “Ao mesmo tempo, as propriedades anticoagulantes naturais são significativamente diminuídas”, comenta.

Outra complicação do cigarro é que o ele dificulta o importante papel do sangue no processo de cicatrização, após cirurgias e procedimentos. “O vaso mais estreito tem um fluxo menor de sangue e o suprimento de oxigênio aos tecidos é afetado. Isso dificulta a cicatrização e pode causar até necrose de pele. Várias substâncias no cigarro dificultam a formação de fibroblastos, células ligadas ao processo cicatricial”, comenta.

A médica alerta que, para os fumantes, o acompanhamento médico é fundamental para impedir que as doenças apareçam ou progridam.

Com Assessorias

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!
Shares:

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *