A trombose ocorre quando há a formação de coágulos que impedem o fluxo normal do sangue nas veias ou artérias.Essa condição que ainda recebe pouca visibilidade, mas pode trazer consequências graves, como embolia pulmonar, infarto, acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e até amputações.  Segundo dados de organizações internacionais, ocorrem cerca de 10 milhões de casos de trombose anualmente no mundo 

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou mais de 75 mil casos de trombose em 2024, e apenas nos primeiros seis meses de 2025, já foram contabilizados mais de 36 mil novos diagnósticos. A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), afirmou que só em 2023, a média diária foi de 165 internações por trombose venosa, número recorde observado nos últimos 13 anos.

Geralmente, a doença está associada a fatores como idade avançada, histórico familiar, obesidade, câncer, uso de anticoncepcionais combinados ao tabagismo, cirurgias, imobilidade prolongada e gestação. Mas pode afetar pessoas de todas as idades e em diferentes situações.  Como foi o caso da jornalista Márcia Sad, 37 anos, que descobriu há poucas semanas que estava com trombose e conta que os primeiros sinais foram sutis.

Começou com uma mancha vermelha na parte interna da coxa esquerda que doía ao toque. Depois de três dias, a dor desceu para a panturrilha, e comecei a ter dificuldades para andar”, relata.

O diagnóstico foi confirmado por exame de Doppler, que identificou trombose em duas veias da perna esquerda. Márcia permaneceu internada por três dias e iniciou tratamento com anticoagulantes ainda no hospital. “Era uma dor como se o músculo estivesse repuxando e latejava bastante. Ficou um pouco inchado, mas foi a dificuldade para caminhar que me fez procurar a emergência”, relembra.

Atenção para os sinais de trombose

Hoje, ela encara a doença como um alerta para o autocuidado. “Não sei ao certo se a trombose foi por conta da cirurgia que fiz na vesícula, pelo uso de anticoncepcional ou pela obesidade. Mas o que mais me surpreendeu foi perceber que é essencial conhecermos os sinais do corpo e buscarmos ajuda ao notar algo diferente. Pode acontecer com qualquer um, a qualquer momento”, diz.

O Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose, em 16 de setembro, é um alerta sobre os riscos e as formas de prevenção dessa condição que afeta milhares de pessoas no Brasil e no mundo.  Para o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), Armando Lobato, relatos como o de Márcia reforçam a importância da data.

Trombose é uma condição séria que ainda recebe pouca atenção, dificultando seu diagnóstico precoce. Iniciativas como essa são fundamentais para lembrar a população da importância de cuidar da saúde vascular, estar atento aos sinais do corpo e buscar acompanhamento médico regular”, afirma.

Márcia aproveita a data para reforçar a importância da atenção aos sintomas,

Esteja atenta aos sinais do corpo e procure um médico assim que notar algo fora do normal. Quanto mais cedo o tratamento começar, melhores serão os resultados”, diz ela. Após a experiência, ela mudou hábitos: “vou continuar a medicação por seis meses, fazer exames de rotina, parei com o anticoncepcional e voltarei a praticar exercícios físicos para melhorar a circulação”.

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SBACV faz alerta para sintomas e oferece orientações de prevenção

trombose venosa profunda (TVP) acontece quando formam-se coágulos nas veias profundas, geralmente localizados nas pernas, impedindo o sangue de fluir normalmente. Os sintomas podem ser dor, inchaço e mudança na coloração da pele. Quando não tratada, a trombose pode evoluir para complicações graves, como a embolia pulmonar, quando o coágulo se desloca até os pulmões, com risco de morte.

Diversos elementos podem favorecer a formação de coágulos, entre eles predisposição genética, cirurgias, câncer, longos períodos de internação e idade avançada. Além disso, a imobilidade prolongada, comum em viagens longas ou em situações de trabalho sedentário, aumenta as chances de ocorrência. Em ambientes de clima seco, a desidratação também se torna um fator agravante, pois o sangue fica mais concentrado e perde sua fluidez.

De acordo com o cirurgião vascular e diretor de publicações da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Ivan Benaduce Casella, o crescimento do número de ocorrências de trombose identificados no Brasil deve-se, em parte, ao uso não orientado de pílulas anticoncepcionais, ao envelhecimento da população e também aos avanços nos métodos de diagnóstico, que permitem reconhecer mais casos com precisão.

Trombose tem sinais silenciosos e exige diagnóstico precoce

Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose reforça a necessidade de ampliar o conhecimento sobre a doença e suas complicações

A detecção precoce é fundamental, mas nem sempre é simples. Em muitas situações, os sinais podem ser discretos ou até inexistentes, o que dificulta a identificação imediata da doença. O tratamento inclui o uso de anticoagulantes e, em situações específicas, procedimentos cirúrgicos para a remoção do coágulo. Nos últimos anos, novas classes de medicamentos orais facilitam o manejo da doença, com menos necessidade de monitoramento frequente.

Atualmente, no SUS, a maior parte dos serviços ainda não dispõe dos anticoagulantes mais modernos para tratar a trombose venosa profunda. O medicamento mais usado continua sendo a varfarina, que exige acompanhamento rigoroso e ajustes frequentes de dose.

Hoje, estima-se que ocorram entre 180 mil e 300 mil casos de trombose por ano no Brasil. Esses números não são exatos porque ainda há falhas na coleta de dados epidemiológicos, o que dificulta mensurar com precisão a incidência e suas complicações, como a embolia pulmonar.

A prevenção envolve hábitos simples: manter a hidratação adequada, controlar o peso, praticar atividades físicas regulares e evitar a imobilidade prolongada. “Para pessoas com histórico familiar ou maior vulnerabilidade, o acompanhamento médico contínuo é indispensável. Prevenir é sempre mais eficaz e seguro do que tratar”, reforça Dr. Ivan Casella.

De acordo com Caio Focássio, cirurgião vascular membro da SBACV é crucial estar atento aos sinais e aos fatores de risco que aumentam as chances de desenvolver trombose. “Pessoas que passam longos períodos sentadas trabalhando ou em viagens longas, ou que apresentam condições como obesidade, tabagismo, gravidez e doenças cardíacas, estão no grupo de maior risco”, alerta o médico.
Além disso, cirurgias prolongadas, especialmente ortopédicas, também são fatores predisponentes. O Dr. Caio explica que os sintomas de trombose podem ser silenciosos ou manifestar-se por dor e inchaço nas pernas, vermelhidão e sensação de calor na área afetada. “O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações mais graves”, ressalta.

Evitar longos períodos sentado é essencial para quem trabalha ou viaja por muitas horas que precisa, necessariamente levante-se e caminhar a cada 1 ou 2 horas além de beber água regularmente para ajudar a manter o sangue mais fluido e a prevenir a formação de coágulos. Pessoas com pré-disposição ainda precisam usar as meias de compressão e todos precisam evitar o cigarro, que é um fator que aumenta significativamente os riscos”, alerta.

O médico afirma ainda que a trombose, apesar de perigosa, pode ser evitada com hábitos saudáveis e cuidados médicos. “O check-up vascular anual ajuda a manter os riscos da condição se instalar”, finaliza.

 

5 dicas para prevenir a trombose

1. Mexa-se com frequência
Evitar longos períodos sentado é fundamental para reduzir o risco de trombose venosa profunda (TVP). Levante-se e caminhe a cada 1–2 horas, alongando-se e ativando as panturrilhas, por exemplo, elevando calcanhares e pontas dos pés. Durante voos, prefira assentos no corredor e faça pausas para caminhar; em viagens de carro, programe paradas regulares para alongamento e movimentação.
2. Mantenha hábitos saudáveis
Praticar atividade física regularmente, manter boa hidratação e controlar o peso são medidas que ajudam a prevenir a TVP. Além disso, é importante evitar o tabaco e o consumo excessivo de álcool, que aumentam o risco de complicações trombóticas.
3. Considere o uso de meias de compressão graduada
Em situações de risco, como voos com mais de quatro horas, o uso de meias de compressão graduada pode ser recomendado. Estudos clínicos mostram que elas ajudam a reduzir a ocorrência de TVP assintomática em viagens longas. Para que sejam eficazes, devem ser utilizadas com orientação médica e no tamanho correto.
4. Avalie o risco após cirurgias ou imobilizações
Pessoas que passaram por cirurgias, internações prolongadas ou imobilizações, como uso de gesso, devem solicitar avaliação médica para identificar o risco de TVP. A profilaxia inclui estratégias como deambulação precoce, dispositivos mecânicos e, quando indicado, anticoagulação, contribuindo para a redução de eventos trombóticos.
5. Conheça fatores de risco e sinais de alerta
É fundamental reconhecer fatores de risco como cirurgia recente, imobilização, câncer, gravidez ou puerpério, uso de hormônios com estrogênio e histórico prévio de TVP. Fique atento a sinais de alerta, incluindo dor ou inchaço assimétrico nas pernas, calor e vermelhidão local. Procure atendimento imediato se houver falta de ar súbita ou dor torácica.

Com Assessorias

 

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