Considerada um problema de saúde global, a trombose ocorre quando há formação de coágulos do sangue, conhecidos como trombos, nas veias ou artérias. Tratando-se de uma enfermidade crescente no mundo todo, profissionais da saúde promovem anualmente, no dia 13 de outubro, o Dia Mundial da Trombose, uma campanha com o objetivo de alertar e conscientizar a população sobre os perigos dos coágulos. A trombose é uma doença perigosa, que afeta principalmente idosos, mas que pode ser prevenida.

Dayse Maria Lourenço, médica hematologista, professora-doutora da Faculdade de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que há dois tipos de trombose, a venosa e a arterial. “Embora ambas sejam chamadas de trombose, porque correspondem à formação de um coágulo dentro dos vasos, essas tromboses têm formação, origens e causas diferentes, então elas funcionam como doenças diferentes”, explica.

A trombose venosa ocorre, principalmente, nas veias internas das pernas, causando dor e inchaço dos membros. Esse coágulo pode se espalhar para a circulação pulmonar, levando a uma das principais complicações da doença, a embolia pulmonar, uma doença que que causa lesão grave nos pulmões e pode ser fatal. A trombose venosa das pernas é caracterizada por sintomas como dor e inchaço dos membros. E a embolia pulmonar é suspeitada pela ocorrência de dor no peito e falta de ar.

Já as tromboses arteriais normalmente se formam nos próprios órgãos. “As tromboses arteriais mais conhecidas são o infarto do miocárdio (trombose da coronária) e o AVC (acidente vascular cerebral, também conhecido popularmente como ‘derrame’) que se constitui numa trombose das artérias cerebrais”, diz dra. Dayse.

Uma vez que os sintomas apareçam, é fundamental buscar ajuda médica o mais rápido possível, pois o quanto antes for tratada, melhor o prognóstico do paciente. No entanto, é possível se prevenir contra a doença ao implementar medidas como a adoção de um bom estilo de vida e alimentação saudável. A médica também indica evitar maus hábitos, como o tabagismo e o ganho de peso excessivo. Além disso, dra. Dayse afirma ser importante prestar atenção à ocorrência de doenças associadas à trombose arterial, como colesterol alto e diabetes.

A especialista em hematologia ressalta que a trombose pode acometer pessoas de todas as idades, porém é mais frequente nos idosos. Segundo ela, o envelhecimento favorece a ocorrência de trombose, tanto venosa quanto arterial. “Algumas situações que são inerentes ao indivíduo mais idoso favorecem a ocorrência de trombose, além da própria idade”, explica. Dra. Dayse destaca fatores como a imobilidade, sedentarismo e dificuldades de mobilidade e ortopédicas, comuns em pessoas da terceira idade.

Além disso, pode ser mais difícil perceber os sintomas de trombose no caso de idosos dependentes ou acamados, especialmente se o paciente não consegue viabilizar a dor. Por isso, a médica recomenda que idosos e seus acompanhantes fiquem atentos à falta de ar, desconforto respiratório e à diferença de diâmetro de um membro em relação ao outro, devido a um possível inchaço causado pela doença.

Por fim, o tratamento de trombose em idosos também requer cuidados especiais. De acordo com dra. Dayse, após a confirmação do quadro clínico, o paciente deve receber medicamentos anticoagulantes, sempre com acompanhamento médico. O profissional deve se tentar ao risco de sangramento que acompanha o uso dos medicamentos. “Isso deve ser sempre monitorado, bem como a função renal. Deve-se prestar atenção às doenças que podem facilitar o sangramento devido ao uso do anticoagulante”, conclui a médica e professora.

Segunda causa de morte entre pacientes oncológicos

A trombose é a segunda causa de morte de doentes oncológicos no mundo. O médico hematologista, patologista clínico e diretor do Laboratório São Paulo, Daniel Dias Ribeiro, revela que a incidência de trombose em pacientes com câncer é até sete vezes maior do que em pessoas saudáveis. “O doente oncológico tem maior probabilidade de desenvolver distúrbios de coagulação e consequentemente a complicação da trombose. Cerca de 10% dos pacientes com câncer terão trombose” , acrescenta.

Além do câncer elevar as chances de trombose, o tratamento da doença, que pode incluir sessões de quimioterapia, repouso e o pós-operatório, também contribui para aumentar as ocorrências dessa complicação. Alguns tipos de câncer se associam ao maior risco de Tromboembolismo Venoso (TEV), como os tumores no cérebro, estômago, pâncreas, linfomas, rins e ovário. Daniel Ribeiro entende que a informação e a prevenção são as melhores medidas para reduzir a incidência e o óbito por incidência do TEV em pacientes oncológicos. 

É possível realizar algumas medidas de profilaxia logo que a pessoa é diagnosticada com o câncer, antes e depois de cirurgias e internações. “É preciso fazer uma avaliação individual e, em algumas situações, utilizar medicamentos, como anticoagulantes para prevenir a trombos. O TEV em pacientes com câncer pode exigir internação, atrasar o tratamento (quimioterapia, radioterapia) e reduzir a sobrevida”, alerta ele.

O médico acrescenta que é muito importante ficar atento aos sinais do TEV. Cerca de 70% dos casos ocorrem nas pernas, outros 25% são no pulmão e os 5% restantes em outros órgãos, como o cérebro. Entre os sintomas, estão: dor ou desconforto na panturrilha ou coxa, aumento da temperatura e inchaço da perna, pés ou tornozelos, vermelhidão e/ou palidez, sensações e/ou falta de ar, dor no peito (que pode piorar com a inspiração), taquicardia,tontura e/ou desmaios.

Com Assessorias

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