Cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina estão entre medicamentos  que têm ganhado cada vez mais espaço em discussões sobre o combate ao novo coronavírus, no que tem sido chamado de “tratamento precoce à Covid-19”.

O próprio presidente Jair Bolsonaro – que testou positivo para o novo coronavírus esta semana e está cumprindo (ou deveria estar) a quarentena – sempre defendeu esse protocolo, do uso de hidroxicloroquina na fase inicial de sintomas. E declarou estar usando hidroxicloroquina e azitromicina para tratar os sintomas da doença que, segundo ele próprio, são brandos, apesar de sua idade (65 anos) estar na faixa de risco para as complicações da doença.

Assim como essa droga, outros medicamentos vêm sendo testados, mas ainda não há remédio ou vacina com eficácia comprovada contra a Covid-19. Alguns afirmam que se trata da única forma de diminuir, neste momento, os óbitos pela doença no país. No entanto, muitos especialistas e entidades médicas criticam duramente essas orientações, e ressaltam que não há um consenso na comunidade científica quanto à eficácia dessas substâncias contra a Covid-19.

Nesta sexta-feira (10), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou que o uso de ivermectina não é recomendado para o tratamento de pacientes com o novo coronavírus. O medicamento antiparasitário não tem eficácia comprovada contra a Covid-19. Nas últimas semanas, postagens em redes sociais vêm sugerindo que o uso de ivermectina tem curado pessoas com coronavírus. No entanto, os conteúdos são enganosos.

Em nota publicada em seu site, a Anvisa alerta: “Diante das notícias veiculadas sobre medicamentos que contêm ivermectina para o tratamento da Covid-19, a Anvisa esclarece: inicialmente, é preciso deixar claro que não existem estudos conclusivos que comprovem o uso desse medicamento para o tratamento da Covid-19, bem como não existem estudos que refutem esse uso. Até o momento, não existem medicamentos aprovados para prevenção ou tratamento da covid-19 no Brasil”.

De acordo com Augusto Vilela, o membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, com o crescimento dos números de mortes no país há um certo “desespero” por uma solução rápida e de fácil acesso. No entanto, é importante ressaltar que esses medicamentos oferecem grandes riscos quando consumidos sem a devida orientação médica.

Cada remédio tem a sua finalidade. O uso dessas substâncias para prevenir ou mesmo tratar a Covid-19 ainda é muito incipiente. Os riscos para os pacientes são reais e incontestáveis pois além de não evitarem a evolução de uma possível infecção da Covid-19, podem acarretar outras doenças ou mesmo piorar quadros clínicos já instalados”, avalia o  médico, que atua no Departamento de Cardiologia da Rede MaterDei e do Hospital Belo Horizonte.

Vilela alerta que todas essas substâncias trazem em suas respectivas bulas uma série de efeitos colaterais muito sérios e que devem ser considrados. Outro risco é a interação medicamentosa com remédios já usados pelos pacientes. “Pessoas com comorbidades e, principalmente, os idosos são os que podem ter as piores consequências se fizerem uso desses medicamentos sem o devido acompanhamento. O médico deve ser consultado sempre, antes de qualquer iniciativa de ingestão de remédios, por mais simples e inofensivo que eles possam parecer”, acrescenta.

Com Assesorias

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