O uso de um remédio tradicionalmente empregado no controle de verminoses durante os primeiros três dias de contágio pelo novo coronavírus poderia evitar o desenvolvimento da Covid-19. É o que garante o médico infectologista Edimilson Migowski, professor de Doenças Infecciosas da URFJ, que vem administrando desde julho o medicamento antiparasitário Nitazoxanida, conhecido antiviral prescrito há mais de 15 anos no Brasil, segundo ele, sem efeitos colaterais consideráveis.

Dr Migowski afirma que o remédio – conhecido comercial como Anitta – se demonstra capaz de deter a evolução da Covid-19 se ministrado nas primeiras 72 horas da contração do vírus. Até o último dia 23, foram tratados 469 pacientes na cidade de Volta Redonda, no Sul do Estado do Rio de Janeiro. Segundo ele, o vermífugo tem se mostrado eficaz no tratamento dos primeiros sintomas de pessoas que contraíram o novo coronavírus.

Responsável pela conduta médica, Dr. Edimilson Migowski indica aos seus pacientes o tratamento apenas no período indicado, como tratamento precoce. Ou seja, sem evolução da doença e sintomas graves pois o medicamento se demonstrou capaz de reduzir a carga viral.  A conduta médica – esclarece o especialista – não é vinculada ao estudo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações com a mesma substância.

Esta conduta é baseada em estudos da Nitazoxanida em outros tipos de vírus, como os da dengue, febre amarela, chikungunya. Como ainda não existe um estudo clínico aprovado por publicações científicas, cujo período de análise pode levar meses, nós, médicos, não podemos simplesmente não dar assistência aos nossos pacientes infectados pelo vírus. Com base em outros estudos sobre a aplicação do medicamento em vírus, estamos tendo 100% de eficácia no tratamento de pacientes de alto risco, inclusive, evitando que estes cidadãos tenham seu quadro da doença evoluído para complicações, internações ou óbitos”, conclui.   

Edimilson Migowski é professor de Doenças Infecciosas da UFRJ (Foto: Divulgação)

Ainda de acordo com ele, outras prefeituras e médicos ao redor do Brasil estão adotando este procedimento como solução de tratamento precoce até que se tenha um estudo científico que promova a cura da Covid-19. “A cada dia que passa, tenho maior convicção da assertividade e das vidas que foram salvas na orientação precocemente dessa medicação. A Covid-19 foi a pandemia do medo, dos erros e das mortes evitáveis”, conclui Migowski. 

Ele falou sobre os resultados da nova conduta clínica nesta sexta-feira (27), em live do projeto #PapodePandemia, do ViDA & Ação, junto com a imunologista Lúcia Abel Awab. A apresentação é da jornalista Rosayne Macedo, editora do site. A live está disponível em nosso Facebook e também no Youtube.

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Na live do #PapodePandemia, Dr Migowski criticou organismos como a Organização Mundial de Saúde (OMS) que recriminam o uso de medicamentos não cientificamente comprovados, como a Nitazoxanida, no combate ao novo coronavírus. “Não sou a favor da cloroquina, nem tenho molécula de estimação, só tenho as minhas convicções. Mas é maldade negar que existem evidências científicas”, ressalta o infectologista, que pesquisa a molécula há 10 anos no tratamento da dengue e febre amarela.

Ele diz que há estudos científicos comprovando a eficácia do uso da substância no combate ao coronavírus. “Temos dados auditáveis, da pesquisa clínica de Patrícia Rocco, da UFRJ, e essa casuística de Volta Redonda. Embora não seja uma pesquisa clínica, como é medicação off label (fora da prescrição da bula), todo paciente assina termo em que dava ciência de que era usado em caráter experimental”, explica o médico e professor.

Dr Migowski ainda criticou as normas para realização de estudos clínicos que, na sua opinião, ferem a ética médica. E mencionou que o OMS publicou um artigo há um mês e meio, afirmando que o remdezivir não funcionava. Porém, segundo ele, o estudo reuniu apenas pacientes com insuficiência respiratória. “É maldade divulgar essa pesquisa, tem outras, mas essa é cruel. O colete à prova de balas não funciona para quem já tomou tiro”, dispara.

Para o dr Migowski, o Brasil precisa de um medicamento acessível na rede pública para combater a Covid-19 na fase inicial, evitando custos mais elevados no tratamento dos casos mais graves. “(A Nitazoxanida) é uma molécula barata, que não tem patente, tem uns nove ou dez produtores no país”, defendeu. Ele fala sobre as divergências entre médicos, cientistas e organismos nacionais e internacionais, por conta da politização do tema. “A discussão pra mim se encerra se for pra medicar precocemente”, diz.

O infectologista ainda citou o caso de um amigo médico que teria recomendado que um paciente com sintomas suspeitos de Covid ficasse em casa e tomasse dipirona. “É má fé ou interesse em continuar com leitos ocupados. Não tenho medo de nada, tenho coragem de assumir”, disse ele. “Me dá angústia de ver pessoas morrendo, enquanto tenho quase 500 pacientes vivos e vários outros médicos fazendo a mesma coisa”, disse Migowski, dizendo ainda que tem filho e irmão também médicos. Não tenho óbitos. Eu não tenho Ou medica precocemente e salva as pessoas ou espera agravar e medica com corticóide, azitromicina e outros.  

Ainda faltam estudos clínicos que comprovem uso da medicação

Atualmente, a Nitazoxanida, que pertence à classe dos medicamentos anti-helmínticos, é aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apenas para o tratamento de gastroenterites virais provocadas por rotavírus ou norovírus, helmintíases, amebíase, giardíase, criptosporidíase, blastocistose, balantidíase e isosporíase. 

Apresentada à imprensa em outubro no Palácio do Planalto pelo presidente Jair Bolsonaro como um tratamento promissor para a Covid-19 no início da infecção – uma nova ‘Cloroquina’ – , a nitazoxanida não tem comprovação científica até o momento. Segundo reportagem da BBC Brasil, dados do sistema COVID-NMA, em que são registrados projetos de pesquisa de todo o mundo, revelam que não foi publicado ainda qualquer estudo clínico com o medicamento envolvendo pacientes.

Dos mais de 1,9 mil ensaios com vários remédios registrados ali, 24 projetos envolvem o antiparasitário — a maioria deles no Brasil (7 ensaios), Egito (7) e Estados Unidos (3). Alguns destes já estão recrutando pacientes, mas nenhum deles foi concluído e publicado”, informou a BBC Brasil.

Os supostos benefícios do antiparasitário, segundo o governo, teriam sido observados em um ensaio clínico (envolvendo humanos), uma etapa considerada mais importante e criteriosa em experimentos com remédios, um passo além de testes in vitro. Entretanto, o governo ainda não divulgou, nem para a imprensa e nem para a comunidade científica, qualquer documento com resultados do estudo.

Um artigo publicado por cientistas egípcios no periódico Journal of Genetic Engineering & Biotechnology indicou que a nitazoxanida seria uma boa candidata para ensaios clínicos por ter mostrado, em algumas pesquisas in vitro, ação contra o coronavírus. Também favoreceria sua ação antiviral já documentada contra outros coronavírus, vírus da influenza, hepatite C e B.

Entretanto, mesmo in vitro o sucesso da nitazoxanida não pareceu unânime: um estudo divulgado em plataforma de pré-print (ainda sem a chamada revisão de pares e publicação em revista científica) por pesquisadores brasileiros afastou sua eficácia contra o coronavírus.

Testes na China não mostraram resultados positivos em relação à substância nessa terapia. Em Whuhan, cidade em que a pandemia começou, cientistas e virologistas já teriam testado a Nitazoxanida em laboratório, entretanto, segundo informação divulgada pela Folha de S. Paulo, a pesquisa mostrou que a droga apresentou uma atividade antiviral apenas adequada em doses altas, que se mostraram tóxicas.

Ainda de acordo com a informação divulgada pelo jornal, a substância mostrou que tem efeitos mais tóxicos e menos eficazes que a própria cloroquina, que também já foi apresentada pelo Governo como uma possível alternativa no tratamento da Covid-19.

Médico explica como medicamento age no organismo

Após 10 anos pesquisando a molécula no tratamento da dengue e febre amarela a partir dos resultados da conduta médica adotada em Volta Redonda, Dr. Edimilson afirma que é possível observar que a Nitazoxanida possui quatro mecanismos de ação, dos quais três deles promovem uma ação antiviral ampla contra o coronavírus:

1) aumento da produção de interferon, um antiviral natural que o corpo produz; 

2) redução da produção de interleucinas, elementos que mediam a resposta inflamatória; 

3) fato de que a molécula entra na célula e baixa sua produção de energia, o vírus se replica mal com células de baixa energia, que não são bons nascedouros de vírus;

 4) o mais específico do coronavírus, a inibição de uma enzima viral responsável pela proteína estrutural nas suas espículas, ou a coroa do vírus, que se ligam a novas células de forma defeituosa.  

Com Assessoria Dr Migowski, BBC Brasil e Portal do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico

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