Transtornos Disruptivos da Infância: você sabe o que é isso?

Além do TDAH e do TOD, pais e educadores enfrentam desafios de lidar com crianças e adolescentes que sofrem com outros Transtornos Disruptivos. Entenda

Transtorno de Conduta, que se manifesta por agressividade com outras crianças, é um dos transtornos disruptivos da infância (Reprodução de internet)
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Não são apenas o conhecido Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) que atormentam pais e mães na difícil tarefa de criar e educar seus filhos. Os desafios apresentados, são cada vez mais questionados e estudados por profissionais da Neurociência. São os chamados Transtornos Disruptivos da Infância e, segundo pesquisadores, não há uma única causa isolada para sua presença, mas é consenso que o ambiente onde a criança está inserida é um dos fatores determinantes.

Assim como o TOD, o Transtorno de Conduta (TC) compõe alguns dos Transtornos Disruptivos (TD), que são distúrbios psiquiátricos que apresentam como principal característica, um padrão repetitivo e persistente de conduta antissocial, provocativa, agressiva ou desafiadora.  Gesika Amorim, neuropsiquiatra, pós-graduada em Psiquiatria e Neurologia, referência no tratamento do autismo, explica este e outros transtornos e seus desdobramentos.

TRANSTORNO DE CONDUTA (TC)

Transtorno da Conduta é usado para classificar crianças e adolescentes, enquanto o Transtorno de Personalidade Antissocial aplica-se a jovens a partir dos 18 anos. São mais frequentes em meninos e suas principais características são as violações de regras, normas sociais e dos direitos individuais.

Há desde questionamentos desafiadores a agressões físicas. A crueldade é comum, inclusive com animais. Eles praticam bullying na escola, insubordinação, furtos, pequenos delitos, ações impulsivas, provocações, discussões, entre outros.

O TC vai muito além de uma desobediência infantil. É um comportamento constante que a criança tem e que pode ser progressivo.

“Eles não demonstram sofrimento ou constrangimento com as suas ações. Não sentem culpa e não se importam em ferir os sentimentos das pessoas ou desrespeitar seus direitos”, diz a neuropsiquiatra Gesika Amorim.

O tratamento envolve uma equipe multidisciplinar para lidar com a criança, mas pode ser imprescindível a administração de medicação por um neuropsiquiatra infantil e terapia, de preferência, estendida à família.

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL (TPAS)

Este transtorno é caracterizado pelo desprezo pelos direitos e pelo descaso das consequências do mal que o indivíduo, porventura, causa a outras pessoas. Pode ser notado desde a infância, mas seu diagnóstico vem na fase adulta, a partir dos 18 anos. Gesika Amorim explica que o antissocial costuma mentir, manipular, infringir leis, não se importa com sua segurança e nem com a dos demais.

“Não tem nenhum senso de responsabilidade, não consegue sentir a dor ou emoção do outro e também não aprende com erros do passado. Não sentem culpa ou remorso, agem por impulsividade, não sentem nenhum tipo de temor e não conseguem distinguir certo e errado. Em suma, não tem nenhuma empatia”, explica.

A especialista também afirma que eles podem ser charmosos, sedutores e podem apresentar inteligência acima da média. Aprendem muito rápido a observar tudo e todos a sua volta, sempre pensando de que forma conseguirão extorquir ou ter vantagem ao manipular terceiros.

As causas podem ser genéticas, mas o ambiente nocivo; familiares com dependência química ou abusadores, são fatores relevantes, não só no TPAS, mas em todos eles. O tratamento é feito com apoio de neuropsiquiatra e psicoterapeuta, envolvendo terapia e medicamentos.

TRANSTORNO EXPLOSIVO INTERMITENTE (TEI)

Embora pouco comentado, não podemos deixar de falar de um transtorno que causa muita dor, mas ao contrário dos demais, o paciente se condói no sofrimento que causa, que é o Transtorno Explosivo Intermitente. Também popularizado como Síndrome do Incrível Hulk, este transtorno é caracterizado por episódios abruptos de perda de controle com impulsos violentos; agressões verbais, discussões ou agressões físicas contra pessoas, animais ou propriedade alheia.

 “A agressão no TEI não é premeditada e não tem nenhum objetivo claro. É comum a criança ser dócil e amorosa, mas por qualquer aborrecimento, por menor que seja, tem explosões absurdas. Pode ter sérios desconfortos emocionais seguidos de um grande sentimento de culpa, após seus episódios agressivos. Isto é o que difere este transtorno do TOD do TC e do Transtorno Antissocial. O sentimento de culpa após os eventos”, diz a neuropsiquiatra.

O tratamento é medicamentoso, feito com estabilizadores de humor ou neurolépticos, sempre associados à terapia. “Não há uma só causa que justifique nenhum destes transtornos. Todos podem ter causas genéticas, podem ser consequências do ambiente em que vivem e não há classe social privilegiada”.

A especialista destaca que todos que cercam esta criança e adolescente, sejam pais, cuidadores e educadores, devem observar em seu dia a dia e ao notarem algo que sai do comum, buscar ajuda. “Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, mais chances esta criança terá de viver uma vida normal e não desenvolver os demais transtornos, que podem sim, destruir toda uma vida e devastar famílias”, complementa a Dra. Gesika Amorim.

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