“A tosse que não passa pode ser tuberculose, mas tem cura! Busque um posto de saúde”. A frase, que procura incentivar a população a ficar atenta a um dos sintomas mais comuns da doença, é o mote da campanha lançada pela Secretaria de Estado do Rio de Janeiro (SES-RJ) para marcar o Dia Mundial da Luta contra a Tuberculose, celebrado nesta sexta-feira (24).

O Rio de Janeiro tem altas taxas de mortalidade e de incidência de tuberculose, que colocam o Rio de Janeiro como um dos estados prioritários nas ações nacionais. Mais de 80% dos casos estão concentrados em 16 dos 92 municípios do estado, e a capital apresenta a maior carga da doença, respondendo por cerca de 50% dos casos novos.

Também foram lançadas três publicações sobre o tema “Cartilha de perguntas e respostas para educadores comunitários”, o “Guia para Controle de Tuberculose em Instituições de Acolhimento para População em Situação de Rua” e o “Boletim da Tuberculose 2022”. Este material integra uma série de realizações voltadas ao controle da doença no Estado do Rio e são parte do Plano Estadual de Combate à Tuberculose (2021-2025).

As estatísticas embasam a importância de uma agenda de luta contra a tuberculose. A estratégia da SES-RJ inclui a iluminação do Palácio Guanabara e de unidades de saúde da rede estadual na cor vermelha, que simboliza a data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em alusão ao dia em que Robert Koch, em 1882, anunciou a descoberta da bactéria causadora da tuberculose.

No Estado do Rio de Janeiro, em 2021, foram notificados 16.099 casos de tuberculose de todas as formas e, desses, 12.986 casos novos da doença, com 867, óbitos.  Esses dois principais indicadores epidemiológicos associados à diminuição das taxas de cura e à crescente interrupção de tratamento, mostram o grande desafio no controle da doença no estado.

Com o tema “Na luta contra a tuberculose, juntos somos mais!”, o evento que aconteceu nesta sexta-feira no Hotel Windsor Guanabara, no Centro, também apresentou o cenário atual do controle da tuberculose no estado e as iniciativas da luta pelo controle da tuberculose através dos tempos.

“É uma prioridade da Secretaria de Estado de Saúde realizar todas as medidas possíveis para reduzir o número de casos no Rio de Janeiro. Para isso, firmamos um convênio com a Organização Pan-americana de Saúde para o enfrentamento à tuberculose no dia a dia das pessoas e reduzir o número de casos da doença no nosso estado. As ações também são voltadas às pessoas que estão no sistema prisional”, disse o secretário de Estado de Saúde, Dr. Luizinho.

Ações de enfrentamento à tuberculose no Rio de Janeiro

Com objetivo de controlar a doença, em 2021, foi lançado o Plano Estadual de Controle e Eliminação da Tuberculose (2021-2025). A meta central é garantir um conjunto de medidas que permita reduzir a incidência e a mortalidade por tuberculose no estado. Em 2022, o governo do estado repassou R$ 19,5 milhões aos 92 municípios do estado para custear a alimentação de pessoas em tratamento de tuberculose.

Desde agosto, agentes da SES-RJ estão trabalhando na capacitação de 16 equipes de saúde (compostas por enfermeiro, assistente social e sanitaristas) que fazem o acompanhamento de toda a linha de cuidado (trajetória do doente para ser atendido e curado) nos 16 municípios considerados prioritários, que concentram 86% dos casos da doença.

São eles: Belford Roxo, Campos dos Goytacazes, Duque de Caxias, Itaboraí, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, Rio de Janeiro, São Gonçalo e São João de Meriti.  Além desses, por terem unidades prisionais, são prioritários os municípios de Itaperuna, Resende e Volta Redonda.

As ações de controle previstas no Plano Estadual fazem parte de um Termo de Cooperação firmado entre a SES-RJ, o Ministério da Saúde e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), que destina R $ 196 milhões para serem aplicados no combate à doença durante os próximos cinco anos. Esses recursos foram destinados pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Em 2022, a SES-RJ repassou R$ 56 milhões, dos quais R$30 milhões são destinados à implementação de programas de segurança alimentar para os pacientes em tratamento.

Brasil registra alta de 11% nas mortes por tuberculose

O índice de contaminados pela tuberculose no Brasil é motivo de preocupação. O país é apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a segunda nação do mundo em mortes pela doença. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2021 foram 74.385 novos casos da doença, sendo mais de 5 mil deles, fatais – um percentual 11% maior quando comparado ao período de 2020. Em 2022, os índices de contaminação foram ainda maiores, ultrapassando o marco de mais de 78 mil novos casos.

Considerado um problema de saúde pública mundial pela própria OMS, as ações de erradicação da doença – com metas ousadas a serem cumpridas até 2030 – sofreram, de fato, um grande impacto por conta da recente pandemia. Casos subnotificados, redução na oferta e procura por diagnósticos e tratamentos podem ter ocultado os reais números da tuberculose, que saltaram de 1,2 milhão de óbitos em 2019 para 1,6 milhão em 2021 ao redor do planeta. O órgão estima que cerca de 30 mil pessoas adoecem no mundo, todos os dias, acometidas pela enfermidade.

O desafio vai além do que se imagina. O diagnóstico precoce e preciso da tuberculose é essencial para o tratamento eficaz e prevenção da propagação da doença. Mas, de acordo com o novo Report Global de Tuberculose da OMS, a pandemia da Covid-19 reverteu anos de progresso no fornecimento de serviços essenciais de TB e na redução da carga da doença.

As metas globais de TB estão, em sua maioria, fora do caminho, embora existam algumas histórias de sucesso nacional e regional. O impacto mais óbvio é uma grande queda global no número de pessoas recém-diagnosticadas com tuberculose e reportadas.

Os números caíram de 7,1 milhões em 2019 para 5,8 milhões em 2020, um declínio de 18% que remete ao nível de 2012, muito abaixo dos aproximadamente 10 milhões de pessoas que desenvolveram a doença em 2020. Além disso, 16 países foram responsáveis por 93% desta redução, sendo a Índia, Indonésia e Filipinas as mais afetadas. Os dados provisórios até junho de 2021 mostram déficits contínuos.

Mais diagnósticos ajudam o Brasil a enfrentar o problema

O Brasil está intensificando os esforços para combater a tuberculose por meio do fortalecimento do diagnóstico, entre outras estratégias. O objetivo é reduzir a incidência da doença para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e chegar a ter menos de 230 óbitos até 2035, de acordo com o Ministério da Saúde.

Atualmente, a taxa de incidência é de 32 casos por 100 mil habitantes, considerando-se os 68,2 mil casos notificados pelo ministério em 2021. A pandemia de Covid-19 resultou em redução das notificações. O Brasil, junto com outros 15 países, foi responsável por 93% da diminuição das notificações da tuberculose no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde.

Segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), gestora de serviços de diagnóstico por imagem, o número de exames realizados para o diagnóstico da tuberculose diminuiu em 79% nos hospitais onde a fundação atua, em Goiás e São Paulo. Foram 135.430 exames realizados em 2022 ante 661.226 em 2021.

“Entre os testes para diagnóstico da tuberculose, a cultura em meio sólido ou líquido é o padrão-ouro, sendo que a cultura líquida automatizada, possui uma proporção de detecção 17% mais alta que a cultura sólida². O procedimento é visto como referência na avaliação do diagnóstico da tuberculose”, explica Erica Chimara, pesquisadora e diretora técnica do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo.

Bacilo da tuberculose é o segundo patógeno mais mortal – só perde para o coronavírus

Após sua fase latente, a tuberculose pode evoluir de forma grave e rápida. Entre os principais sintomas estão a tosse crônica e persistente, febre, perda inexplicada de peso e, quando grave, sudorese noturna. Aos primeiros sinais de suspeita de contato ou sintomas, é recomendada a busca por ajuda e orientação médica.

tuberculose é uma doença tratável e curável, mas o sucesso da cura depende da rapidez do diagnóstico e tratamento.  De acordo com a OMS, o bacilo da tuberculose é o segundo patógeno mais mortal depois do novo coronavírus. Na maioria das vezes, afeta os pulmões e se espalha quando as pessoas infectadas expelem essas bactérias no ar, por exemplo, tossindo.

Relatório mundial publicado pela entidade no ano passado aponta que cerca de 10,6 milhões de pessoas contraíram esta doença em 2021 —uma cifra 4,5% superior à de 2020— e 1,6 milhão morreram por esta causa.

Muitos dos novos casos de tuberculose são atribuídos a cinco fatores de risco: desnutrição, infecção pelo HIV, transtornos por uso de álcool, tabagismo e diabetes. A vacina BCG, ministrada na infância, é indicada para prevenir as formas graves da doença.

Nova tecnologia diagnóstica no sistema público de saúde

Desde o ano passado, o Brasil passou a contar com a cultura líquida automatizada para detecção de microbactérias e o teste de sensibilidade aos antimicrobianos utilizados no tratamento da tuberculose, adotados pelos Laboratórios Centrais (Lacens) do país.

“A cultura em meio líquido é importante para que seja realizada a identificação e detecção de resistência, informação que auxilia o clínico na escolha do tratamento adequado. A tuberculose, causada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis, é uma doença curável e prevenível. Cerca de 85% das pessoas que desenvolvem a doença são tratadas com sucesso em até seis meses”, ressalta a especialista.

Conitec amplia tratamento da tuberculose

Uma das maneiras mais efetivas de conter essa transmissão e erradicar suas ocorrências se dá pelo diagnóstico e tratamento precoces da tuberculose ativa e da prevenção reativa da patologia, por meio do tratamento da Tuberculose Infecção (ILTB), quando ainda não apresenta sintomas.

Pelo fato de apresentar uma fase inicial assintomática, que pode se estender por um longo período até que o paciente tenha uma queda de imunidade, a testagem da Tuberculose Infecção (ILTB) é indicada principalmente para pessoas que compõe o chamado grupo de risco da doença.

No dia 9 de novembro de 2022, em sua 114ª Reunião Ordinária, a Conitec fez a recomendação final de ampliação de uso do teste IGRA em pacientes imunocomprometidos por uso de terapia imunossupressora, devido a doenças inflamatórias imunomediadas ou receptores de transplante de órgãos sólidos.

Exame disponível pelo SUS e pelos planos de saúde

No Sistema Único de Saúde (SUS), o teste está disponível para crianças com contato de tuberculose ativa, candidatos ao transplante de medula óssea e pacientes que vivem com o vírus HIV. Estão cobertos nos planos de saúde os pacientes que vivem com o vírus HIV, usuários de biológicos e candidatos a imunossupressão.

O teste IGRA QuantiFERON-TB Gold Plus, considerado um exame referência e o mais utilizado no mundo, também disponível à população brasileira pelo SUS e em todos os planos de saúde. A solução foi desenvolvida pela QIAGEN, multinacional alemã, especialista em tecnologia para diagnósticos moleculares.

Com Assessorias

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