“Ter asma é literalmente viver no sufoco”, conta Flávia Domingues, jornalista de 38 anos que sofre com a doença desde pequena. “Minha mãe achava que eu só podia fazer natação. Não podia fazer aulas de Educação Física na escola… Todo o cuidado do mundo para evitar as fortes crises, que eram muito intensas até os 24 anos de idade”, relembra. Apesar do sufoco, diz ela, é possível ter qualidade de vida: “Sinto que o tratamento da doença vem avançando muito para se ter uma qualidade de vida mas falta informação para prevenir as crises”.
Conhecida também como bronquite ou bronquite asmática, a asma atinge cerca de 235 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). São 6,4 milhões de adultos somente no Brasil, onde já é responsável por 2 mil mortes de adultos e crianças por ano. Por aqui, as mulheres são as principais vítimas, respondendo por cerca de 3,9 milhões dos caos. A doença atinge cerca de 20% das crianças brasileiras.
Caracterizada pela inflamação crônica das vias aéreas, que causa chiado no peito, tosse e falta de ar, a doença é responsável por mais de 100 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS), segundo dados do Ministério da Saúde. Quarta principal causa de internações, como aponta a Sociedade Brasileira de Pneumologia, a asma não possui cura. Entretanto, hoje existem tratamentos que são capazes de amenizar os sintomas da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Especialistas a classificam como controlada ou não, e de difícil tratamento ou com pouca resposta. Diz-se que é considerada de difícil tratamento quando o paciente não aceita o uso das bombinhas, tem medo de usar corticoide, devido aos efeitos colaterais, e isso faz com que a pessoa não observe o tratamento. A falta de informação é um dos fatores que mais contribuem para os óbitos por asma, doença respiratória que está entre as mais prevalentes do mundo. Neste dia 2 de maio, Dia Mundial da Asma, a Global Initiative Asthma (GINA) lança a campanha “Ar Melhor, Respiração Melhor”, para melhorar a conscientização e o cuidado da asma em todo o mundo.
“Além de dificultar o tratamento, a doença fica sem controle, ou seja, a asma pode impedir que a criança deixe de realizar as suas atividades cotidianas, como ir à escola, jogar bola, correr, já que a falta de ar incomoda muito”, comenta o Coordenador do Departamento Científico de Asma da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Flávio Sano.
A participação ativa do médico nesse acompanhamento é fundamental, já que é muito importante explicar para a família o que é a doença, que tipo de terapia a criança vai usar, qual medicamento vai receitar, e o que se espera do tratamento. Só assim, pais e mães estarão seguros para administrar a medicação e retornar ao consultório para contar como foi o período de cuidados, que mudanças precisam ser feitas, até que o paciente esteja controlado e tenha uma boa qualidade de vida.
“A asma também pode ser desencadeada pelo esforço. A criança brinca, corre pela casa e, de repente, começa o chiado, a tosse. Há prevenção e tratamento com medicamentos adequados para essa situação. Não tenha medo do nome asma: ela só precisa ser identificada e tratada”, explica Dr. Sano.
10 informações essenciais para entender melhor a asma
Atento à falta de informação sobre o problema, Bernardo Maranhão, médico pneumologista pela UFRJ e especialista interno da GSK elaborou uma lista com 10 informações fundamentais para se identificar, prevenir e tratar a doença.
1 – Genética
A genética tem grande influência na asma e crianças de pais asmáticos possuem um risco maior de desenvolver a doença. Se um dos pais forem asmáticos o risco é de 25%, enquanto se os dois tiverem o problema à probabilidade sobre para 50%.
2 – Idade
A asma afeta pessoas de todas as idades, mas geralmente começa na infância. Nos Estados Unidos, mais de 25 milhões de pessoas são conhecidas por terem asma. Cerca de 7 milhões são crianças. [4]
3 – Vilões
Um dos principais fatores desencadeantes da asma são os ácaros, e micro-organismos que se alimentam de pele descamada e que habitam carpetes, cortinas e travesseiros.
4 – Cuidados
Cada tratamento é único. O tratamento da asma deve ser individualizado, ou seja, o que serve para um paciente pode não ser a opção adequada para o tratamento de outro.
5 – Atividade física
Atividade física é fundamental para um estilo de vida saudável. A natação, por exemplo, ajuda no fortalecimento da musculatura respiratória. Já beber de dois a três litros de água por dia ajuda a fluidificar as secreções e facilita na sua eliminação.
6 – Animais de estimação
Cuidado com os animais de estimação. Não é apenas o pelo que pode desencadear uma crise asmática. A descamação natural do animal, assim como sua saliva e urina são capazes de atuar como gatilhos para a doença.
7 – Tabagismo
O tabagismo e fumo passivo levam à piora dos sintomas. Ou seja, mesmo se o asmático não fumar, ele pode ser prejudicado pela fumaça dos outros.
8 – Obesidade
Evidências epidemiológicas demonstram que a obesidade resulta em um risco elevado de se desenvolver a asma. Mesmo os níveis modestos de aumento de peso aumentam o risco da asma. [6]
9 – Vacinação
Proteja-se das infecções virais, como gripe e resfriado comum. Eles podem desencadear sintomas da asma. Lavar as mãos com frequência e manter a carteira de vacinação em dia podem ajudar no combate a infecções mais graves. A vacina contra a gripe é indicada para todas as pessoas asmáticas, independente da idade.
10 – Cura
A asma não tem cura, mas pode ser controlada a ponto dos seus portadores levarem uma vida normal. Procure um pneumologista.
Fonte: Asbai e GSK