Menos invasiva que a tradicional, que chegava a durar 10h e abria o peito do bebê, cirurgia por toroscopia leva apenas 4h (Foto: Divulgação)
Menos invasiva que a tradicional, que chegava a durar 10h e abria o peito do bebê, cirurgia por toroscopia leva apenas 4h (Foto: Divulgação)

Graças a uma cirurgia ainda pouco conhecida, uma doença rara pode ser revertida em recém-nascidos. No último sábado (11), o bebê de uma família da Paraíba passou pela delicada operação que pode corrigir uma doença congênita que afeta uma a cada 2.500 crianças. Foi a segunda vez que a cirurgia, conhecida por hérnia diafragmática via toroscopia, é realizada em uma instituição privada do Estado do Rio de Janeiro – a primeira ocorreu em maio, com sucesso, também na Perinatal.

“Antigamente a cirurgia já era feita, mas era preciso abrir todo o abdômen do recém-nascido. Com a nova técnica, hoje com pequenas incisões, via vídeo, é possível fazer essa cirurgia, via videotoracoscopia”, explica o médico Francisco Nicanor Macedo, um dos pioneiros a trazer a novidade ao país. Ele também é médico do Hospital Estadual da Criança, no Rio de Janeiro,  onde 11 casos atendidos já passaram pela mesma cirurgia.

Segundo ele, atualmente pouquíssimos médicos fazem esse procedimento cirúrgico menos invasivo, muitos ainda optam pelo método tradicional. Pela nova técnica, bastam três pequenas incisões – do tamanho de uma cabeça de alfinete – para solucionar o problema, sem agredir tanto os tecidos do sensível corpinho do bebê.

A hérnia diafragmática é uma malformação do músculo, que consiste em um pequeno defeito ou “buraco”, permitindo que o conteúdo da cavidade abdominal passe para o tórax. A cake designer Angelita Meira e o marido Aldair Paiva, moradores de João Pessoa (PB), descobriram na 22ª semana, por meio de uma ultrassonografia morfológica, que, apesar da gravidez normal, seu bebê teria essa doença e precisaria da cirurgia e acompanhamento especializado.

A equipe médica que atendeu o casal, então, recomendou que viesse para o Rio, em busca do melhor tratamento na Perinatal. Referência em cirurgias de alta complexidade, a maternidade acaba de inaugura um Centro de Cirurgia Fetal e Neonatal, considerado o primeiro no país a oferecer todo o suporte necessário tanto ao bebê quanto à mãe.

O casal chegou ao Rio quando Angelita estava na 35ª semana e o pequeno Ângelo Meira Paiva nasceu duas semanas depois, no dia 7 de junho. Logo em seguida, foi para a UTI Neonatal e ficou cinco dias em ventilação mecânica até reconhecer o grau de suficiência pulmonar e ficar estabilizado para o procedimento cirúrgico.

“Nestes casos, o recém-nascido tem o músculo que separa o tórax do abdômen, conhecido como diafragma, aberto. Normalmente, na 12ª semana, ainda na vida intrauterina, esse músculo é fechado, mas com algumas crianças isso não acontece. A cirurgia é para colocar o intestino e o fígado, que estão na cavidade torácica, no lugar correto e fechar o diafragma”, explica o cirurgião pediátrico.

Segundo ele, cirurgias de alta complexidade são bem delicadas e podem levar até 10 horas envolvendo uma equipe enorme, cerca de 10 a 15 profissionais, em volta de recém-nascidos muito pequenos, com cerca de dois quilos, em alguns casos.  No caso de Ângelo, a cirurgia durou apenas quatro horas. O bebê se recupera na UTI Neonatal e pode ter alta dentro de um mês.

Com esta matéria, o Blog Vida & Ação estreia a seção Novidade, que trará sempre uma nova técnica, tratamento ou tecnologia capaz de promover a saúde ou mesmo curar. Envie sugestões para blogvidaeacao@gmail.com

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