Atividades leves, como tarefas domésticas, ajudam a manter o cérebro jovem, aponta uma pesquisa coordenada por estudiosos da Universidade de Boston (EUA). Publicado em abril na revista científica Jama Network Open, o estudo confirma o benefício de atividades leves e pequenos períodos de exercício físico — valem de pequenas caminhadas a tarefas domésticas. Veja aqui a publicação oficial do artigo, em inglês.

Isso contraria uma visão anterior de que os efeitos só aconteceriam depois de realizada uma quantidade mínima de esforço”, destaca a fonoaudióloga Tathiana Tavares, que é especialista em neurologia e ginástica para o cérebro.

O estudo lembra as novas Diretrizes de Atividade Física do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) 2018 dos EUA que sugerem que algumas atividades físicas são melhores que nenhuma, mas é recomendável atingir 150 ou mais minutos de atividade física moderada a vigorosa por semana para benefícios substanciais à saúde.

“Pela primeira vez, as diretrizes de exercício agora incluem a saúde do cérebro na lista de benefícios. A proporção estimada de americanos que atendem ao nível recomendado pelas diretrizes diminui drasticamente a partir da meia-idade (57% dos indivíduos com 40- 49 anos) para a idade avançada (26% daqueles com idade entre 60-69 anos)”, afirma o artigo.

O estudo aponta evidências que sugerem que o envolvimento em atividade física regular pode prevenir o declínio cognitivo e a demência. Indivíduos ativos têm menores fatores de risco metabólicos e vasculares e esses fatores podem explicar a propensão desses indivíduos para o envelhecimento cerebral saudável. “Até mesmo intervenções de exercícios de curta duração têm mostrado prevenir a atrofia do hipocampo em adultos mais velhos e também podem melhorar a conectividade cerebral”, ressalta o texto.

Além disso, estudos epidemiológicos transversais estabeleceram uma associação de inatividade física com o envelhecimento cerebral. Entretanto, mais trabalho é necessário para identificar a dose ideal (duração × intensidade) de atividade física necessária para promover o envelhecimento cerebral saudável.

Embora essa questão não possa ser totalmente abordada em um estudo observacional, nossa investigação lança luz sobre a dosagem de atividade física mais fortemente associada à estrutura cerebral favorável em um ambiente comunitário”, diz o estudo.

Tathiana lembra que a partir dos estudos do neurocientista Santiago Ramón y Cajal em 1913, a ciência comprovou que o ser humano possui bilhões de neurônios funcionando integradamente. Estas células se comunicam constantemente a partir de trocas de informações, ou seja, as chamadas conexões neurais e sua relação com os estímulos recebidos são muito importantes.

“Falar sobre o cérebro e o funcionamento das habilidades mentais é falar sobre a vida, sobre quem somos, o que vivemos e como sobreviveremosOs estímulos intelectuais e os desafios cognitivos que fornecemos ao nosso cérebro promovem o nascimento de novos neurônios, ou seja, a neurogênese. Isso acontece em todas as fases da vida, então é possível que um bebê, uma criança, um jovem, um adulto e um idoso melhorem o desempenho de suas habilidades mentais com exercícios intelectuais”, comenta Tathiana.

Matéria no The Guardian entrevista a coordenadora do estudo.

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