O Sistema Único de Saúde (SUS), pilar da saúde pública brasileira, acaba de cravar mais uma vitória histórica: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro da vacina contra a dengue desenvolvida integralmente no Brasil pelo renomado Instituto Butantan.
Este feito, anunciado nesta quarta-feira (26/11) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, garante que, a partir do calendário vacinal de 2026, a população terá acesso gratuito a um imunizante de ponta, 100% nacional, que promete reverter o cenário alarmante da dengue no país.
Segundo o Instituto Butantan, já há 1 milhão de unidades da vacina contra a dengue prontas para distribuição. A estimativa é ter disponível mais de 30 milhões de doses em meados de 2026. A previsão do governo é incorporar o mais rapidamente possível o imunizante no Programa Nacional de Imunizações para começar a campanha de vacinação no início de 2026.
Dengue e o impacto das mudanças climáticas: um alerta nacional
A chegada da vacina Butantan-DV não é apenas uma conquista científica, mas uma resposta urgente a uma crise de saúde agravada pelas mudanças climáticas. O Brasil enfrenta uma escalada sem precedentes da doença. Em 2024, foram registrados 6,5 milhões de casos prováveis de dengue — quatro vezes mais do que no ano anterior.
Desde os anos 2000, mais de 20 milhões de brasileiros foram acometidos pela doença. Em 2024, o Brasil registrou 6,5 milhões de casos prováveis de dengue – quatro vezes mais do que em 2023, de acordo com o Ministério da Saúde. Em 2025, até meados de novembro, foram notificados 1,6 milhão de casos prováveis. São Paulo teve 866 mil casos de dengue e 1.108 mortes confirmadas.
A alta de temperaturas e as chuvas irregulares criam o ambiente perfeito para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transformando a dengue em uma ameaça constante e crescente. Para o ministro Padilha, a nova vacina também confirma a força do SUS e da ciência: “É uma vitória da ciência, de vitória da cooperação entre o SUS brasileiro e de suas instituições públicas”, celebrou.
Segundo ele, este projeto, que contou com o apoio do BNDES e do Ministério da Saúde, demonstra a capacidade nacional de produzir tecnologia de ponta para enfrentar os desafios impostos pelas novas realidades ambientais.
Butantan-DV: pioneirismo e alta proteção
A nova vacina utiliza a tecnologia de vírus vivo atenuado, segura e já utilizada em outros imunizantes em uso no Brasil e no mundo, como a tríplice viral, febre amarela, poliomielite e algumas da gripe.
De acordo com a avaliação técnica da Anvisa, a Butantan-DV apresentou uma eficácia global de 74,7% contra dengue sintomática na população de 12 a 59 anos. Isso significa que, em 74% dos casos, a doença foi evitada por conta da vacina.
Segundo o órgão, o imunizante apresenta 91,6% de eficácia contra dengue grave e com sinais de alarme e 100% de eficácia contra hospitalizações por dengue. Também demonstrou 89% de proteção contra as formas graves e com sinais de alarme, conforme publicação na The Lancet Infectious Diseases.
A Butantan-DV mostrou resultados impressionantes em ensaios clínicos:
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74,7% de eficácia geral contra dengue sintomática (para a faixa de 12 a 59 anos).
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91,6% de eficácia contra as formas graves e com sinais de alarme.
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100% de eficácia contra hospitalizações por dengue.
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Segurança e eficácia comprovadas
O Instituto Butantan já tem 1 milhão de unidades prontas para iniciar a distribuição. A estimativa é disponibilizar mais de 30 milhões de doses em meados de 2026, garantindo o alcance do imunizante pelo Programa Nacional de Imunização (PNI).
A vacina, composta pelos quatro sorotipos do vírus da dengue, mostrou-se eficaz e segura tanto para quem já teve a doença quanto para quem nunca foi infectado, marcando um novo e promissor capítulo na saúde pública brasileira.
Ela foi desenvolvida pelo Instituto do Butantan a partir de uma parceria articulada pelo Ministério da Saúde com a empresa chinesa WuXi Vaccines. O instituto informou, também, que a aprovação da vacina é baseada nos resultados de cinco anos de acompanhamento dos voluntários do ensaio clínico de fase 3 encaminhados à Anvisa.
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Ministro da Saúde comemora
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta quarta-feira (26) o registro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) da vacina da dengue 100% nacional, produzida pelo Instituto Butantan. A intenção é começar a aplicação das doses em 2026, de forma gratuita, exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Hoje é um dia de alegria, de vitória da vacina, de vitória da ciência, de vitória da cooperação entre o SUS brasileiro e de suas instituições públicas que estão espalhadas pelo país, entre elas o Instituto Butantan”.
A indicação aprovada é para pessoas na faixa etária de 12 a 59 anos de idade. Este perfil ainda pode ser ampliado no futuro, a depender de novos estudos apresentados pelo fabricante. Padilha ressaltou a qualidade da vacina contra a dengue.
Sabemos já dos dados publicados, sabemos da segurança dessa vacina. Estamos falando de um hat-trick: é uma vacina 100% brasileira, tem capacidade de proteção ampla e é uma dose apenas”.
A nova vacina será integrada ao Programa Nacional de Imunização (PNI). De acordo com o governo, o ministério apresentará a novidade já nesta quinta-feira (27) à Comissão Tripartite, formada por secretários estaduais e municipais de saúde, bem como a estratégia de incorporação.
Queremos começar a utilização dessa vacina no começo do calendário vacinal de 2026”, revelou o ministro.
Primeiro imunizante contra dengue em dose única do mundo
A vacina brasileira, chamada de Butantan-DV, se destaca por ser a primeira vacina de dengue do mundo a ser aplicada em dose única, um fator que revoluciona a logística de vacinação e a adesão da população. Em nota, o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, disse que a aprovação é “um feito histórico para a ciência e a saúde no Brasil”.
Uma doença que nos aflige há décadas agora poderá ser enfrentada com uma arma muito poderosa: a vacina em dose única do Instituto Butantan. Um desenvolvimento feito por cientistas, trabalhadores e voluntários brasileiros que poderá salvar vidas por todo o país”, afirmou.
Segundo Priscilla Perdicaris, secretária-executiva da Saúde do Estado de São Paulo, há uma importância grande de a Butantan-DV ser em dose únca: “Para nós que estamos na operação, isso muda completamente a história do jogo: facilita a logística e aumenta a adesão da população”.
Ser dose única muda completamente a história do jogo: facilita a logística e aumenta a adesão da população”, ressaltou Priscilla Perdicaris, secretária-executiva da Saúde do Estado de São Paulo, destacando o papel estratégico do novo imunizante no combate à doença no Brasil.
Ao lado do ministro da Saúde, o governador Tarcísio de Freitas ressaltou a importância do novo imunizante: “ser dose única vai nos ajudar muito do ponto de vista da logística e da cobertura vacinal. Infelizmente ainda perdemos muitas vidas para a dengue e é um cenário que vamos poder reverter rapidamente com uma vacina 100% brasileira”.
Para Anvisa, registro da vacina é orgulho para o Brasil
A Anvisa assinou com o Instituto Butantan um Termo de Compromisso para estudos e monitoramento da vacina da dengue.
O registro da vacina da dengue é uma fonte de orgulho não só para a Anvisa, mas para o país. Estamos avançando com o registro de uma tecnologia que é desenvolvida e feita nacionalmente pelo Instituto Butantan. Os resultados são muito bons. O trabalho que foi feito junto com o Butantan pela Anvisa foi fenomenal entre as duas equipes”.
Safatle comentou lembrou ainda que o desenvolvimento da Butantan-DV teve o apoio do “BNDES e do ministério da Saúde com R$ 130 milhões para a parte da pesquisa de fase 2 e fase 3” A assinatura deste termo era a última etapa que faltava para o registro da vacina.
No início de novembro já havia a previsão de aprovação da vacina da dengue do Butantã pela Anvisa. Daniel Pereira, diretor do órgão, explicou que “a vacina de dengue do Butantan é um processo prioritário para a agência”. Ele explicou que a análise do imunizante demandou “muitas horas” de discussão técnica com especialistas externos que apoiaram.
Da Agência Brasil, com Redação






