Eles se dedicam a salvar vidas diariamente. São heróis do resgate que trabalham incansavelmente para fornecer assistência médica imediata, garantindo cuidados vitais em situações de emergência. E, mais do que justo, têm também o seu dia no vasto calendário da saúde. No Dia do Socorrista (11 de julho), reverenciamos os socorristas, verdadeiros heróis anônimos, que arriscam suas vidas para salvar outras vidas, sempre prontos a responder chamados de emergência e prestar cuidados imediatos.
É o caso de Daniel Castello Branco, mais conhecido pelos colegas do Samu (o serviço de atendimento móvel de urgência, acionado em todo o país pelo telefone gratuito 192) de “samuzeiro raiz”. O médico começou ainda na faculdade, onde criou a LAEPH (Liga Acadêmica de Atendimento Pré-Hospitalar) por entender a importância do preparo especializado no atendimento de emergências desde a formação acadêmica.
“Enfrentamos desafios diários, lidamos com situações complexas e de alta pressão, além do desafio de tomar decisões rápidas e precisas, requisitos fundamentais para o sucesso do atendimento. No entanto, todo esse esforço vale a pena para salvar vidas. Amo o que faço”, afirma Dr Daniel. Aos 32 anos, ele atua em várias instituições.
Atualmente, trabalha na Vitalmed Resgate de Rodovias, no Aeromédico da Brasil Táxi Aéreo e na emergência do Hospital Aliança. Com especialização pela American Heart Association, Daniel ainda consegue tempo para passar seus conhecimentos como instrutor em cursos e faculdades. Atua como professor de Medicina da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, onde se formou. É também instrutor do IBRAPH (Instituto Brasileiro de Atendimento Pré Hospitalar) e do SALVAR / Corpo de Bombeiros Militar da Bahia.
Socorristas mentais: cada vez mais valorizados nas empresas
Mas não são apenas nas estradas, atuando pelo Samu, ou nas emergências hospitalares que socorristas são fundamentais no dia a dia. A profissão de Socorrista – ou Brigadista – em Saúde Mental vem ganhando cada vez mais espaço, após os impactos à saúde mental causados pela pandemia. “Socorristas mentais são pessoas aptas a dar apoio, mentoria e orientação básica às pessoas que estão em sofrimento mental”, resume Marcos Wunderlich, presidente do Instituto Holos.
No auge da pandemia da Covid-19,o Hospital Alemão Oswaldo Cruz lançou o Curso de Formação de Socorristas em Saúde Mental. Totalmente online, a capacitação tem como objetivo tornar profissionais de diversas áreas capazes de identificar pessoas em situação de risco em saúde mental. Na primeira edição do curso foram impactados cerca de 100 colaboradores de empresas de diversos segmentos, além da formação de um grupo de socorristas em saúde mental do hospital.
O Instituto Holus oferece uma formação com aulas presenciais e a distância para capacitar pessoas ou multiprofissionais, não médicos, capazes de identificar pessoas em situação de risco em saúde mental. A formação é recomendada para líderes e profissionais de qualquer área, para ajudar colegas e a sua empresa a lidar com problemas de saúde mental e prevenir situações escalonadas.
Atuação também para reduzir o estigma em torno dos problemas de saúde mental
“Pessoas que têm, acham que têm ou que gostariam de estar preparadas para familiares ou amigos com problemas de saúde mental, querendo ajudar ou saber o que fazer em casos de crises. Qualquer pessoa que queira aprender a identificar dificuldades de saúde mental e prestar ajuda a quem sofre. Para empresas, sugerimos que tenham um Profissional Certificado em Socorrista Mental para cada grupo de 60 pessoas”, destaca Marcos Wunderlich.
Coordenador-geral do curso de socorristas mentais, o neuropsicanalista Renato Lisboa diz que a formação também visa à redução do estigma relacionado a problemas de saúde mental, eliminação de mitos e desinformação relacionados ao tema, diminuição do escalonamento e agravamento de problemas de saúde mental na empresa e na vida pessoal e melhoria da situação geral de saúde mental devido ao aumento do encaminhamento precoce para intervenções apropriadas.
A formação de Socorrista em Saúde Mental vai ao encontro das significativas mudanças no cenário do convívio humano global no âmbito empresarial, familiar e pessoal. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior prevalência de depressão e o mais ansioso no mundo, com aumento dos relatos de episódios frequentes de depressão, ansiedade, síndrome do pânico e outros problemas psíquicos e emocionais.
Palavra de Especialista
Ler pessoas é atividade primordial do socorrista em saúde mental
Renato Lisboa*
O profissional Socorrista em Saúde Mental, ou o brigadista em Saúde Mental, é o profissional mais requisitado do mercado neste período pós-pandemia, isto porque a saúde mental dos colaboradores passou a ser tratada como prioridade pelas organizações mais sérias. Nesse sentido, é preciso conhecer um pouco mais desse profissional e como ele pode atuar no mercado de trabalho. Primeiramente, é preciso ressaltar os três princípios do trabalho de Socorrista em Saúde Mental:
Empatia e acolhimento: O Socorrista em Saúde Mental busca estabelecer uma conexão empática e acolhedora com a pessoa em sofrimento emocional. Ele ouve atentamente e demonstra compreensão e respeito, oferecendo um ambiente seguro para que a pessoa possa expressar suas emoções e experiências.
Suporte emocional: O Socorrista em Saúde Mental oferece suporte emocional à pessoa em crise, fornecendo apoio e encorajamento. Ele procura ajudar a pessoa a identificar suas emoções, compreender seus sentimentos e encontrar estratégias saudáveis para lidar com suas dificuldades.
Encaminhamento adequado: O Socorrista em Saúde Mental está preparado para identificar situações que exigem uma intervenção profissional especializada. Ele encaminha a pessoa para profissionais de saúde mental qualificados, como psicólogos, psiquiatras ou assistentes sociais, quando necessário. O objetivo é garantir que a pessoa receba o apoio adequado e o tratamento necessário para sua recuperação.
Esses três princípios fundamentais do trabalho do Socorrista em Saúde Mental visam proporcionar um suporte efetivo e cuidadoso para aqueles que estão passando por momentos de crise emocional, auxiliando no processo de superação e busca por ajuda profissional.
Além disso, para o profissional Socorrista Mental, aprender a ler pessoas é importante por diversos motivos:
Compreensão das necessidades emocionais: Ao ler as expressões faciais, linguagem corporal e tom de voz de uma pessoa, o Socorrista Mental é capaz de identificar sinais de angústia, ansiedade, tristeza e outras emoções, o que permite uma compreensão mais profunda das necessidades emocionais da pessoa em sofrimento.
Estabelecimento de conexão empática: Ao entender as emoções e os sentimentos da pessoa, o Socorrista Mental pode criar uma conexão empática mais forte. Isso ajuda a pessoa a se sentir compreendida e acolhida, criando um ambiente seguro e de confiança para que ela possa expressar seus pensamentos e emoções.
Adaptação do suporte emocional: Ao ler as reações emocionais da pessoa, o Socorrista Mental pode adaptar seu suporte emocional de acordo com suas necessidades específicas. Ele pode ajustar sua abordagem para fornecer o apoio adequado e as estratégias de enfrentamento mais eficazes para ajudar a pessoa a lidar com sua situação.
Identificação de sinais de alerta: A capacidade de ler pessoas também permite ao Socorrista Mental identificar possíveis sinais de alerta para comportamentos de risco, como ideação suicida, agressividade ou isolamento extremo. Isso possibilita uma intervenção precoce e a busca de ajuda profissional quando necessário.
No geral, aprender a ler pessoas é uma habilidade fundamental para o profissional Socorrista Mental, pois permite uma compreensão mais profunda das necessidades emocionais da pessoa em sofrimento e facilita a prestação de um suporte emocional adequado e efetivo.
Ações do socorrista mental
Caso o Socorrista Mental identifique que uma pessoa está passando por uma situação de risco mental, é importante agir de forma responsável e adequada para garantir a segurança e o bem-estar da pessoa. Algumas ações que o socorrista pode tomar incluem:
Estabelecer uma conexão empática: Mostre empatia e compreensão pela situação da pessoa. Ouça atentamente suas preocupações e sentimentos, oferecendo um ambiente seguro e livre de julgamentos para que ela possa se expressar.
Avaliar a gravidade da situação: Avalie cuidadosamente a gravidade do risco mental. Se houver um perigo imediato para a pessoa ou para outras pessoas, considere a necessidade de acionar serviços de emergência, como ligar para o serviço de emergência local ou encaminhar a pessoa para atendimento médico urgente.
Oferecer suporte emocional: Forneça suporte emocional à pessoa, mostrando-se disponível para ouvi-la, validando seus sentimentos e incentivando-a a buscar ajuda profissional. Encoraje-a a compartilhar seus pensamentos e sentimentos de forma aberta e honesta.
Orientar para serviços profissionais: Recomende que a pessoa procure ajuda profissional de um psicólogo, psiquiatra ou outro profissional de saúde mental qualificado. Forneça informações sobre serviços e recursos disponíveis na comunidade que possam oferecer suporte e tratamento adequado.
Manter o sigilo e a confidencialidade: Respeite a privacidade da pessoa e mantenha todas as informações compartilhadas em sigilo, a menos que haja um risco iminente à segurança da pessoa ou de outras pessoas. Explique a importância do sigilo e da confidencialidade para construir confiança e encoraje a pessoa a se sentir segura ao compartilhar suas preocupações.
Lembrando que a atuação do Socorrista Mental deve estar alinhada com sua formação e competências, e é importante buscar supervisão e apoio de profissionais qualificados em casos mais complexos ou que envolvam riscos elevados.
Socorrista mental: uma necessidade imediata que já não se pode abrir mão
Uma empresa que não se preocupa com a saúde mental dos seus colaboradores corre diversos riscos, que podem impactar tanto o bem-estar dos funcionários quanto o desempenho e sucesso do negócio. Alguns dos principais riscos incluem:
Queda na produtividade: Colaboradores que enfrentam problemas de saúde mental podem apresentar uma redução significativa na produtividade, resultando em menor eficiência e qualidade de trabalho.
Aumento do absenteísmo: A falta de suporte à saúde mental pode levar a um aumento nos índices de absenteísmo, com os funcionários tirando mais licenças médicas ou faltando ao trabalho devido a problemas emocionais.
Aumento do presenteísmo: O presenteísmo ocorre quando os funcionários estão presentes no trabalho, mas não conseguem se engajar ou performar adequadamente devido a questões emocionais. Isso pode resultar em baixo rendimento, erros e falta de motivação.
Clima organizacional negativo: A falta de preocupação com a saúde mental dos colaboradores pode gerar um clima organizacional negativo, com altos níveis de estresse, conflitos interpessoais e insatisfação geral.
Rotatividade de funcionários: A falta de apoio à saúde mental pode levar a um aumento na rotatividade de funcionários, com profissionais buscando oportunidades em empresas que ofereçam um ambiente mais saudável e acolhedor.
Danos à reputação da empresa: Empresas que são conhecidas por não valorizarem a saúde mental dos colaboradores podem sofrer danos à sua reputação, afetando a sua capacidade de atrair e reter talentos qualificados.
Impacto financeiro: Os custos associados à falta de cuidado com a saúde mental dos colaboradores podem ser significativos, incluindo despesas com absenteísmo, treinamento e integração de novos funcionários, redução da eficiência operacional e possíveis ações legais.
Diante deste cenário, é cada vez mais comum as empresas e o mercado buscarem soluções no profissional Socorrista Mental, que se tornou importante para as empresas atualmente por diversos motivos, os quais enumeramos abaixo:
Saúde Mental dos Funcionários: O socorrista mental desempenha um papel fundamental no apoio à saúde mental dos funcionários. Ele é treinado para identificar e ajudar os colaboradores a lidarem com os problemas emocionais, estresse, ansiedade e outros desafios mentais que os funcionários possam enfrentar. Ao oferecer suporte adequado, o socorrista mental ajuda a promover um ambiente de trabalho saudável e a melhorar o bem-estar dos colaboradores, inclusive na formação de uma rede de apoio e acolhimento ao colaborador.
Prevenção de Crises: O socorrista mental é capacitado para reconhecer sinais precoces de problemas mentais e intervir antes que eles se tornem crises. Isso pode incluir a oferta de suporte emocional, encaminhamento para serviços especializados ou a implementação de estratégias de gerenciamento do estresse no ambiente de trabalho. Ao agir de forma preventiva, o socorrista mental contribui para a redução de afastamentos por motivos de saúde mental e a manutenção da produtividade e do engajamento dos funcionários.
Apoio em Momentos de Dificuldade: As empresas podem enfrentar situações desafiadoras que afetam o bem-estar emocional dos colaboradores, como reestruturações, demissões em massa ou crises internas. Nesses momentos, o socorrista mental desempenha um papel essencial no suporte emocional dos funcionários, oferecendo orientação, aconselhamento e estratégias para lidar com as dificuldades. Isso fortalece o apoio da empresa aos colaboradores, promovendo o senso de pertencimento e colaboração.
Promoção de um Ambiente de Trabalho Saudável: Ao disponibilizar um profissional especializado em saúde mental, as empresas demonstram seu compromisso com o bem-estar dos colaboradores. Isso cria um ambiente de trabalho mais inclusivo, onde os funcionários se sentem valorizados e apoiados. O socorrista mental contribui para a construção de uma cultura organizacional que valoriza a saúde mental e encoraja a busca de ajuda quando necessário.
Melhoria do Desempenho: Um ambiente de trabalho saudável, com suporte adequado à saúde mental, tem impacto direto no desempenho dos colaboradores. Funcionários que se sentem apoiados emocionalmente tendem a ser mais engajados, motivados e produtivos. O socorrista mental pode oferecer ferramentas e estratégias para ajudar os funcionários a lidarem com o estresse, aprimorarem suas habilidades de gerenciamento emocional e a encontrarem um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal.
Nesse contexto, as empresas que tenham como prioridade a formação de brigadistas mentais para trabalharem em seus ambientes laborais podem contratar empresas especializadas em formação de brigadistas mentais ou socorristas mentais e desenvolverem programas e políticas que promovam a saúde mental dos colaboradores e que implementem:
Sensibilização e Treinamento: Promova a conscientização sobre a importância da saúde mental no ambiente de trabalho e ofereça treinamentos específicos para os colaboradores sobre temas como gerenciamento do estresse, resiliência emocional, autocuidado e apoio mútuo. Esses treinamentos podem ser ministrados por profissionais especializados em saúde mental ou consultorias especializadas.
Políticas de Saúde Mental: Desenvolva políticas internas que incentivem a busca de ajuda e promovam a saúde mental no ambiente de trabalho. Isso pode incluir a disponibilização de recursos de apoio, como linhas telefônicas de suporte emocional, programas de aconselhamento ou parcerias com clínicas ou psicólogos para oferecer serviços especializados.
Programas de Bem-Estar: Implemente programas de bem-estar abrangentes que incluam atividades físicas, programas de alimentação saudável, práticas de mindfulness, sessões de relaxamento ou outras estratégias que promovam o autocuidado e o equilíbrio emocional.
Líderes como Apoiadores: Capacite os líderes e gestores para que sejam apoiadores ativos da saúde mental no ambiente de trabalho. Eles podem receber treinamentos específicos sobre como reconhecer sinais de estresse ou problemas emocionais nos colaboradores e como oferecer suporte adequado e encaminhar para recursos profissionais quando necessário.
Cultura Organizacional de Apoio: Crie uma cultura organizacional que valorize a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores. Promova a abertura para discussões sobre emoções, estresse e desafios pessoais, criando espaços seguros para que os funcionários compartilhem suas dificuldades e se sintam apoiados pela equipe e pela empresa como um todo.
Por fim, o socorrista mental é um profissional não necessariamente médico ou psicólogo, mas que adquire habilidades através de treinamento para desempenhar um papel fundamental no suporte à saúde mental dos funcionários, na prevenção de crises, na promoção de um ambiente de trabalho saudável e no aprimoramento do desempenho geral da equipe. Com o aumento da conscientização sobre a importância da saúde mental no ambiente de trabalho, a presença desse profissional é cada vez mais valorizada pelas empresas.
Renato Lisboa é neuropsicanalista, coordenador do curso de Socorro em Saúde Mental, autor do best seller “3 Segundos: Escolhas que transformam a vida”.
Com Assessorias