Cerca de 20 milhões de pessoas convivem com a asma no Brasil, uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores (brônquios e bronquíolos). A asma não tem cura, mas é controlável se tratada corretamente, com os medicamentos certos. No entanto, apenas 36% dos pacientes com asma grave alegam ter acesso aos medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 10,5% acessam os tratamentos pelos planos de saúde.
Os dados são de uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Asmáticos (Abra), em parceria com a Colabore com o Futuro, para entender as principais barreiras e desafios enfrentados pelos pacientes de asma e verificar se as atualizações do Rol da ANS e do protocolo clínico de diretrizes terapêuticas (PCDT) no SUS têm sido um facilitador do acesso aos tratamentos.
Segundo a pesquisa, 53% dos pacientes declaram ter asma alérgica grave. Porém, ao se observar o tipo de tratamento que eles fazem, verifica-se uma incoerência entre diagnóstico X tratamento declarado. Dentre os pacientes que declaram fazer uso de medicamentos biológicos para asma grave, 37% disseram não saber se seus medicamentos estão disponíveis no SUS ou no Rol da ANS. 40% dos pacientes informaram que a maior barreira de acesso é a burocracia (preenchimento das guias e formulários, cadastros, receituário não válido ou errado).
Recentemente, depois de um importante trabalho de mobilização da sociedade, o protocolo clínico de diretrizes terapêuticas (PCDT), que não era atualizado desde 2013, foi revisto e validado pelo Comitê de Secretários de Saúde Estaduais em dezembro de 2021. Este processo garante o direito dos pacientes a tratamentos mais modernos. No entanto, nem todos conhecem essas inovações, o que dificulta o acesso aos novos medicamentos.
“Esses e outros dados corroboram para o entendimento que o acesso à saúde vai além das publicações das incorporações dos tratamentos e reforçam as necessidades dos pacientes e do sistema, em relação à ampliação e melhoria deste acesso”, afirma Soraya Araújo, da Colabore com o Futuro.
Falta do medicamento nas Farmácias de Alto Custo
A sondagem identificou problemas como a falta do medicamento nas Farmácias de Alto Custo, negativas do Plano de Saúde, necessidade de entrar com ação judicial para ter acesso aos medicamentos, burocracia com documentações para conseguir a guia e retirada dos medicamentos no SUS e a espera para obter o medicamento nas Farmácias de Alto Custo.
Outras barreiras identificadas pela sondagem são a falta de medicamentos nas farmácias e hospitais e a pouca informação dada pelos profissionais de saúde ao prescrever determinados medicamentos. Os pacientes também apontam que os funcionários dos planos de saúde e dos servidores públicos não fornecem informações completas e de fácil entendimento.
“A enquete foi realizada em formato online e reforçou algumas demandas já percebidas no atendimento aos pacientes”, ressalta o presidente da ABRA, Cláudio Abrahão do Amaral. Após a percepção do cenário atual de saúde e do entendimento das principais barreiras de acesso para os pacientes asmáticos, a ABRA e Colabore com Futuro direcionam suas ações baseadas em três eixos:
– sensibilização e engajamento da sociedade para melhoria do acesso a saúde dos pacientes asmáticos;
– responsabilidade e protagonismo do paciente para garantia do seu tratamento;
– orientação dos profissionais de saúde sobre os fluxos de acesso aos tratamentos.
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A asma é uma condição de saúde que causa estreitamento e inchaço das vias aéreas, com possível produção adicional de muco, além de outros sintomas. Embora a asma também afete os adultos, é a doença crônica mais comum em crianças. Mais de 262 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de asma e mais de 461 mil morreram em decorrência dela, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
A asma não tem cura e para algumas pessoas, ela é apenas um pequeno incômodo. Para outras, ela pode interferir nas atividades diárias e levar a crises da doença que representam risco de vida. Um bom acompanhamento no dia a dia é fundamental para controlar os sintomas da asma e evitar crises, diz o John Costello, M.D., pneumologista da Mayo Clinic Healthcare em Londres.
Os sintomas de asma incluem falta de ar, sensação de aperto no peito, chiado no peito ao expirar, dificuldade para dormir causada por falta de ar, tosse ou chiado no peito e crises de tosse ou chiado no peito agravados por um vírus respiratório.
A asma é normalmente uma condição intermitente agravada por um vírus respiratório, alergias ou outro fator desencadeante. Não está claro por que algumas pessoas têm asma e outras não. Para algumas pessoas, os sinais e sintomas da asma aumentam em certas situações, como durante a prática de exercícios físicos. Climas frios e até mesmo tempestades podem desencadeara asma.
“Há um componente genético significativo na asma assim como nas alergias, mas a definição absoluta dos genes envolvidos ainda está sob investigação e ainda é muito discutível”, diz o Dr. Costello. “Portanto, é uma condição de prevenção bastante difícil. O que é possível prevenir é a frequência e a gravidade das crises por meio de um tratamento regular.”
Crianças com asma podem não ser capazes de explicar os sintomas que estão sentindo. Os pais muitas vezes notam que a criança tem infecções respiratórias com mais frequência do que seus irmãos ou ouvem chiado no peito com frequência. A família também pode ter histórico de tosse, chiado no peito, falta de ar, asma ou alergias, todos fatores que apontam para o diagnóstico da asma.
Sintomas melhoram na adolescência
Os sintomas da asma geralmente melhoram no início da adolescência. Mas o motivo da melhora, seja ou não hormonal, não está claro, diz o Dr. Costello. No entanto, após o diagnóstico, há sempre a tendência de que a pessoa precise retomar o tratamento mais tarde na vida, nas circunstâncias certas.
Pacientes com asma e os profissionais de saúde que os atendem podem consultar as diretrizes de tratamento locais e internacionais para criar um plano gradual para conviver com a condição, evitar crises de asma e reconhecer quando a condição está fora de controle. A terapia inalatória é o tratamento preferido, embora os pacientes com asma grave possam precisar de corticosteroides administrados por via oral ou intravenosa.
“E se o paciente não estiver respondendo, então a internação é necessária para garantir que os medicamentos sejam administrados de forma eficiente”, diz o Dr. Costello.
Dia Mundial da Asma
Anualmente, a primeira terça-feira de maio é dedicada ao Dia Mundial da Asma, para alertar a população sobre a doença, o diagnóstico e o tratamento correto. O tema do Dia Mundial de Atenção e Conscientização da Asma deste ano, escolhido pela Global Initiative for Asthma (GINA), é ‘Fechando lacunas nos cuidados com a asma’.
A entidade internacional, parceira da OMS, admite que há diversos hiatos no cuidado da doença, “que requerem intervenção para reduzir o sofrimento evitável, bem como os custos incorridos no tratamento da asma não controlada”. A data reforça a importância da mobilização dos pacientes pela incorporação de tratamentos que garantam melhor qualidade de vida, tanto na saúde pública quanto no sistema privado.
Mais informações podem ser obtidas em https://www.atualizaasma.com
Com Assessorias