A partir dos 40 anos, uma preocupação começa a rondar a cabeça das mulheres: quais serão os impactos da menopausa? Em um entrevista para Foquinha no YouTube, em abril de 2024, a atriz Grazi Massafera, que sempre é muito discreta sobre sua vida privada, fez uma declaração considerada, no mínimo, infeliz para nove entre dez mulheres que já chegaram nessa fase.
Tenho minha libido lá em cima, sou mulher, sou sadia, estou na idade da loba. Daqui a pouco vem a menopausa, deixa eu aproveitar. Deixa eu fazer coisinha, deixa eu coisar em paz”, disse a atriz de 42 anos.
A famosa já comparou a Tensão Pré-Menstrual (TPM) à menopausa em outra entrevista este ano: “Brinco que deveria ter um plano de saúde feminino para lidar com TPM fortes, que tenho muitas vezes, puerpério e menopausa. Os hormônios ficam muito alterados”.
Grazi Massafera não está sozinha. Uma pesquisa mostrou que 70% das brasileiras não estão preparadas para a chegada dessa fase normal da vida feminina. Em “carta aberta” endereçada à atriz, a jornalista Silvia Ruiz – que está na menopausa – diz que ela está “reproduzindo clichês que existem sobre o climatério” e fomentando tabus em torno do tema. “Mas deixa eu te dar uma boa notícia: seu prazer não tem prazo de validade”, escreveu a colunista de VivaBem, no UOL
A verdade é que a mudança hormonal pode, para algumas pessoas, significar uma queda no interesse pelo sexo. Por isso, em alguns casos, é indicado fazer uma reposição hormonal para recobrar o bem-estar e a qualidade de vida.
Mas a menopausa não é, de jeito algum, uma sentença de morte para a libido. Embora haja uma questão cultural onde a sociedade espera que, ao envelhecer, as mulheres percam o interesse por transar, isso é um mito.
A menopausa é uma fase natural na vida de uma mulher, marcada pela diminuição da produção de hormônios e o término definitivo da menstruação. Esse período pode trazer desafios físicos e emocionais, mas também é uma época de descobertas e redescobertas da própria sexualidade. Uma vida sexual ativa na menopausa pode ser não apenas prazerosa, mas também benéfica para a saúde e o bem-estar da mulher nessa etapa da vida.
Entretanto, esse período é frequentemente cheio de tabus e desinformações. E quando se fala sobre o assunto, é comum direcionar a atenção, principalmente, para as alterações hormonais, deixando de lado alguns aspectos cruciais, como a sexualidade e o prazer feminino.
Artista de 77 anos revela que mantém interesse por sexo
Recentemente, aos 77 anos, a artista performática Marina Abramović – que iniciou sua carreira no início da década de 1970 na Iugoslávia – compartilhou que, mesmo após entrar na menopausa, não perdeu o interesse em atividades sexuais. Pelo contrário, ela revelou que a qualidade da experiência melhorou com o tempo, destacando a importância da maturidade na prática sexual.
CEO e fundadora da femtech da Plenapausa, a psicanalista Márcia Cunha ressalta que a menopausa não representa, necessariamente, um declínio na vida sexual. “Entender os sintomas e buscar tratamentos adequados é essencial para melhorar a qualidade dessa experiência. Além disso, essa fase da vida feminina proporciona a chance de descobrir novas maneiras de autocuidado e de promover uma função sexual satisfatória”, diz.
Para a psicanalista, é muito comum que a vida sexual melhore depois da menopausa. “No entanto, para alcançar esse resultado, é fundamental cuidar da saúde sexual ao longo da vida. O amadurecimento, o entendimento do próprio corpo e o apoio do parceiro são essenciais para cultivar a autoconfiança necessária para manter e aprimorar a qualidade da satisfação sexual”, diz.
Como a menopausa impacta a vida sexual da mulher
A menopausa é um período de transição na vida reprodutiva das mulheres, marcado pelo fim da menstruação, que traz diversas mudanças hormonais significativas. Uma delas se trata de mudanças também na sexualidade. É preciso esclarecer que o fim da menstruação tem um impacto direto na vida sexual das mulheres.
De acordo com uma pesquisa realizada pela femtech Plenapausa com cerca de 5 mil mulheres que estão na menopausa no Brasil, 81% das mulheres experimentam sintomas como a diminuição da libido, que é causada pelo ressecamento vaginal, consequentemente, alterando o conforto e o prazer sexual.
Tudo isso só distancia essa mulher de chegar ao orgasmo – algo que pode ser benéfico por diversas razões físicas e emocionais, já que a pesquisa também aponta que 88% das mulheres ouvidas sentem alteração de humor e instabilidade emocional e 84% delas vivenciam depressão e ansiedade.
Ainda de acordo com a psicanalista Márcia Cunha, a informação é o grande trunfo que a mulher pode ter para ter uma vida com qualidade e saudável nesse período.
A menopausa traz mudanças significativas na vida da mulher em diversos sentidos, e a vida sexual também passa por uma mudança e estranhamento. Explorar a sexualidade nesse período das mais diversas formas que puder é investir em autoconhecimento e pode ser especialmente importante para essa mulher se ver mais autoconfiante e manter uma vida sexual satisfatória”, enfatiza.
Existe orgasmo na menopausa?
Hoje, as pessoas, especialmente as mulheres, têm se preparado para viver mais anos focando no bem estar e qualidade de vida. Nesta perspectiva, o orgasmo deve estar na lista de coisas que fazem muito bem para a longevidade.
A sexualidade e o orgasmo da mulher na menopausa são diferentes de antes do período menopausal, justamente pela diminuição de estrogênio e progesterona, que também deixam a região íntima sensível. A ginecologista Natacha Machado diz que o autocuidado íntimo diário pode ajudar a aliviar alguns desses sintomas bastante incômodos para a mulher na menopausa.
O ressecamento vaginal é comum durante a menopausa por conta da diminuição dos níveis de estrogênio, ter o cuidado utilizando sabonetes íntimos próprios para o PH vaginal e também a utilização constante de lubrificantes no dia a dia e também para ter relações sexuais é bastante benéfico.” explica.
A menopausa oferece uma oportunidade para as mulheres se redescobrirem em termos de preferências e prazer. O conhecimento de si mesma proporciona confiança para explorar novas alternativas visando o bem-estar e a satisfação sexual. Para manter a atividade sexual ativa, é bastante recomendado o uso de produtos que facilitem alguns sintomas, garantindo o ápice do prazer e o bem estar sexual. Hoje, por exemplo, o mercado oferece algumas soluções que tragam alívio para alguns dos sintomas como o ressecamento vaginal.
Por que é saudável ter orgasmos frequentemente na fase menopausal?
A menopausa oferece uma oportunidade para as mulheres se redescobrirem em termos de preferências e prazer. O conhecimento de si mesma proporciona confiança para explorar novas alternativas visando o bem-estar e a satisfação sexual
1 – Lubrificação vaginal: O ressecamento vaginal é comum durante a menopausa por conta da diminuição dos níveis de estrogênio. “A masturbação estimula o bombeamento do fluxo sanguíneo para a área genital, o que pode ajudar a aumentar a lubrificação vaginal e aliviar o desconforto durante a relação sexual.”, explica a ginecologista Dra. Natacha Machado.
2- Fortalecimento dos músculos pélvicos: A atividade sexual, seja a dois ou sozinha em uma masturbação regular, permite a contração e o relaxamento dos músculos pélvicos. “Praticar a masturbação, envolve chegar ao orgasmo, e isso pode ajudar a fortalecer a região, melhorando a saúde do assoalho pélvico, reduzindo as chances de incontinência urinária e também aumentando a sensibilidade sexual.”, argumenta Renata Miranda, fisioterapeuta pélvica.
3- Alívio do estresse e melhora do humor: Márcia Cunha, fundadora e CEO da Plenapausa, afirma que os benefícios do orgasmo e da masturbação são especialmente valiosos durante a menopausa, pois é quando as alterações hormonais podem afetar o equilíbrio emocional e a saúde mental da mulher. “Ao atingir o orgasmo com a masturbação, o organismo libera endorfinas e hormônios do prazer, que podem ajudar a reduzir o estresse, aliviar a ansiedade e melhorar o humor.”
4- Conexão com o próprio corpo: A masturbação é uma forma de explorar e conectar-se com o próprio corpo, permitindo que as mulheres descubram suas preferências e desejos sexuais. Acompanhada de um bom lubrificante e um vibrador para a mulher explorar o próprio corpo nessa nova jornada da maturidade, proporciona uma conexão consigo mesma, podendo descobrir novos desejos e prazeres sexuais
Dicas para apimentar a vida sexual na menopausa
- Comunicação: converse abertamente com o parceiro sobre desejos, preocupações e fantasias para melhorar a intimidade e, consequentemente, estabelecer uma conexão mais profunda e entender as necessidades e desejos de ambos.
- Sem medo de testar novas formas de prazer: novas posições, brinquedos sexuais ou técnicas de estimulação ajudam a descobrir o Atenção para a saúde vaginal: o ressecamento vaginal é comum durante a menopausa, mas pode ser aliviado com o uso de lubrificantes à base de água ou cremes hormonais, o que garante um maior conforto durante o sexo.
- Bem-estar é prioridade: uma dieta saudável, exercícios e gerenciamento do estresse contribuem para aumentar a energia, melhorar a autoestima e a libido, beneficiando assim a vida sexual.
- Orientação profissional: consultar um médico especializado ajuda na hora das dúvidas e traz opções de tratamento para questões específicas relacionadas à sexualidade na menopausa, garantindo uma abordagem adequada e eficaz para manter uma vida sexual saudável e com muito prazer.
Com Assessorias