- Diante da explosão dos casos de dengue no Brasil, a população aguarda com ansiedade a ampliação da vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde deve iniciar nos próximos dias a distribuição de mais dose para abastecer todos os 521 municípios eleitos para receber o imunizante na primeira fase de vacinação no Sistema Único de Saúde (SUS). Mas neste momento, apenas crianças de 10 e 11 anos poderão ser imunizadas – aos poucos, a vacina chegará para crianças de 12 a 14 anos.
- Ainda não há previsão de quando toda a população de 40 a 60 anos – público aprovado pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – poderá ser contemplada pelo SUS. Diante do aumento vertiginoso de casos prováveis de dengue neste verão, com várias cidades e estados decretando epidemia de dengue, como o Rio de Janeiro, em várias partes do país, muita gente tem recorrido à rede privada para se vacinar. Segundo a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinação (ABCVAC), a procura pela vacina contra a doença subiu 110% em clínicas privadas de todo o país, em janeiro, se comparado ao mês anterior.
- Se no SUS é preciso definir prioridades por falta de doses fornecidas pelo fabricante Takeda, em farmácias e clínicas particulares qualquer pessoa dentro da faixa aprovada pela Anvisa (4 a 60 anos) pode receber o imunizante. O problema é o preço: em média cada dose custa entre R$ 400 e são necessárias duas para completar o esquema de imunização. A vacina está disponível desde meados de 2023 para quem está disposto a desembolsar entre R$ 800 e R$ 1 mil pelas duas doses.
- Além da limitação financeira, o acesso ao imunizante de forma particular deve ficar ainda mais restrito já que a fabricante precisa priorizar o abastecimento ao SUS, conforme anunciou amplamente. Então, será que pode faltar vacina na rede privada? Coma resposta, a Takeda, que divulgou amplamente a vacina em meados de 2023, beneficiando, inicialmente, um público seleto com condições de pagar um alto preço para reforçar a prevenção contra uma doença que pode levar à morte.
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- Outra questão que preocupa é a limitação em relação ao público que pode receber a vacina, mesmo para quem está disposto a pagar. Apesar de serem um grupo com grande número de hospitalizações pela dengue no Brasil, os idosos ainda não pode ser imunizados no país porque a vacina não foi liberada pela Anvisa para maiores de 60 anos. Segundo o órgão regulador, os estudos não possuíam informações suficientes sobre a segurança da substância para este público.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) explica que “ainda não há dados provenientes de pesquisas clínicas com a população de idosos, portanto, não é possível determinar a eficácia ou segurança do imunizante para esta parcela da população”.
Entretanto, como lembra a SBGG, na União Europeia, a indicação aprovada pela EMA – o órgão regulador similar à nossa Anvisa – é para indivíduos a partir de 4 anos de idade, sem restrição etária máxima.
“Como idosos são considerados grupo de risco aos agravos decorrentes do vírus da dengue, a expectativa é que em breve haja dados referentes 60+ que permitam que sejam incluídos como elegíveis ao imunizante”, diz a entidade. “Assim, no Brasil, o uso por idosos, caso recomendado por um médico, seria considerado o que chamamos de “off label”.
Mas,. então, como idosos podem se prevenir contra a dengue? Segundo a SBGG, idosos, bem como toda a comunidade, devem evitar acúmulo de água parada em locais como vasos de plantas, pneus e caixas d’água.
“O uso de repelentes é essencial. E, caso haja alguma pessoa picada pelo mosquito da dengue ou com suspeita de ter sido infectado, é fundamental identificar o foco do mosquito e eliminá-lo imediatamente”, afirma.