Vale tudo para ficar bem na selfie? Quando o assunto é saúde, é claro que não. Quase toda semana vemos casos na mídia de pessoas que sofreram graves problemas de saúde e até morreram por conta de cirurgias plásticas, procedimentos estéticos e outros recursos usados com o único objetivo de fazer a pessoa parecer mais bonita – ou alinhada aos padrões exigidos. 

Mas essa corrida sem trégua pela beleza está se tornando uma preocupação para especialistas em Saúde Pública. Esta semana a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) emitiu um alerta aos serviços de saúde de todo o Rio de Janeiro e também à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devido ao alto número de notificações de infecções por Micobactérias Não Tuberculosas de Crescimento Rápido (MNT) associadas a procedimentos estéticos invasivos.

Somente entre janeiro e junho deste ano, já foram notificados 19 casos, número superior ao total de todo o ano de 2023, quando houve 14 registros. O número também é maior que os totais registrados nos anos de 2020, 2021 e 2022.

O alerta orienta que os serviços de saúde notifiquem imediatamente os casos suspeitos de infecção por MNTCR ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da SES-RJ, através do e-mail notifica.ses.rj@gmail.com.

O Cieves contactou as secretarias municipais de saúde das 92 cidades do estado. Ao mesmo tempo, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da secretaria contatou diretamente as unidades de saúde das redes pública e privada em todo o estado.

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Lipoaspiração é uma das mais suscetíveis a infecção por bactérias

Procedimentos estéticos invasivos – como lipoaspiração e cirurgias laparoscópicas e artroscópicas – com falhas no processo de esterilização são os mais suscetíveis à contaminação por este tipo de bactéria.

Por isso, a secretaria define como caso suspeito toda pessoa que tenha sido submetida a procedimento estético e/ou médico invasivo num período de até 24 meses que apresente um ou mais sintomas como edema ou vermelhidão por mais de uma semana, nódulos ou ulcerações, fístulas com secreção (pus ou pus com sangue) de difícil cicatrização ou que reapareçam em locais correspondentes ao trajeto de agulhas e outros equipamentos utilizados nos procedimentos.

Embora casos de contaminação por este tipo de bactéria já sejam de notificação compulsória no estado desde 2021, resolvemos emitir este alerta porque a quantidade está fora dos padrões que temos visto desde 2020 e estes casos podem levar até mesmo à morte”, enfatiza Claudia Mello, secretária de estado de Saúde.

Tire suas dúvidas

Com mais de 20 anos de experiência na Vigilância Sanitária, o cirurgião plástico André Maranhão, que faz parte do Grupo Técnico de Vigilância Sanitária da SES, tirou as principais dúvidas sobre o assunto.

·         O que são as MNT?

As Micobactérias Não Tuberculosas de Crescimento Rápido (MNT) estão relacionadas a procedimentos estéticos invasivos que podem apresentar alguma falha no processo de esterilização na realização do procedimento e ficam suscetíveis à contaminação por este tipo de bactéria.

·         Qual a importância desse alerta emitido pela SES-RJ aos serviços de saúde?

Os meses de junho, julho e agosto são comprovadamente os mais buscados por pacientes que procuram procedimentos estéticos para a época do verão. Por conta disso, esta é também, uma fase importante para redobrar os alertas da Vigilância Sanitária aos profissionais e pacientes, para evitar um aumento ainda maior dos números de casos de complicação.

·         Como identificar uma possível contaminação?

A secretaria define como caso suspeito toda pessoa que tenha sido submetida a procedimento estético e/ou médico invasivo num período de até 24 meses que apresente um ou mais sintomas como edema ou vermelhidão por mais de uma semana, nódulos ou ulcerações, fístulas com secreção (pus ou pus com sangue) de difícil cicatrização ou que reapareçam em locais correspondentes ao trajeto de agulhas e outros equipamentos utilizados nos procedimentos.

·         Quais são os principais riscos para quem está infectado?

A depender do procedimento realizado, o paciente pode apresentar feridas de variados tamanhos, além de nódulos, machucados com difícil cicatrização. Em casos mais graves e a depender do avanço do quadro de infecção, o paciente pode chegar à morte.

·         Quais os principais cuidados que o paciente deve adotar ao escolher uma clínica para procedimento estético?

Os especialistas alertam para a importância de o paciente sempre se atentar à “tríade de segurança”, ou seja: se o procedimento é indicado para aquele tipo de paciente. Se o local é adequado e seguro para a realização do procedimento e se contém os devidos registros e as licenças sanitárias. É essencial saber se o profissional em questão é capacitado para realizar aquele procedimento e se possui a qualificação necessária para o mesmo.

·         O que fazer caso tenha se contaminado?

A busca por atendimento médico é recomendada em qualquer caso que se desconfie da contaminação após um procedimento estético. O paciente deve sempre guardar todas as informações acerca do procedimento realizado, bem como nomes e detalhes sobre os produtos manipulados durante o procedimento, inclusive levando suas caixas para casa. Isso porque, em caso de complicação, é importante que todas essas informações sejam entregues ao médico para ajudar num diagnóstico o mais rápido possível.

Fonte: SES-RJ (atualizado em 25/6/24)

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