A saúde mental tornou-se uma das maiores preocupações dos brasileiros nos últimos anos. Os dados reforçam essa percepção. De acordo com o Health Service Report 2024, 54% da população já considera essa a principal questão de saúde no país.

Uma pesquisa Datafolha, realizada em setembro do mesmo ano, revela ainda que 7% dos adultos avaliam sua saúde mental como ruim ou péssima, enquanto 30% relatam dificuldades frequentes para dormir e 31% convivem com sintomas recorrentes de ansiedade.

Em 2024, o Brasil registrou quase meio milhão de afastamentos do trabalho por doenças psiquiátricas, um aumento de 68% em relação ao ano anterior. As principais doenças listadas foram os transtornos de ansiedade e depressão, condições altamente incapacitantes.

Entre janeiro e outubro de 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) contabilizou 671.305 atendimentos ambulatoriais por ansiedade, um aumento de 14,3% em relação a todo o ano anterior, segundo o Ministério da Saúde.

A demanda por atendimento psiquiátrico cresce a cada ano, demonstrando a urgência de políticas públicas e conscientização sobre o tema. Neste cenário, o papel do psiquiatra tornou-se ainda mais mais essencial do que nunca. O dia 13 de agosto, celebrado como o Dia do Psiquiatra no Brasil, reforça ainda mais a importância desses profissionais.

Médico especialista no cuidado da mente, o psiquiatra atua no diagnóstico, tratamento e prevenção dos transtornos mentais, utilizando tanto intervenções clínicas quanto abordagens psicoterapêuticas e medicamentosas.

De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), apesar dos avanços na medicina e dos esforços dos psiquiatras em participar do debate público sobre saúde mental, o estigma associado à psiquiatria ainda persiste. Muitas pessoas ainda evitam procurar ajuda por medo de julgamentos ou por desinformação.

É fundamental que a sociedade compreenda a importância do psiquiatra. Nosso papel vai além de realizar um diagnóstico e prescrever medicamentos. Nós escutamos, acolhemos, orientamos e buscamos sempre ajudar cada paciente a ter mais qualidade de vida”, afirma Antônio Geraldo, presidente da ABP

Segundo Cassiano, professor de Psiquiatria da Afya Educação Médica Brasília, o preconceito, muitas vezes associado à ideia equivocada de que a especialidade trata apenas casos graves ou “loucos”, ainda afasta muitos pacientes do tratamento. “Há quem veja o ato de procurar um psiquiatra como fraqueza, quando na verdade é um gesto de coragem e responsabilidade com a própria saúde”, afirma.

Desafio é acesso a medicações psiquiátricas

Outro desafio é a desigualdade no acesso ao cuidado. Cassiano fala de um ‘paradoxo contemporâneo:’ enquanto cresce o uso indiscriminado de psicofármacos para fins estéticos ou de performance, milhões de brasileiros seguem sem acesso a profissionais qualificados ou aos medicamentos necessários para tratar transtornos mentais de forma adequada.

Combater o estigma ainda associado à especialidade são passos fundamentais para garantir que mais pessoas tenham acesso a um tratamento digno, eficaz e humanizado. Consultas regulares, abordagens terapêuticas adequadas e o uso consciente de medicamentos não são sinais de fraqueza, mas ferramentas legítimas na busca por equilíbrio e qualidade de vida”. ressalta o professor.

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O papel do psiquiatra na saúde mental

Para se tornar psiquiatra, é necessário ingressar na faculdade de Medicina. Após 6 anos dedicados ao curso, os médicos que desejam se tornar psiquiatra ingressam em uma Residência Médica em Psiquiatria, com duração média de três anos e carga horária de 2.880 horas anuais, totalizando 8.640 horas.

Essa extensa formação oferece um treinamento aprofundado, tanto prático quanto teórico, preparando o médico para lidar com as complexidades da saúde mental. Além disso, o psiquiatra pode se especializar ainda mais em outras áreas da própria Psiquiatria como Psicoterapia, Psicogeriatria, Psiquiatria da Infância e Adolescência e Psiquiatria Forense.

Segundo Cassiano, esses profissionais são fundamentais na preservação do bem-estar emocional. “Por meio de diagnósticos precisos, tratamentos adequados e ações de prevenção, contribuímos diretamente para salvar vidas e promover qualidade de vida”, afirma.

O especialista destaca que a psiquiatria contemporânea vai além da remissão de sintomas, buscando restaurar o equilíbrio do paciente, seja no âmbito físico, mental ou espiritual. “Um desequilíbrio emocional pode afetar a química cerebral e comprometer o comportamento, assim como a falta de neurotransmissores pode impactar a vida social e profissional”, explica.

A psiquiatria do século XXI adota uma abordagem integral, que leva em conta história de vida, vínculos afetivos e contexto cultural. Nesse sentido, o médico reforça que a medicação, quando necessária, é apenas parte do cuidado. “Nosso olhar é amplo e humano, totalmente alinhado ao modelo biopsicossocial, que integra corpo, mente e ambiente no processo de cuidado”, comenta o psiquiatra da Afya Brasília.

Nesse contexto, a psiquiatria do século XXI se firma como uma aliada indispensável na promoção da saúde mental, adotando uma prática cada vez mais empática, preventiva e centrada no cuidado integral.  Reconhecer a importância da identificação precoce dos transtornos mentais.

Curiosidade – Dia do Psiquiatra

 

O Dia do Psiquiatra foi instituído em 2016, na comemoração dos 50 anos da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que, além de representar esses profissionais, atua para defender os direitos dos padecentes de doenças mentais a informação de qualidade e ao tratamento acessível, além de combater a psicofobia.

Este ano, queremos fazer um convite para reflexão sobre a importância do psiquiatra no cuidado com a saúde mental da população e na reivindicação dos direitos dos padecentes de doenças mentais”, diz o  presidente da entidade.

Com Assessorias

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