Além da triste ‘tragédia anunciada’ – a morte da menina Raquel, de 11 anos, após ser atingida por um carro alegórico – , o Carnaval fora de época tem sido marcado por atrasos, desorganização e muitas críticas. Apesar da denúncia do Portal ViDA & Ação, a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) – responsável pelos acessos ao Sambódromo – continua desrespeitando as normas sanitárias impostas pela Prefeitura do Rio e não exige a comprovação do esquema completo de vacinação contra a Covid-19 nas entradas para a Passarela do Samba.
Já dentro do Sambódromo, sobram truculência, arbitrariedade e desrespeito à imprensa no livre exercício da profissão, assegurado por lei. Na noite desta quinta-feira (21), a reportagem de ViDA & Ação foi barrada em um dos acessos à área de desfiles – onde na véspera havia entrado e pelo qual outros profissionais com a mesma credencial adentravam. A alegação era de que houve mudanças nas normas internas de acesso, e que o regulamento não permitia o acesso de credenciais verdes à área de Armação das escolas.
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Um homem, identificado no crachá da Liesa como Antonio Carlos Ferreira Mace, da supervisão da Atam Consultoria Empresarial, que atuava como chefe da cabine de acesso, julgou que a editora (que escreve esta matéria) não estava trabalhando porque usava alguns adereços e acessórios carnavalescos. Apesar dos inúmeros apelos e da intercessão da assessoria de imprensa da Liesa, a cargo da Approach Comunicação, que buscou contemporizar o episódio, prevaleceu a truculência do funcionário, que dizia ter “mais de 30 anos trabalhando na Sapucaí”.
Claramente, houve a velha máxima de ‘dois pesos e duas medidas’ para equacionar um mesmo problema, esbarrando no livre exercício da profissão de jornalista. Na condição de mulher, mãe e jornalista, me senti desrespeitada, ofendida e humilhada por vários impropérios disparados aos berros por este senhor. Ele e sua equipe liberavam a entrada de outras pessoas com a mesma credencial que eu e me enxotavam da catraca, alegando que estava bloqueando a passagem de outras pessoas. Uma atitude claramente misógina, preconceituosa e que foi endossada por outro profissional que se apresentava como coordenador da segurança e chamou a assessoria de imprensa ao local.
‘Festa das credenciais’
Em sua coluna no Diário do Rio, o jornalista Quintino Gomes Freire voltou a fazer duras críticas ao processo de credenciamento e à desorganização do Carnaval carioca. “Enquanto jornalistas que cobrem a Sapucaí ficaram sem credenciais, gente que nem trabalha no evento ganhou. Afinal, subprefeito, subsecretário e ex algumas coisas precisam ficar andando pelas pistas? O que corre na boca pequena da Prefeitura, é que nunca na história um carnaval foi tão mal organizado pela Riotur. Nem na época do Crivella”.
Correspondentes de TVs estrangeiras também ficaram cerca de 4 horas para retirar as credenciais, e aguardando os coletes verdes, de trânsito livre. “Eu esperei mais de 3 horas. Depois que vc vai até a Riotur, na Cidade das Artes (Barra da Tijuca), na contramão da facilidade, não consegue sair sem resolver. E teve gente que não conseguiu resolver. Tinha credencial com direito a colete verde, trânsito livre, mas não tinham colete para entregar”, criticou um cinegrafista que trabalha para uma TV estrangeira.
Segundo ele, o local era inadequado para que os jornalistas pudessem esperar. “Um corredor e quem ficava no final da Fila tinha que ficar na escada. Quando eu cheguei, fiquei quase no quinto andar. A entrega era no quarto andar. Antigamente, quando era na Praça Pio X , era num auditório, com ar-refrigerado e as credenciais já estavam amparadas e organizadas para serem entregues. Agora não foi bem assim”, lamentou o cinegrafista, que pediu para não ser identificado, temendo represálias em outros eventos comandados pela Riotur.
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