Os números são alarmantes, mas a dor de milhares de pessoas e seus familiares à espera do diagnóstico e tratamento é infinitamente maior que qualquer estatística. Dados do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam que somente neste ano, devem surgir 600 mil novos casos de câncer no país. Em 2016 só no Estado do Rio de Janeiro foram registrados 69 mil novos casos de câncer e a expectativa é que esse número cresça ano a ano. Para 2016 e 2017, o Inca estimou 29.760 novos casos de câncer de mama na Região Sudeste, onde o tumor é o mais frequente no sexo feminino, sendo 8.020 localizados somente no Estado do Rio.
Diante desses números, não resta dúvidas que a demanda por atendimento especializado na rede pública de saúde é enorme. Hoje os moradores do interior enfrentam longas viagens para fazer tratamento e a fila de espera de exames é muito grande. Pacientes que precisam fazer sessões de radioterapia, por exemplo têm que viajar até hospitais que ficam a quatro horas de sua casa. “Além de todo o cansaço da longa viagem, ainda têm que enfrentar todos os efeitos da medicação no organismo. É necessário trabalhar este tema de forma mais profunda, ouvindo especialistas, acompanhando as ações do poder público e pacientes para que seja encontrada uma forma de amenizar os problemas”, ressalta a deputada estadual Ana Paula Rechuan (PMDB).
Presidente da recém-criada Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Câncer da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, ela diz que uma das propostas é apresentar um projeto de lei para criar pólos para diagnóstico precoce de câncer nos municípios. A ideia é usar as estruturas já existentes das Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) espalhadas pelo estado e foi apresentada na quarta-feira, dia 19, durante o lançamento da Frente, na Alerj.
Segundo Ana Paula, o objetivo da Frente é construir estratégias de fortalecimento da rede de tratamento e diagnóstico do câncer no estado. “Queremos, através da Frente Parlamentar, contribuir para reorganização do sistema de vagas, criando um protocolo de atendimento e direcionamento de fluxo. A ideia é tornar os atendimentos mais rápidos, acessíveis e eficazes para todos”, revela.
A deputada explica que a proposta é que essas estruturas não sirvam só para receber o paciente que já tem diagnóstico de câncer, mas também aquele com suspeita de câncer, e ali ele possa fazer todos os exames de forma rápida. “Queremos direcionar o atendimento para os dez tipos mais comuns da doença. O paciente que chegar com suspeita, já vai fazer o exame, a biópsia e o risco patológico”.
Atualmente o diagnóstico do câncer é um dos principais gargalos para o tratamento da doença. O paciente que dá entrada no sistema de saúde muitas vezes espera cerca de um ano para começar o tratamento, o que contraria a Lei Federal Nº 12.732/12, que estipula o prazo máximo de 60 dias a partir do diagnóstico em laudo patológico para o início do tratamento.
Para agilizar o tratamento, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) e o Ministério da Saúde vão fazer uma destinação do fluxo determinando quais hospitais vão atender cada tipo de câncer. A expectativa também é desafogar a demanda do Inca. “O nosso principal desafio é integrar a nossa rede de atendimento”, disse o subsecretário de Atenção à Saúde da Secretaria Estado de Saúde (SES), Charbel Khouri Duarte.
Rio terá novo hospital para tratar câncer
Outro ponto que receberá atenção da Frente Parlamentar é o Plano de Atenção Oncológica elaborado pela Fundação do Câncer com 48 metas para avançar no tratamento à doença, que serão avaliadas e atualizadas. Além disso, no mês que vem o estado ganhará mais um centro de diagnóstico e tratamento da doença: o Hospital da Fundação do Câncer, na capital do estado.
“Teremos 80 leitos para atender procedimentos cirúrgicos, quimioterapia, radioterapia, centro de diagnóstico com endoscopia, radiologia, tomografia, ressonância magnética e aparelhos de ponta. O hospital vai atender tanto pacientes da saúde suplementar como do Sistema Único de Saúde (SUS)”, pontuou o diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni.
O lançamento da Frente reuniu parlamentares, profissionais, pacientes e entidades ligadas a área para iniciar à discussão sobre a assistência oncológica no estado, tendo como foco a prevenção, diagnóstico e tratamento. Entre os participantes, estavam Francisco Neves, superintendente do Instituto Ronald McDonald; Roberta Costa Marques, diretora executiva do Instituto Desiderata, grupos de apoio e combate ao câncer e 18 deputados estaduais.
Reconstrução da mama garantida
A Alerj aprovou nesta terça-feira (18/04), em segunda discussão, o projeto de lei 1.843/12, dos deputados Átila Nunes (PMDB) e Tia Ju (PRB), que determina para pacientes que sofrerem a mastectomia a realização imediata da cirurgia de reconstrução de mama, incluindo a reconstrução da auréola. O texto altera a Lei 4.102/03. O texto seguirá para sanção ou veto do governador Luiz Fernando Pezão, que terá 15 dias úteis para decidir.
“A retirada da mama talvez seja a cirurgia mais traumática para a mulher. O SUS demora meses, e até anos, para autorizar a cirurgia de reconstrução. Então, nos casos possíveis, ela já sairá do hospital com a mama reconstruída” explica um dos autores, o deputado Átila Nunes. O texto estabelece também que, em caso de impossibilidade da reconstrução imediata, a cirurgia reparadora deverá ser feita quando a paciente alcançar as devidas condições clínicas ao término do tratamento.
Da Redação, com assessorias