Pesquisa Vigitel Brasil 2016, divulgada em meados de abril pelo Ministério da Saúde, aponta que o Rio de Janeiro é a capital com o maior número de hipertensos e diabéticos. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, uma pessoa morre a cada 40 segundos por doença cardiovascular. “Tratar os principais fatores de risco como hipertensão, diabetes e obesidade é uma forma de reduzir drasticamente os riscos cardiovasculares”, afirma o presidente da Socerj, o cardiologista Ricardo Mourilhe.

Ele reforça que doenças assintomáticas são, muitas vezes, a causa de eventos primários. “O infarto quando não mata pode deixar sequelas e por isso é tão importante conscientizar sobre a prevenção”, explica. Fatores de risco, prevenção e novidades no tratamento de doenças cardiovasculares serão debatidos no 34º Congresso de Cardiologia da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), que acontece de 3 a 5 de maio no Centro Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro.

O evento marcará o lançamento do Manual de Prevenção às Doenças Cardiovasculares, em parceria com as Secretarias Municipal e Estadual de Saúde. Haverá ainda a realização de um curso para capacitar cerca de 600 médicos de especialidades diversas que atuam na atenção básica à saúde no Estado. Também serão apresentados dados estatísticos sobre o impacto na saúde municipal com a implantação do Manual da Síndrome Coronária Aguda (infarto) nas UPAs há dois anos.

Entre as novidades a ser apresentadas durante a programação, está o estudo Augustus, com 5 mil pacientes divididos em 35 países, que está sendo realizado e que põe em xeque o uso da aspirina na prevenção de eventos cardiovasculares em quem tem fibrilação atrial (arritmia mais frequente na prática clínica). O tema será abordado pelo cardiologista e professor de medicina da divisão de Cardiologia da Duke University Renato D. Lopes, brasileiro radicado nos Estados Unidos desde 2006.

Lopes abordará ainda a pesquisa Aristotle, já encerrada e que contou com 18 mil pacientes em 39 países, e mostrou que um novo medicamento é superior na prevenção do AVC em quem tem fibrilação atrial. . Ele também falará da importância da pesquisa clínica ser encarada como uma especialidade médica e não uma pós graduação no Brasil. O 1º Simpósio Socerj – Duke University – aspirina colocada em xeque’ acontece dia 5 de maio, das 14h30 às 16h30.

Veja alguns dos principais destaques:

A programação científica abrange ainda novidades nos tratamentos das principais doenças. “Vamos reunir cerca de 2.500 médicos e especialistas para apresentar e debater o que há de novo no mundo científico. O Congresso da Socerj é o segundo maior congresso regional do país”, ressalta a presidente do 34º Congresso de Cardiologia da Socerj, a cardiologista Dra. Olga Ferreira de Souza.

Lançamento de Manual e Curso de Prevenção Cardiovascular

A Socerj lança em parceria com as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde o Manual de Prevenção às Doenças Cardiovasculares. O objetivo é preparar os profissionais que atuam nas unidades básicas de saúde para educar os pacientes sobre os fatores de risco como diabetes, hipertensão e colesterol alto. “É preciso deixar claro para o paciente que essas doenças crônicas podem causar um AVC, um infarto ou insuficiência renal para o resto da vida. Se alguém lhe explica tudo isso a probabilidade de adesão ao tratamento é maior”, explica Dr. Mourilhe.

QUANDO: 3 de maio das 8h30 às 12h30 e das 14h30 às 18h.

Impacto da adoção nas UPAs de Manual desenvolvido pela Socerj

Em 2015, a Socerj desenvolveu o Manual de Atualização e Conduta na Síndrome Coronariana Aguda (SCA) que foi adotado pelas UPAs do Rio de Janeiro. O texto ensinava como identificar um paciente em processo de infarto. Era preciso fazer um eletrocardiograma e enviar para uma central de plantão com cardiologistas que liam o exame e apontavam qual conduta deveria ser adotada. O resultado inédito de dois anos dessa metodologia será apresentado no Congresso.

QUANDO: 4 de maio às 11h.

 

1ª Jornada de Cardiometabolismo – cardiologistas e endocrinologistas unidos

De acordo com a literatura médica, mais de 50% dos pacientes diabéticos morrem por doenças cardiovasculares. Pela primeira vez, cardiologistas e endocrinologistas vão se reunir para debater os avanços nas áreas e enfatizar que o tratamento da diabetes deve ser multidisciplinar. Entre as novidades, três estudos publicados no New England Journal of Medicine tiveram um impacto mundial por demonstrarem que novos remédios usados no tratamento do diabetes tipo 2 têm mostrado proteção contra eventos cardiovasculares, como infarto e AVC.

QUANDO: 3 de maio das 8h30 às 19h.

 

Paciente oncológico deve ser acompanhado por cardiologista

Os avanços nos tratamentos do câncer com novas drogas têm gerado doenças secundárias no paciente oncológico, como problemas cardiovasculares. Cardiologistas e oncologistas vão debater a importância de trabalhar em parceria para que o tratamento de um problema não acabe gerando outro. “Em alguns países da Europa e nos Estados Unidos da América a mortalidade por câncer já ultrapassou as por doenças cardiovasculares. No Brasil há projeção de que isso ocorra entre os anos de 2020 e 2025, desde que mantidas as atuais tendências”, ressalta o cardiologista Dr. Wolney de Andrade Martins, Diretor Científico da Socerj, e palestrante da conferência Cardio-oncologia.

QUANDO: 4 de maio às 10h.

 

Novidades no tratamento cardiovascular minimamente invasivo

Serão apresentadas as novidades em cirurgias minimamente invasivas para tratar válvulas cardíacas degeneradas, entre elas o tratamento percutâneo da insuficiência da válvula mitral. O defeito no funcionamento dessa válvula faz com o sangue retorne aos pulmões, o que causa falta de ar, cansaço, tosse e palpitações. Até então o tratamento definitivo da insuficiência mitral era a cirurgia aberta. O cardiologista Dr. Estevão Carvalho de Campos Martins mostrará o caso de um paciente do Estado do Rio de Janeiro submetido ao tratamento da doença inteiramente por meio de cateteres, chamado dispositivo de MitraClip.

No mesmo Simpósio, o cardiologista italiano Dr. Fausto Castriota, presidente da Interventional Cardiovascular Units at GVM Care & Research, e sua equipe realizarão um procedimento ao vivo, transmitido da Itália, na qual tratarão um paciente com grave obstrução da válvula aórtica utilizando técnicas percutâneas, ou seja, sem necessidade de incisão cirúrgica.

QUANDO: 3 de maio às 08h30.

 

Novos medicamentos para redução de colesterol também diminuem eventos cardiovasculares

O colesterol elevado é um fator de risco importante para doenças cardiovasculares. Estimativas apontam que 40% da população brasileira têm colesterol acima do limite (200 miligramas por decilitro de sangue). Estudo recém-publicado no New England Journal of Medicinemostrou que a administração do medicamento evolocumabe, inibidor  da enzima PCSK9 em portadores de doença cardiovascular e já em uso de estatinas, além de diminuir o colesterol, reduziu em 20% a incidência de eventos cardiovasculares. Chamado de FOURIER, o estudo é um dos maiores sobre o tema e contou com 27.564 pacientes com média de idade de 63 anos (75% do sexo masculino) com doença cardiovascular aterosclerótica.

QUANDO: 5 de maio às 14h30.

A programação completa do Congresso está no enderelo http://34congresso.socerj.org.br/

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