O Brasil comemora o Dia da Consciência Negra neste domingo (20/11), mesmo dia em que será aberta no Catar a Copa do Mundo 2022. Muitos eventos culturais, artísticos e musicais estão programados para celebrar a data, num país em que a população negra representa a maioria, mas as condições de equidade entre brancos e negros ainda não é uma realidade. Afinal, o combate ao preconceito racial e ao racismo estrutural se dá também na arte, na música e na cultura.

Para festejar a data, o Rio de Janeiro está com uma programação variada. Sábado (19), véspera da data representativa, conquistada através da luta dos ancestrais nas figuras de reis e rainhas, saudamos Dandara e Zumbi dos Palmares com a Festa Awurê, que faz parte da terceira edição do Festival Ori, planejado para se tornar referência em pluralidade cultural afro-brasileira

Um destaque é a apresentação inédita no Brasil do show do Bloco Afro Olodum, que marcará o início da turnê no Brasil do grupo baiano em homenagem ao Egito, a convite do grupo Awurê, que abre a festa. Com enorme representatividade no cenário da cultura carioca, o espaço escolhido foi a Fundição Progresso, berço da boemia carioca na Rua dos Arcos, 24, Lapa, Centro.

Festa Ori tem entrada gratuita na Fundição Progresso

Balaio Bom é um dos grupos que se apresenta domingo na Fundição Progresso (Foto: Divulgação)

Serão dois dias de muito axê! Já no dia 20 de novembro, a Fundição Progresso  estará de portas abertas para receber a Festa Ori, com entrada gratuita, das 14h às 22h. Um grande encontro da comunidade negra para celebrar resistência e potência por meio de shows, exposições artísticas, workshop de tranças e penteados, espaços literários, atividades infantis e feira de afro-empreendedores (artesanato, moda e gastronomia), no total serão 37 barracas.

Nas instalações da Fundição Progresso, o coletivo Wakanda In Madureira e as redes de samba Balaio Bom, Azula e Dj Fabão farão apresentações musicais. Altay Veloso e um convidado surpresa somam à programação uma intervenção artística em homenagem ao Zumbi dos Palmares. Além disso contaremos com a parceria da Kitabu Livraria Negra, Casa AfroDai e SESC- RJ que estarão promovendo atividades no evento.

Feira gastronômica é uma das atrações do Festival Ori na Fundição Progresso (Foto: Divulgação)

Nos salões da Fundição Progresso, neste sábado e domingo, uma feira gastronômica com diversas barracas, 27 afros expositores, exposição do artista americano Steve R. Allen – pinta em uma variedade de gêneros, desde esportes a retratos e tudo o que ele é levado a criar.

Reconhecido por seu retrato forte, suas peças abstracionistas criativas e adaptáveis, e isso é reconhecido pela colocação de quatro de suas obras no Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana do Instituto Smithsonian. A primeira peça, “Freedom Journey”, é uma peça de 2009 que retrata o ex-presidente Barack Obama e o líder dos direitos civis Martin Luther King Jr., representando figuras-chave e momentos importantes da história afro-americana

E nas carrapetas, DJ Filó tocando o melhor da música black, em uma mistura de ritmos que navegam pelo soul, charme, samba, reggae, afrobeat, som brasil, smoth jazz entre outros. Quem dividirá o espaço com Filó, será Nennem DJ, juntos farão dois sets relembrando o melhor dos anos 70,80 e 90

Olodum apresenta no Rio show levado ao Egito

O show do Bloco Afro Olodum foi apresentado no Egito, na 14ª edição do festival de jazz do Cairo, em 4 de novembro, data que celebrou o centenário da descoberta do túmulo e dos tesouros de Turancamon. O faraó é cantado e celebrado em muitas das músicas do bloco afro, que exaltam e resgatam a grandiosidade das civilizações africanas, cuja história deve ser cada vez mais conhecida, sobretudo pelos países que abrigam grandes contingentes da diáspora negra.

O ano de 2022 também é o ano do bicentenário do Brasil como nação independente e do bicentenário da decifração da Rosetta Stone, o que permitiu  o nascimento da egiptologia e do conhecimento dessa civilização que nos influencia até hoje.

O Departamento de Cultura do Olodum, sob a mentoria do seu diretor de cultura João Jorge Rodrigues, respaldado pelos estudos do historiador e antropólogo senegalês Cheikh Anta Diop e de Joseph Ki-Zerbo, historiador de Burkina Faso, além dos ensinamentos de Abdias Nascimento e Eliza Alarkim, ousou em sustentar a ideia de um Egito negro e opulento, levando para o carnaval de Salvador um brilho e uma beleza fenomenais, transformando o grupo em um resgatador de cultura e reconstrutor de histórias.

Grupo Olodum é o mais tradicional da Bahia (Foto: Antonio Carvalho)

O grupo baiano de percussão, que tem vários sucessos inspirados na cultura do país africano, celebra mais de 35 anos do sucesso “Faraó Divindade do Egito” (1987), o tão famoso “ê faraó” será a estrela da noite. Além da “epopéia do código de Geb”, outras homenagens ao país, como os desfiles carnavalescos “Os tesouros de Tuthankamon” (1993), e “Akhenaton e Nefertiti”, (2005),  entre outros clássicos embalados pelo ritmo percussivo da percussão do Olodum, envolto nos mistérios do Antigo Egito.

Em uma rede social, o grupo disse que “zerou o jogo” ao levar a Bahia para o Egito anos depois de ter tornado o país africano um grande sucesso no carnaval baiano. “Zeramos o Game! Eu falei faraó diretamente do Egito, com direito a tambores, cantores e muita alegria. Missão cumprida, nós trouxemos o Egito a Bahia e ao Brasil”, escreveu na publicação.

Samba do Grupo Awurê resgata influência africana

Grupo Awurê exalta e resgata pelo samba a importância da influência africana em nossa cultura (Foto: Divulgação)

Já o Grupo Awurê exalta e resgata pelo samba a importância da influência africana em nossa cultura, a ancestralidade das religiões de matriz africana e a identidade racial de um povo com o objetivo de desmistificar e valorizar a cultura negra e suas práticas religiosas, através da música, cânticos, poesia, gastronomia e dança, alcançando novos horizontes e perspectivas para a visibilidade das mais variadas expressões de cultura popular. O termo AWURÊ faz menção e desejo de boa sorte, bênçãos e prosperidade.

Grupo formado por Fabíola Machado, Arifan Jr., Anderson Quack e Pedro Oliveira resgata a ancestralidade e combate a intolerância com arte. O missturas rítmicas entre as raízes brasileiras e os toques de matrizes africanas presente em nossos cânticos, danças e ritualística. Trás no repertório: AWURÊ” (Teresa Cristina e Raul di Caprio), “FILÓ” (Khrystal / Ricardo Baya), “OYÁ OYÁ” (Arifan Jr./ Cley Santana), “PONTO DA CABOCLA DA MATA” (Luiz Antonio Simas), “POUT-POURRI SAMBA DE RODA” (Fabiola Machado / Arifan Jr. / Cláudio Gamela / Daniel Delavusca), entre outros.

Orquestra Sinfônica Brasileira de graça pela primeira vez na Baixada

Também no domingo, a partir das 16h, a Orquestra Sinfônica Brasileira vai promover um concerto gratuito, a céu aberto, na Praça da Pioneira, em Duque de Caxias. O concerto terá como tema o mês da consciência negra, com obras musicais que estimulam o diálogo com a data e a reflexão sobre a inserção da população negra na sociedade. Esta será a primeira vez que a OSB se apresenta na Baixada.

O programa escolhido para a apresentação tem como objetivo estimular a reflexão sobre a inserção da população negra na sociedade e valorizar a influência do povo de origem africana na formação cultural do Brasil. O concerto começa com a emblemática “Abertura” da ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes. Nome maior da ópera brasileira no Romantismo, o compositor conseguiu sintetizar neste prelúdio operístico diversos elementos melódicos que comparecem ao longo de toda a obra, que tematiza as origens da nacionalidade brasileira. Belamente encadeado e de instrumentação marcante, a abertura, também apelidada de “Protofonia”, contém uma das melodias mais conhecidas do compositor e é considerada uma espécie de segundo hino brasileiro.

Uma outra abertura integra o programa: “Zemira”, de José Mauricio Nunes Garcia. Descendente de pais escravizados e alforriados, ele é reconhecido como o mais importante compositor brasileiro do fim do século XVIII e início do século XIX. “Zemira” é um exemplo notável de sua inspirada imaginação orquestral: com efeitos de trovão, de rajadas de vento e de tempestade, a peça é poderosa e altamente evocativa, mas comporta ainda momentos mais leves, de apaziguamento quase jocoso.

O programa segue com a “Fantasia para Orquestra Sinfônica”, do maestro Anderson Alves. A composição, escrita em 2014 e estreada sob a regência do próprio compositor, reúne diversos temas de sua autoria, tais como aqueles do seu divertimento para trio, da fantasia para viola, clarineta e cordas e também alguns do concertino para percussão e cordas.

De Lorenzo Fernandez será ouvido o famoso “Batuque: Dança de negros”, da suíte sinfônica Reisado do Pastoreio. A exuberante orquestração concebida por Fernandez, consorciada à riqueza de texturas e ao ritmo frenético que caracteriza a peça, garantem ao batuque um vigor fervoroso. A composição, que impressiona ainda pelo seu estilo pronunciadamente modernista, é uma das obras mais conhecidas de Fernandez, e tem sido frequentemente executada desde a sua estreia.

A peça seguinte é uma abertura orquestral de Gilson Santos intitulada “A Revolta dos Malês”. A obra faz referência à maior revolta de escravizados da história do Brasil, que aconteceu em janeiro de 1835. Com grande adesão de africanos muçulmanos, a insurreição acabou fracassando e resultando em dura punição para os envolvidos, mas o evento segue inspirando artistas graças à bravura admirável dos insurgentes.

Fechando o programa, a OSB apresenta o bailado “Maracatu de Chico Rei”, de Francisco Mignone. A composição busca inspiração na lenda de Chico Rei, monarca africano originário do Congo que foi levado para Ouro Preto como um escravizado. Com o suor de seu trabalho, Chico acumula ouro e compra não só a sua alforria, mas também a de seus compatriotas. Os diversos momentos da narrativa são engenhosamente recriados por Mignone ao longo de sua composição, com ênfase no jubilante e veemente final que retrata a cena de libertação.

Projeto Conexões Musicais

O concerto também vai marcar o encerramento das atividades do Conexões Musicais, projeto que ao longo do ano, promoveu ensino e aprimoramento de música a jovens da região. Cerca de 250 alunos de projetos musicais se apresentarão ao lado da orquestra. E a abertura fica por conta do Coral Conexões Musicais, formado por 83 alunos de escolas públicas da região, além de grupos artísticos locais (Grupo de Hip Hop Cypher Kids, Grupo Ojuobá e Grupo de Percussão da Escola de Música Ricardo Boechat). Com o objetivo de valorizar a cultura local, será realizada também uma feira de artesanato tendo como expositores empreendedores de Duque de Caxias.

No dia 20 de novembro, a partir das 16h, a Orquestra Sinfônica Brasileira, um dos grupos sinfônicos mais tradicionais do país, chegará pela primeira vez ao município de Duque de Caxias para a realização de um grande concerto ao ar livre, na Praça da Pioneira – Jardim Primavera. Sob regência do maestro Anderson Alves, os instrumentistas da OSB dividirão o palco com jovens da Baixada Fluminense atendidos pelo Conexões Musicais – projeto de inclusão social por meio da educação musical da orquestra. No repertório, obras que estabelecem um diálogo com o Dia da Consciência Negra, celebrado na ocasião. As apresentações de abertura ficam por conta do Coral Conexões Musicais, formado por 83 alunos de escolas públicas da região, além de grupos artísticos locais (Grupo de Hip Hop Cypher Kids, Grupo Ojuobá e Grupo de Percussão da Escola de Música Ricardo Boechat).

Com o objetivo de valorizar a cultura local, será realizada também uma feira de artesanato tendo como expositores empreendedores de Duque de Caxias. O evento marca o fechamento de mais um ciclo de ações realizadas pela Orquestra Sinfônica Brasileira na Baixada Fluminense ao longo de 2022, por meio do projeto Conexões Musicais.

Ao longo do período, jovens de Duque de Caxias, Paracambi e Japeri atendidos por projetos sociais parceiros da OSB viveram uma intensa experiência junto à orquestra. Receberam aulas e mentoria artística, participaram de workshops, assistiram a diversos concertos, entre outras atividades com o objetivo de aprimorar a técnica instrumental desses alunos e oferecer vivência no universo orquestral. Orquestra Popular Ariano Suassuna, Universo da Música, Instituto Pastor Augustinho Valério e Escola de Música Villa-Lobos são os projetos contemplados.

Outra ação do Conexões Musicais nesses municípios em 2022 foi a criação de classes de canto coral em escolas municipais. Oitenta e três alunos da Escola Municipal Frei Maurício Viann, Escola Municipal Carlos Alberto Pereira dos Santos e Escola Municipal Pedro Lisa, em Japeri; CIEP Jornalista Sandro Moreyra e Escola Municipal Marilândia, em Duque de Caxias; e Escola Municipal Governador Roberto Silveira, em Paracambi, irão se apresentar antes do concerto da OSB e colocar em prática o que aprenderam nos últimos meses. Visando a valorização de talentos locais, grupos de música e dança da região também terão a oportunidade de subir ao palco. Durante o concerto, o Coral Conexões Musicais cantará uma obra junto com a Orquestra, o que promete ser um momento marcante do evento.

Todas as ações fazem parte do Conexões Musicais, projeto de responsabilidade social da Fundação OSB em atuação desde 2017, que já esteve presente em 30 municípios e impactou diretamente mais de 3500 alunos. A iniciativa tem como objetivos principais a valorização da cultura local, a transformação social em territórios de vulnerabilidade socioeconômica e a aproximação do público jovem da música de concerto, levando aprimoramento técnico a estudantes de música atendidos por projetos sociais parceiros. As atividades na Baixada Fluminense contam com o patrocínio da NTS – Nova Transportadora do Sudeste.

Especial em homenagem ao Dia da Consciência Negra

Para marcar o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, o Vivo Play – plataforma de entretenimento da Vivo – preparou um especial com títulos que abordam a temática. A seleção “Consciência Negra” fica disponível de 10 a 30 de novembro com mais de 70 filmes, incluindo a estreia de “A Mulher Rei”, novo filme de Viola Davis que entra na programação dia 20.

Outros destaques são os filmes “Infiltrado na Klan”, “Medida Provisória”, “Eu Não Sou Seu Negro” e “Marighella”, além de diretores como Spike Lee e Jordan Peele. Os títulos estão disponíveis para o dispositivo que o cliente desejar e podem custar entre R$2,90 e R$14,90. Alguns são gratuitos para clientes com pacote Vivo Play Completo ou assinantes de serviços como Prime Video, Looke, Disney+, Paramount+ ou Cindie.

Segunda temporada de “Raízes Black” na #CulturaemCasa

Para celebrar o mês da Consciência Negra, a #CulturaEmCasa anunciou também a segunda temporada de “Raízes Black”. A série chega com mais cinco episódios e faz uma homenagem a cultura negra no Brasil. O primeiro episódio traz o tema do “Samba Paulistano”, seguido de “Sons do Quilombo”, “Rap du Bom”, “Homenagem a Riba Nascimento” e “Raízes do Rap Nacional”. A primeira temporada completa está disponível, aqui.

“Arte na Primavera”, uma realização do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro, ambos em Campos do Jordão, inaugura edição virtual também pela plataforma #CulturaEmCasa a partir de 5 de novembro com o show de Ivan Lins e Jazz Sinfônica. Na sequência, sempre aos finais de semana, seguem os espetáculos da São Paulo Companhia de Dança (12), Paula Lima e SP Big Band (13), Oficina de Dança Contemporânea com o Grupo Corpo (19) e a Roda de Viola com Yassir Chediak (19).

Acesse a programação completa da plataforma aqui ou baixe o aplicativo disponível na  GoogleStore e AppleStore gratuitamente.

Com Assessorias

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