A Região Sudeste, em especial o Rio de Janeiro, está sendo impactada neste final de semana pela chegada de ‘chuvas extremas‘, previstas pelos meteorologistas, por conta da chegada de uma frente fria que derrubou os termômetros de uma hora para outra, depois de vários dias de uma onda de calor extremo. Só no Rio de Janeiro, a sensação térmica chegou a ultrapassar os 60 graus.

Após uma semana de intenso calor, as temperaturas devem ter quedas significativas na região sul e sudeste do Brasil. Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia, a temperatura mínima na região Sul pode chegar a 6ºC e, no Sudeste a queda deve ser em torno de 10ºC em comparação às últimas semanas.

Com a chegada do outono, no último dia 20, as mudanças climáticas já eram esperadas. A principal diferença é que a temporada costuma baixar a umidade relativa do ar, mas nos próximos dias as previsões indicam fortes chuvas.

O calor e o frio já não têm uma hora certa para chegar. Com as mudanças climáticas no mundo, a população se surpreende com a grande variação de temperatura ao longo do ano, algumas vezes, até ao longo do dia. O contraste repentino entre as altas e baixas dos termômetros pode causar diversos danos ao corpo, principalmente em pacientes com doenças crônicas cardíacas e pulmonares.

A variação inesperada de temperatura faz com que o corpo precise manter órgãos vitais funcionando, aumentando o gasto energético deixando-o mais vulnerável. As baixas temperaturas favorecem a disseminação de vírus e bactérias, as pessoas ficam mais confinadas e isso gera um aumento de doenças respiratórias como gripe, rinite, sinusite e pneumonias.

Quando a umidade do ar está baixa, ocorre ressecamento das vias aéreas, favorecendo ainda mais o aparecimento de descompensações respiratórias, principalmente nas crianças e em portadores de doenças pulmonares crônicas.

Nesta temporada, há um aumento entre 30% e 40% no atendimento a pacientes com doenças respiratórias, segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, a mudança brusca de temperatura acende um sinal de alerta para a saúde, principalmente entre as pessoas idosas, que são os mais afetados.

Maior risco de aumento da pressão arterial

Essa alternância súbita entre dias quentes e frios, provoca diversos efeitos no organismo. Clarissa Bercam, pneumologista do Hospital Metropolitano Vale do Aço, explica que alguns problemas de saúde podem surgir num movimento do próprio corpo a fim de se estabilizar.

“Nosso corpo precisa manter o mesmo padrão de temperatura, pressão, hidratação e outros níveis. Dependendo da forma que somos submetidos às mudanças climáticas, o organismo precisa abrir mão de recursos para garantir a temperatura estável e funcionamento do corpo”, destaca a profissional.

Um exemplo disso acontece quando a temperatura muda de quente para frio. “Nesse caso, há maior risco de hipertensão arterial, já que os vasos sanguíneos se comprimem para garantir que o sangue fique dentro do corpo e, com isso, perca menos calor”, completa a especialista.

As variações abruptas de temperatura podem acentuar a necessidade de regulação térmica no corpo, sobrecarregando-o. Isso, combinado às flutuações de temperatura, pode levar à queda de imunidade e causar sintomas respiratórios, especialmente em grupos vulneráveis como crianças, idosos e pacientes com doenças crônicas.

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Cuidados redobrados para manter a saúde dos idosos

Geriatra recomenda evitar locais fechados, manter uma boa dieta alimentar e estar com a carteirinha de vacinação em dia

Idosos devem ter mais cuidado com as mudanças repentinas de temperatura (Foto: Manfred Richter por Pixabay)

O geriatra e gerontólogo Carlos Eduardo Sampaio, do Vera Cruz Hospital, explica que idosos, sobretudo os portadores de doenças crônicas e processos mais adiantados de fragilidade, estão entre os grupos que necessitam de maior atenção, devido ao alto grau de complicações e desfechos negativos dessas patologias.

“O clima frio fica propício para a disseminação dos vírus – transmitidos por gotículas – causadores de infecções que acometem as vias respiratórias superiores, como rinites e sinusites, e as doenças pulmonares, como asma, bronquite, pneumonia e a Covid-19”, detalha.

De acordo com o especialista, o cenário ideal é evitar qualquer risco que possa desenvolver tais doenças. “A prevenção segue como medida de maior impacto positivo, ou seja, ter hábitos de vida saudáveis, como boa alimentação, hidratação, controle de doenças crônicas de base e atividades físicas regulares, mesmo que leves. Tudo isso contribui positivamente para o aumento da imunidade”, diz.

Outros pontos de atenção com idosos incluem evitar aglomerações, manter distância de familiares ou cuidadores com sintomas gripais, garantir a permanência em ambientes arejados, higienizar constantemente as mãos e, caso o clima esteja muito frio, utilizar um aquecedor de ambiente, associado ao uso de umidificador, pois nosso inverno apresenta baixa umidade do ar.

Também é importante garantir a higienização de mantas, cobertores e edredons antes de utilizá-los. O mesmo cuidado se deve ter com roupas mais quentes, que passaram os últimos meses guardados. É o meio adequado de eliminar poeira e microrganismos que podem desencadear quadros alérgicos. Ao frequentar locais rotineiros, como supermercados, bancos e locais similares, procurar usar máscara de proteção.

O médico destaca que a carteirinha de vacinação precisa estar em dia. “As medidas de imunização são mandatórias e têm um impacto altamente positivo. Dessa forma, é essencial manter o calendário vacinal atualizado para Influenza, Covid-19 e pneumonia (vacinas Pneumo 13 e Pneumo 23)”, salienta. As vacinas estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos, auxiliando na imunização. Ou seja, atuam na prevenção e evitam a evolução de quadros mais gaves de uma doença.

“A orientação é para que, em casos de febre persistente, tosse, falta de ar e expectoração, seja procurada a assistência médica, a fim de evitar evoluções desfavoráveis”. aconselha o geriatra.

Frio responde por 30% dos casos de infarto e AVC

Além dos danos às vias aéreas, o frio é o responsável por aumentar as doenças cardiovasculares em 30%. De acordo com a Associação Americana do Coração, os quadros de arritmias, infartos e Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) são os mais comuns no frio.

Segundo Cristina Milagre, cardiologista e médica do esporte do Hcor, em temperaturas mais baixas, ocorre a vasoconstrição (estreitamento do diâmetro das artérias), que pode prejudicar o fluxo sanguíneo adequado de oxigênio ao coração. “Esse desequilíbrio pode levar a quadros de angina do peito e até infarto do miocárdio”, afirma.

Isso acontece porque o coração precisa trabalhar mais para manter a temperatura interna do corpo em equilíbrio. Segundo ela, a pressão arterial tende a ser mais alta no frio por causa da vasoconstrição e isso já acende uma luz de alerta.

“Pessoas portadoras de hipertensão arterial, insuficiência cardíaca (coração fraco e/ou dilatado), angina e aquelas que já sofreram infarto devem ficar ainda mais atentas e fazer o acompanhamento de maneira regular”, completa a Dra. Cristina.

Além disso, qualquer sintoma como dor no peito, formigamento no braço, falta de ar, palpitação e sudorese, o paciente deve ser levado diretamente ao pronto-socorro. Pesquisadores da London School descobriram que, em dias de inverno rigoroso, cada grau a menos de temperatura tem relação direta com 200 casos de infarto a mais.

Para que o corpo não sofra tanto com as mudanças de temperatura, é necessário adotar algumas medidas de proteção, como usar roupas do estilo cebola (roupas em camada) que podem ser retiradas e colocadas facilmente a depender do clima durante o dia.

“Além disso, é sempre importante manter uma rotina saudável, o uso regular das medicações, os exames de rotina em dia, assim como as consultas regulares com o cardiologista responsável”, recomenda a especialista.

Mudança brusca de temperatura pode causar olho seco e irritação ocular

Oftalmologista explica que a oscilação constante entre calor e frio pode se tornar uma armadilha para a saúde dos olhos

A exposição prolongada a altas temperaturas e baixa umidade do ar, aliada à mudança abrupta do clima, pode gerar um ambiente hostil para a superfície ocular, afetando não apenas o conforto visual, mas também a funcionalidade dos olhos. Outro fator que frequentemente passa despercebido também causa impacto negativo: ambientes internos com uso constante de ar-condicionado, principalmente em espaços corporativos. Esse cenário é particularmente notório nas cidades grandes, onde o clima é propício a flutuações climáticas.

Pedro Antonio Nogueira Filho, oftalmologista-chefe do Pronto Socorro do H.Olhos – Hospital de Olhos, explica que a baixa umidade do ar pode levar ao ressecamento das membranas oculares, tornando os olhos mais propensos a microrganismos, germes e até partículas poluentes.

“A exposição prolongada a altas temperaturas e baixa umidade do ar, aliada à mudança abrupta do clima, pode gerar um ambiente hostil para a superfície ocular, afetando não apenas o conforto visual, mas também a funcionalidade dos olhos”, explica o médico.

Outro fator que frequentemente passa despercebido também causa impacto negativo: ambientes internos com uso constante de ar-condicionado, principalmente em espaços corporativos. “Esse cenário é particularmente notório nas cidades grandes, onde o clima é propício a flutuações climáticas”, ressalta.

Sintomas e prevenção do olho seco

Os sintomas mais comuns da síndrome do olho seco são: ardência, lacrimejamento, secura, olhos vermelhos, sensação de areia nos olhos e visão borrada no final do dia. Nos casos mais graves, a doença pode provocar desde dor e dificuldade de abrir os olhos em ambientes com muita luz (fotofobia), até uma baixa significativa da visão.

Assim como o nosso organismo precisa de água para manter a hidratação correta, os olhos têm a mesma necessidade: hidratar os olhos regularmente é uma maneira de prevenir os sintomas de olho seco, especialmente nos meses mais secos do ano.

Fora isso, reduzir o tempo de uso de celulares, tablets e computadores e fazer intervalos regulares durante o uso destas tecnologias também pode prevenir o surgimento dos sintomas do olho seco. A prevenção também é muito importante e deve incluir check-up anual com oftalmologista, para acompanhar a saúde dos olhos.

Atenção redobrada entre quem usa lentes de contato

Pessoas que usam lentes de contato devem redobrar a atenção. O motivo? “Ambientes internos com ar-condicionado e a subsequente transição para o calor externo podem levar a uma evaporação mais rápida do filme lacrimal, resultando em desconforto e ressecamento das lentes. Da mesma forma, ao entrar em locais aquecidos vindo de áreas frias, as lentes podem embaçar momentaneamente, causando incômodo, coceira e irritação”, explica Nogueira Filho.

Para amenizar os problemas, o especialista alerta que os usuários de lentes de contato devem adotar precauções específicas em face das variações climáticas, como hidratação constante, respeito ao tempo de uso e limpeza adequada. Além disso, ao entrar ou sair de locais climatizados, pisque os olhos algumas vezes para ajudar na lubrificação.

Mas quem não usa lentes de contatos também deve ficar atento, já que há chances do surgimento de olho seco, um problema que afeta muitas pessoas, especialmente aquelas que passam longas horas em frente a telas.

4 formas de proteger a saúde

Para evitar problemas associados às variações de temperatura, Clarissa Bercam alerta que é importante manter a imunidade em dia. Os principais aliados, nesse caso, são o sono de qualidade, alimentação saudável e a prática regular de atividades físicas.

1. Alimentação adequada: frutas, verduras, legumes e grãos são boas opções de fibras e proteína. Já os itens de origem animal fornecem, além das proteínas, vitaminas e minerais.

2.   Hidratação: mudanças bruscas de temperatura podem aumentar a perda de líquidos do corpo, e a água é essencial para repor a hidratação e regular a temperatura corporal.

3. Higienização nasal: temperaturas elevadas, baixa umidade do ar e poluição acabam atrapalhando o sistema respiratório. Por isso, o ideal é realizar a higienização nasal com soro fisiológico, além de limpar, o processo facilita a respiração em tempo seco.

4. Acompanhamento médico: mantenha o acompanhamento médico em dia, principalmente quando há a presença de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão

Com Assessorias

 

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