Quantos litros de água são consumidos para produzir as frutas que você come? Antes de pensar na resposta, considere não só a quantidade de água que o fruto carrega no momento em que você o saboreia, mas também em todos os litros que foram necessários durante o cultivo desse alimento. Essa é a reflexão que o Instituto Akatu traz para este Dia Mundial da Água (22 de março), com a proposta de chamar atenção para uma mudança de hábito simples, mas que garante maior economia de água no decorrer do ano todo.

O resultado desta conta vai depender muito do tipo de fruta e das condições em que ela foi produzida. Quando uma fruta é produzida em sua estação, a irrigação geralmente não é necessária. Isso significa algo importante: preferir frutas da estação ajuda a diminuir o impacto hídrico de toda a produção. “Um quilo de manga, por exemplo, pode exigir até 450 litros de água de irrigação para ser cultivada caso seja produzida fora da estação no semiárido do Nordeste”, revela Fábio Miranda, pesquisador da Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Segundo a Agência Nacional das Águas (ANA), foram captados 969 mil litros de água por segundo para a irrigação na produção de alimentos em 2016, o que significa 67,2% de todo o consumo no território nacional. O número representa quase o dobro do consumo do segundo colocado da lista, o abastecimento urbano, que exigiu cerca 488,3 mil litros por segundo no mesmo ano.

Por que consumir frutas da estação

O Instituto Akatu preparou uma lista com outras razões e bons argumentos para tomarmos uma simples atitude de consumo consciente. Veja abaixo por que vale a pena comprar e consumir frutas da estação (de acordo com a região que você vive):

– Quando cultivados fora da estação, frutas, hortaliças e legumes precisam não só de mais água, mas também de mais recursos para o seu crescimento;

– A produção geralmente exige maior uso de insumos como pesticidas e fertilizantes, o que encarece a produção;

– A irrigação é responsável pela maior parte do consumo hídrico nacional, já que uma das principais atividades econômicas do Brasil é a agricultura;

– A manutenção e operação dos sistemas de irrigação exigem uma grande estrutura e tecnologia, além de consumir bastante energia e recursos;

– O esforço para produzir alimentos fora da estação só existe porque há demanda dos consumidores. Isso significa que os gastos de recursos hídricos para a irrigação podem ser amenizados se o consumidor der preferência aos itens produzidos “na época da safra natural” (isto é, no período em que a natureza produz a fruta sem necessidade de uma intervenção tecnológica mais intensa);

– Cada um de nós influencia a forma de consumir dos familiares e dos amigos, de modo que, mesmo sem fazer nenhum esforço, já multiplicamos o impacto das ações de consumo que praticamos;

– Se o consumidor der preferência para as frutas da estação da sua região, além de provocar uma menor demanda por água na produção, ele está automaticamente garantindo um uso menor de combustíveis fósseis no transporte desses produtos até as prateleiras do supermercado;

– As frutas que são transportadas por longas distâncias também consomem energia elétrica para mantê-las refrigeradas. É mais um fator que aumenta o impacto, visto que é preciso refrigerar a carga, além de encarecer o produto final que chega às mãos do consumidor;

– Frutas transportadas por distâncias menores não só ficarão mais baratas, como terão menos chances de sofrer amassamento e deterioração no percurso – o que diminui o seu desperdício e as torna mais atraentes nas prateleiras do supermercado.

– E por fim, ao chegarem mais frescas ao consumidor, essas frutas também estão mais saborosas e nutritivas.

Como identificar as frutas da estação

Em um país com território tão vasto como o Brasil, a estação para produção de cada alimento varia de acordo com a região: mangas, por exemplo, costumam crescer naturalmente no Sudeste entre os meses de outubro e dezembro enquanto, no Nordeste, podem ser colhidas durante o ano inteiro em áreas propícias para o cultivo na região; já os cajus são naturalmente abundantes de agosto a dezembro em estados como Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte; também no Nordeste, a safra do cajá ocorre de março até junho; e no sul do país, a safra dos figos geralmente acontece entre dezembro e abril.

Então, como saber quais são as frutas da estação? Existem muitas listas divulgadas, com informações que algumas vezes são divergentes, já que a “época da safra natural” pode variar de ano para ano em função do clima e de região para região, o que pode confundir o consumidor. A melhor dica então é ficar de olho nos preços e no aumento da oferta do produto. Ambos são indicativos de que a estação do produto chegou.

Fonte: Instituto Akatu

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