Príncipe Philip, que faleceu aos 99 anos e foi enterrado com as honras da monarquia esta semana, formou, ao lado da Rainha Elizabeth II, o casal mais duradouro da Coroa Britânica: foram 73 anos de união. Nesta quarta-feira, dia 21 de abril, a dona da coroa completa 95 anos. A longevidade da Rainha inspira memes divertidos nas redes sociais – com uma pontinha de ‘inveja alheia’ – e tem até grupo de fãs brasileiros no Facebook.

A pergunta é: qual o segredo da longevidade da Família Real? Será que está na água do castelo? Ou será que é uma questão genética e de qualidade de vida? Bem provável que o correto seja a segunda opção. Sim, a genética é um dos principais fatores para uma vida mais longa. E, por mais incrível que pareça, a longevidade de cada pessoa já pode ser estimada por testes genéticos.

O médico Ricardo di Lazzaro Filho, também mestre em Genética e sócio-fundador da Genera – um laboratório brasileiro especializado em genômica pessoal – diz como isso é possível. “A análise de diversos genes já associados à extensão da expectativa de vida humana pode estar relacionada ao processamento de gordura no organismo (metabolismo de lipídeos) até os genes envolvidos em processos inflamatórios”, explica.


Vitamina D: o segredo da longevidade pode estar no sol

O nome é vitamina D, mas, na prática, é um potente hormônio esteroidal, o qual é fundamental para diversos processos vitais no organismo. A dica de sair para tomar umas horinhas de sol diariamente não serve apenas para fortalecer os ossos, como popularmente se diz.  Ela é fundamental para inúmeros aspectos, como a imunidade.

A vitamina D atua em incalculáveis os órgãos e sistemas , na imunidade, por exemplo, ela tem ação de liberar um peptídeo chamado  catelicidinas e beta defensinas, que agem como antibióticos naturais, com ação antibacteriana, antifúngica, antiparasitária e uma potente ação antiviral”, afirma o médico Juliano Burckhardt.

Com especialização em Nutrologia, Cardiologia e Geriatria, ele é um entusiasta da disseminação desses conceitos que evidenciam os benefícios desta substância ao corpo. Segundo Dr Juliano, este hormônio é dividido em Vitamina D2 e D3. Esta última, chamada de colecalciferol, é responsável por mais de 2 mil reações químicas e cerca de 80 funções no organismo, além de regular mais de 10% da expressão genética.

Dentre todas as funções em termos cardiovasculares e cardiometabólicos, ela está relacionada à hipertensão, diabetes, doenças neurológicas, principalmente as degenerativas, como esclerose múltipla e a lateral amiotrófica. Isso sem contar sua importância para os ossos e músculos em todas as idades, principalmente a partir dos 60 anos, quando começa o processo de sarcopenia e osteopenia, a perda de massa muscular e óssea respectivamente”, explica o médico.

A preocupação do especialista é principalmente com os idosos. É que, conforme os anos passam, o organismo tende a produzir menos vitamina D devido à diminuição dos receptores periféricos na pele que captam a luz solar. Além disso ocorre a chamada heliofobia, a aversão ao sol, que faz com que muitos não queiram se expor ao sol, problema que foi agravado nesta pandemia. “Vira um ciclo vicioso, os idosos já tomavam pouco sol e agora com a quarentena tomam menos ainda, além de já terem menos produção da vitamina. Nove em cada 10 dez idosos têm deficiência desta substância”, alerta o médico.

Outro problema são os protetores solares: se por um lado protegem a pele dos raios solares causadores de câncer de pele, por outro, não permitem que a luz penetre nos tecidos para estimular a produção da substância. “O idoso tem de 4 a 5 vezes menos receptores de vitamina D, que ficam na pele e são ativados com raios solares UVB.

“O ideal é tomar sol das 10h às 15h, mas não precisa se queimar no sol, de 15 a 20 minutos com 40% do corpo exposto diariamente já ajuda muito”, aconselha o Burckhardt. Ele não deixa de lembrar a necessidade de passar protetor solar no rosto e usar barreiras como chapéu, boné e roupas com proteção específica.

Quais as fontes? – O médico explica que há dois tipos de vitamina D fornecidos por alimentos: a D2, de fonte vegetal, e D3, fonte animal. Esta última está presente em peixes e ovos; já a primeira é encontrada em castanhas e cogumelos, estes últimos são fungos, na verdade. Entretanto, o médico destaca que a quantidade adquirida pela dieta é pequena e pouco terapêutica. “O óleo de fígado de bacalhau é uma boa fonte, porém, é pouco palatável e nem todos têm acesso. Se for adquirir na alimentação, deveria se comer, por exemplo, 80 postas de salmão selvagem ao dia ou 230 ovos, o que é inviável”, destaca.

Mulheres no Brasil vivem 7 anos mais que os homens

Seja como chefe de família, diretora em uma grande empresa, mãe em tempo integral ou assumindo múltiplas funções ou até reinando para seus súditos – como a Rainha Elizabeth -, as mulheres mostram que estão cada vez mais à frente do seu tempo. E no Brasil não é diferente. Aqui elas vivem cerca de 7 anos a mais.

A expectativa de vida do brasileiro aumentou de 76,3 anos para 76,6 de acordo com os últimos dados do IBGE. Entre as mulheres, a taxa foi maior: de 79,9 para 80,1 anos para as mulheres. Já para os homens, o aumento foi de 72,8 anos para 73,1 anos. Vários fatores estão relacionados a este aumento, como a condição sócio-econômica, acesso à saúde, saneamento básico, educação, etc.

Por que as mulheres cuidam mais da saúde?

Para o cardiologista Augusto Vilela, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, alguns fatores explicam esta diferença.

As mulheres têm uma tendência maior a cuidar da saúde, estão mais atentas aos sinais do corpo e por se cuidarem mais. Por isso, as ações preventivas naturalmente impactam na expectativa de vida delas. A grande maioria dos homens busca por ajuda médica somente quando apresenta algum sintoma de que a saúde não vai bem”, afirma.

Segundo ele, as próprias campanhas de prevenção e combate a determinadas doenças são mais voltadas para as mulheres justamente por elas terem este cuidado maior. “Mas este é um comportamento cultural que precisa ser mudado, pois a saúde é um bem precioso na vida de todos, seja homem ou mulher”, completa.

Consultas periódicas, exames regulares e alimentação saudável deveriam fazer parte da vida de todas as pessoas, mas a rotina agitada e a falta de tempo fazem com que estes cuidados não sejam prioridade, ficando sempre para segundo plano. “Muitas doenças que acometem os homens, como a hipertensão, poderiam ter um diagnóstico precoce se o cuidado com a saúde fosse mais intensificado. A prevenção de uma doença como esta é feita através de exames regulares e a eficácia no tratamento está diretamente relacionada ao diagnóstico precoce”, alerta o médico.

Cuidar da saúde desde cedo é o segredo para ter uma velhice com qualidade e disposição. “Manter bons hábitos de vida, está relacionado aos cuidados com a alimentação, prática de atividades físicas e acompanhamento médico de tempos em tempos. Tanto os homens quanto as mulheres precisam cuidar da saúde de maneira geral, sem esquecer dos cuidados específicos para a saúde feminina e masculina”, afirma Dr Augusto Vilela.

Portanto, ir ao médico e realizar exames periódicos é parte fundamental nos cuidados com a saúde do paciente. “A expectativa de vida de uma pessoa está diretamente relacionada com seus hábitos e cuidar da saúde é um dos pilares da uma vida longeva”, finaliza.

Com Assessorias

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!
Shares:

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *