Qual é a cor da sua pele? A pergunta é inspirada no livro ‘A Cor de Coraline’, de Alexandre Rampazo. Déborah, de 4 anos, mostra o giz de cera marrom e diz que corresponde à sua cor.  Um painel apresenta várias fotos das próprias crianças da sala e o tom de pele que escolheram para si mesmas.

Com ajuda da Literatura, por intermédio de brincadeiras, contação de histórias e outras atividades, crianças constroem sua identidade de raça na creche municipal Natércia Rosa, que atende 65 crianças no bairro do Paiol, em Nilópolis, na Baixada Fluminense.

A atividade é inspirada no livro ‘Chico Juba’, que Gustavo Gaivota escreveu e Rubem Filho ilustrou.  ‘O Pequeno Príncipe Negro’, escrito pelo ator, dramaturgo, cientista social e ex-BBB Rodrigo França, também é usado como inspiração pelas pedagogas. Rampazo, Gaivota, França e outros autores que abordam a temática da cultura negra e da valorização da negritude, estão no dia a dia dos alunos da creche.

Até os bebês já foram estimulados a brincar com borras de café, para se identificarem com sua própria cor. Laura, 4 anos, sentou-se num banquinho para fazer tranças com lãs cor de rosa. Em outra banca da altura das crianças, outros amiguinhos da sala de aula misturavam diferentes tipos de xampus para cabelos liso, cacheado, crespo e etc.

Os profissionais de educação buscam mostrar que não existe um tom de pele, mas vários, e que as crianças devem perceber o outro como ele é. Ali, a maioria dos alunos e funcionários é negra. Adilene Santos, diretora do espaço, conta que a filha estudou na creche e, agora numa escola particular, comentou que se sentia muito mais livre ali para ser como queria.

“Somos uma creche, semeamos ações dentro da vida deles. Questionamos o racismo e também outras questões. Procuramos fazer com que essas crianças, que têm de seis meses a 3 anos, se percebam tão lindas e eficientes quanto qualquer outra”, afirmou.

Na creche Natércia Rosa, os alunos retornaram às aulas em outubro, por causa da pandemia. E permanecem no local das 8h às 16h, fazendo várias refeições na unidade escolar. Durante a pandemia, as equipes criaram conteúdo para ser divulgado pela ferramenta Educa Nilópolis.

Vídeo ‘Black, Black, Black’ foi gravado na pandemia

Na Natércia Rosa, as pedagogas passaram aos pais e responsáveis poemas, histórias e outras atividades que pudessem servir para as pessoas em casa e no trabalho se enxergarem num espelho. Gravaram, por exemplo, o vídeo ‘Black, Black, Black’, que trata do respeito à cor. O audiovisual foi produzido, gravado e editado pela equipe.

O trabalho não acontece somente na semana que antecede o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro. “Nossa ação começou em 2017, com a criação do Afroencantamento”, explicou a pedagoga Denise Cruz, integrante da equipe de Educação Infantil Ubuntu, responsável pelo projeto Afroamor e Afroamar-se na rede municipal de ensino da Prefeitura de Nilópolis.

O projeto surgiu a partir da história de uma menina negra de uma das creches que não quis interpretar uma princesa na estória, que respondeu ao colega que a convidou que não haviam princesas negras. Denise Cruz acompanha esse trabalho com o coletivo formado também por Denize Araújo, Fabrícia Damasceno e Roberta Guimarães.

Da Assessoria da Prefeitura de Nilópolis, com Redação

 

 

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