A intimidade, o afeto e o bem-estar do casal são mais importantes do que o ato sexual em si, para trazer a ideia de prazer às mulheres. É o que revela mais uma pesquisa sobre a sexualidade feminina, divulgada recentemente.
Para 46,76% das entrevistadas na pesquisa “O prazer sexual“, da Miess Sexo Shop, a intimidade com o parceiro é o fator que mais define a ideia de prazer sexual. Já 28% apontam que se sentir satisfeita após o ato sexual é que as faz sentir prazer.
Quando questionadas sobre atos sexuais que trazem prazer, preliminares, se sentir desejada e o sexo oral foram os ítens mais citados com, 40%, 24% e 14% respectivamente. Ou seja, a satisfação sexual das mulheres está diretamente ligada com carícias e preliminares.
Foram entrevistadas mais de 400 mulheres espalhadas pelo Brasil entre 18 e 65 anos, independentemente de gênero, raça e/ou orientação sexual. O objetivo foi entender que atitudes estão ligadas a sensação de prazer sexual.
A pesquisa vai ao encontro dos resultados de outra pesquisa divulgada em março pela Hibou. A pesquisa Prazer Feminino, que ouviu mais de 2030 mulheres brasileiras, mostrou que na hora do “amor”, o cuidado e o carinho estão no topo da lista: elas priorizam o afeto durante a prática sexual. Carinho e preliminares (55%) e o carinho tendo maior importância que o sexo em si (47%) estão entre as prioridades.
E, enquanto 36% preferem quando o parceiro “pega de jeito” ou “agarra com força”; 26% tomam a rédea da situação e, quando querem, assumem que quem agarra com força são elas mesmas. Um terço delas (31%) adora quando ouve obscenidades na hora H.
E mesmo tendo a cumplicidade como terceiro elemento, o humor define o momento do sexo. Apenas 12% das mulheres afirmam que gostam de homens vorazes e ativos, ou seja, o Christian Grey aqui ficou um pouco de lado e a vida sexual não se resume aos 50 tons de Cinza.
Para 24%, sexo já foi considerado pecado
Em pleno ano de 2023, ainda é tabu para muitas mulheres a conversa sobre a sexualidade feminina e como elas lidam com seu próprio prazer. Orgasmos, masturbação, usos de brinquedos ou acessórios, além de sexo no primeiro encontro e inseguranças foram assuntos tratados na pesquisa “Prazer Feminino”.
O estudo da Hibou aponta que o tema ainda requer atenção e ainda há muito o que se falar sobre. Para 24% das mulheres entrevistadas, em algum momento da vida o sexo já foi considerado pecado. Essa mudança de opinião veio com o ganho de maturidade e estudos sobre o tema. Na pesquisa, as mulheres mostram suas vontades, desejos e intimidades, destacando que ainda há muito o que conversar sobre o tema.
“Percebemos que a sociedade ainda tem grande poder quanto à sexualidade feminina. Muitas mulheres colocam seus parceiros à frente dos seus próprios interesses sexuais e buscam agradar ao outro. Mesmo com esse viés já observa-se um movimento onde elas estão se abrindo mais às novas experiências e se conhecendo melhor, ainda com uma preocupação sobre o que é dito por aí”, observa Ligia Mello, coordenadora da pesquisa e sócia da Hibou.
3 em cada 10 mulheres não estão satisfeitas
Rotina e mesmice consomem o desejo sexual, apontam mulheres. 63% das mulheres gostariam de ter uma frequência maior de relações sexuais
Dentre as entrevistadas, 64% estão em algum relacionamento, seja um casamento ou namoro e 97% já iniciou a vida sexual, que apresenta satisfação em alta para 7 em cada 10. Os motivos são o parceiro (a), seja em relação ao amor (74%) ou à performance na cama (21%); embora 10% assumam que resolvem suas questões sexuais consigo mesmas e está ótimo.
Da parcela das 30% que não está feliz, grande parte delas culpa a rotina diária (43%), horários e disposição (32%). Além disso, a frequência das relações sexuais e a realização de fantasias são insatisfatórias para 41% e 5% delas, respectivamente.
A frequência da prática sexual é em média semanal para 51% das mulheres, ou seja, elas transam com seus parceiros até quatro vezes em um mês. Para ¼ delas, a prática sobe para uma média de 5 a 9 vezes durante o mês.
63% das mulheres gostariam de ter uma frequência maior de relações sexuais e entre estas 51% acredita que o cotidiano consome o tempo do casal, sendo o principal motivo por estarem transando menos do que gostariam.
Além disso, 24% alegam terem perdido interesse em levar uma vida sexualmente ativa e 13% afirmam que os problemas no relacionamento têm influência nas relações sexuais. 64% iniciaram a vida sexual entre 15 e 19 anos.
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79% das mulheres já fingiram orgasmo
Entre todas, 35% alegam que tiveram seu primeiro orgasmo quando tinham entre 15 e 19 anos. Ainda sobre o tema, 42% das entrevistadas afirmam que costumam ter dificuldade de atingir um orgasmo e 79% já fingiram terem atingido o ápice do prazer.
As justificativas para isso estão entre terminar logo o ato (53%); agradar o parceiro (30%); evitar explicações (17%); evitar constrangimentos (15%) e preferiram não responder (8%). 2% das entrevistadas assumem que nunca viveram essa experiência.
“Para alcançar o orgasmo é preciso um estado de atenção plena. É preciso ter consciência corporal para entender cada nuance de um corpo. Com isso, as preliminares ajudam a mulher a conhecer locais mais erógenos e que lhes causam uma sensação maior de prazer e desejo. Ao identificar estes pontos, o tripé da respiração, som e movimento auxiliam à chegada do ápice”, aponta a sexóloga Erika Mahya.
Medo de engravidar é maior do que o de pegar doenças
Na cama, o medo de engravidar (24%), contrair doenças (23%) ou não ter um orgasmo (13%) estão atrás da insegurança de que o parceiro perca o tesão nelas (29%).
Isso se agrava quando as mulheres assumem a responsabilidade em si mesmas para atender a quesitos e serem julgadas pelos os parceiros como “ruins de cama” (17%); gordas (15%) ou feias (13%).
O tabu da menstruação durante o sexo também amedronta a 4%, assim como se expressar e serem vistas como vagabundas atinge a 2%.
7 a cada 10 mulheres praticam masturbação
Sete entre 10 mulheres ouvidas na pesquisa da Hibou (71%) afirmam que se masturbam com frequência a fim de conhecer o próprio corpo. Elas dizem que colhem os benefícios da prática, como o autoconhecimento, alívio de estresse e tensões, prevenção de infecções, entre outros pontos positivos apresentados por médicos e ginecologistas.
Para aquelas 71% que já se masturbaram, atingir o orgasmo é mais fácil, tanto que 96% afirmam terem experienciado orgasmos por meio da masturbação. 57% afirmam que já usaram um vibrador ou outro acessório. Contudo, 19,7% das entrevistadas diminuíram a masturbação assim que se fixaram com um parceiro.
Embora seja uma prática saudável, dentre as 29% que não praticam, 62% não se sentem à vontade; 9% acham errado e 7% não sentem prazer. A masturbação não é uma ação para se envergonhar e é indicada por médicos, 42% consideram uma prática natural; 21% a analisam como um método de autoconhecimento sexual.
Já 12% veem como um modo de atingir o prazer quando estão sem parceiros; 6% veem como uma modalidade de sexo como outra. Já 11% não pensaram a respeito e 2% a avaliam como prática pela qual se envergonham.
Sextoys em alta: 74% já usaram brinquedos ou acessórios
Fora do “basicão”, 36% concordam que os sextoys – brinquedo ou acessório sexual – podem ser úteis na cama mesmo quando estão acompanhadas. Incrementar a relação com um sextoy – brinquedo ou acessório sexual – faz parte da fantasia, rotina ou de descobertas na cama e já foram usados por 73% das mulheres.
Independente de serem usados com ou sem companhia, os brinquedinhos sexuais são usados quando há um parceiro (34%); 8% apenas experimentam sozinhas e para 58% a companhia e os acessórios independem, pois o importante é ter prazer.
Dentre elas, 52% experimentaram um acessório por curiosidade; 41% com objetivo de ter prazer; e 30% para se conhecerem melhor. Além disso, 10% afirmam que usaram por fetiche.
A experiência com acessórios e brinquedos devem seguir a regra do conforto da relação. O TOP 5 é formado por lubrificantes (60%); géis (46%); vibradores (36%); massageadores (18%) e vendas para os olhos (15%).
Metade já foi pra cama no primeiro encontro
Embora a transa no primeiro encontro tenha sido um tabu e ainda tema de debates com viés machista, 51% das mulheres afirmaram já terem ido para a cama no primeiro encontro, ao menos, uma vez. Mas 30% foram categóricas em afirmar que não transariam no primeiro encontro.
Deixar o mistério acontecer, não parecer uma mulher fácil ou se guardar para o parceiro já foram imposições, mas 26% confirmam que já transaram no primeiro date várias vezes; 15%, apenas uma vez; 10% fizeram e se arrependeram; 15% estão abertas à possibilidade.
A experiência com outra mulher já aconteceu para algumas delas, sendo que 20% afirmam já terem beijado outra na boca e 9% terem feito sexo, sendo que apenas 3% afirmam que experimentar sexo com outra mulher foi uma experiência deliciosa.
Pesquisas sobre sexo em evidência
Sexo é um assunto que interessa bastante e está, cada vez mais, em evidência. Existem pesquisas que revelam o gosto e o desejo sexual de homens e mulheres, espalhadas pelos quatro cantos do globo terrestre. Pesquisadores tentam entender o papel desta ação na vida dos indivíduos, independente de gênero ou orientação sexual.
O Journal of Sex Medicine, por exemplo, é um dos importantes institutos que tentam direcionar o comportamento sexual das pessoas por meio de pesquisas. São mais de 300 publicações mostrando essa relação. Já aqui no Brasil, empresas também tentam estudar o tema para entender a relação do indivíduo brasileiro com uma vida sexual saudável e prazerosa.
Confira a pesquisa completa: Prazer sexual