A Proteção Animal Mundial, organização não-governamental que trabalha em prol do bem-estar animal, aproveita a Semana Mundial do Meio Ambiente para alertar sobre a importância da proteção dos habitats naturais para a vida dos animais silvestres – e também como uma maneira eficaz para resguardar a saúde dos seres humanos.
Como a relação entre o bem-estar animal e a saúde humana pode não ser tão óbvia para muita gente, a organização divulga o relatório “Por que o comércio global de animais selvagens precisa acabar?”. A publicação , aprofundada o tema específico incluído no documento lançado em maio, durante a realização de encontro do G20, chamado “Protegendo nosso mundo de futuras pandemias”, que, entre outros tópicos, expôs falhas nas legislações dos países membros em relação ao comércio de animais silvestres.
A nova publicação mostra como o que se entende mais popularmente por comércio de animais silvestres, a venda de uma cobra, lagarto ou ave, por exemplo, como animal exótico de estimação é, na verdade, somente uma parte do problema.
Primeiro, as negociações de animais silvestres de forma legalizada (a partir de criadouros) e ilegal (tráfico) guardam entre si uma frequente e nociva relação. Além disso, a nomenclatura de comércio de animais silvestres engloba também a destinação para alimento (tal como a carne de tartaruga ou jacaré, ou mesmo ovos de aves), para fins supostamente medicinais ou para a fabricação de itens de vestuário ou moda em geral.
Outro viés comum é a exploração dos animais no turismo (como para tirar selfies) e no entretenimento (a exemplo de shows aquáticos). Ainda outra dimensão, a da caça, aparece de forma isolada ou transversal relacionada a às demais formas de comércio da vida silvestre.
De qualquer maneira, o ponto de partida é sempre a visão integrada de que a saúde humana, da fauna e da flora é algo indissociável e simultâneo, e não pode ser alcançada se qualquer dos pilares deste tripé estiver comprometido, o que constitui o conceito de Saúde Única (One Health). A ideia não é nova, mas vem sendo cada vez mais difundida e incorporada em políticas públicas em todo o planeta, incluindo ações da Organização das Nações Unidas dentro dos esforços para se evitar futuras pandemias.
Origem animal das epidemias
Isso não acontece por acaso. Estudos científicos apontam que mais de 75% de todas as doenças infecciosas novas e emergentes das últimas décadas têm origem animal. Destas, 70% podem ter fonte especificamente em animais silvestres. Sars, Ebola, Mers são exemplos de doenças de origem zoonótica, assim como muito provavelmente é a Covid-19.
Um dos motivos que facilita o contato humano com novos patógenos é, justamente, o desmatamento e a degradação ambiental. A atual perda de biodiversidade aproxima a população ainda mais dos agentes que estão nesses ambientes, que passam a ficar expostos, e dos animais selvagens que estavam em habitats antes preservados.
Acreditamos na Saúde Única. Afinal, a saúde e o bem-estar humano depende do animal e do meio ambiente. Por isso, é imprescindível ter consciência em relação à preservação do planeta e manutenção de florestas. Reduzir o consumo de carne de caça, respeito à biodiversidade, de manter os ambientes intactos e a fauna com essa riqueza e abundância; e acreditar que é possível um ambiente onde todas as espécies possam prosperar”, explica João Almeida, gerente de vida silvestre da Proteção Animal Mundial.
Escoteiros do Brasil
Entre diversas frentes e parcerias para coibir o comércio de animais silvestres, a Proteção Animal Mundial atua em conjunto com os Escoteiros do Brasil. A organização não-governamental tem como objetivo engajar e conscientizar jovens para promover uma mobilização nacional em torno do tema.
Em comemoração ao Dia do Meio Ambiente, os Escoteiros do Brasil lançam a especialidade Proteção de Animais Silvestres. O desafio para os membros envolve o cumprimento de diversos itens ou tarefas para obter a insígnia da modalidade. O primeiro nível é obtido ao cumprir 4 itens; o segundo, 8 itens; o nível máximo vem com o cumprimento de todos os 12 itens da lista da especialidade. As tarefas incluem desde descobrir, aprofundar e difundir conhecimentos sobre a vida silvestre até promover uma campanha de conscientização na comunidade.
Projeto Mucky luta para salvar primatas
Localizado em Itu (SP), o Projeto Mucky já salvou a vida de mais de 2 mil primatas brasileiros, vítimas de maus tratos, atropelamentos, queimadas ou apreendidos do comércio de animais. A instituição, que em breve completará 36 anos, é referência nacional sendo a única especializada na recuperação e cuidados dos macacos utilizando uma metodologia holística e singular.
Mas, desde o início da pandemia, o projeto tem enfrentado uma enorme crise com a queda de 40% das doações. Além disso, as arrecadações relativas à Nota Fiscal Paulista também caíram em função do fechamento de muitos estabelecimentos comerciais.
O projeto possui custos mensais bastante significativos que giram em torno de R$ 65 mil com os cuidados dos primatas que chegam desnutridos, cegos ou com diversas lesões graves, pede socorro. O valor da vaquinha é para pagar dívidas feitas desde o início da pandemia e para que o projeto continue salvando esses animais.
São cuidados médicos veterinários, exames sofisticados, cirurgias, além de terapias diversas como: hidroterapia, acupuntura, fisioterapia, terapia de florais, cromoterapia, musicoterapia, cujos resultados são, na maioria das vezes, bastante rápidos e extremamente satisfatórios.
Hoje, mais de 27 pessoas cuidam diariamente (24h) de uma média de 230 macacos de várias espécies diferentes, para que tenham uma vida digna. Para vocês terem uma ideia, são oferecidas de 3 a 5 refeições diárias, preparadas especificamente para cada espécie.
Por falta de recursos específicos, a instituição também tem enfrentado dificuldades para reinserir os primatas recuperados em seu habitat natural, já que a ação envolve pesquisas nas possíveis áreas de reintegração e uma equipe multidisciplinar para monitoramento dos grupos. Acesse o link e colabore.
Com Assessorias